23.2.08

O Rádio

E na roda da vida rara,
Aquela que não pára,
Lembrei de umas ondas
Que varam os céus em busca de ouvidos atentos...


Naquele tempo que as coisas eram mais tranquilas,
Que a correria era algo exclusivo das crianças,
As pessoas se reuniam em volta da caixa mágica
De onde saiam os sons de lugares distantes...

Onde estariam aqueles que emitiam aqueles sons? - perguntariam intrigados aqueles ouvintes.
O pensamento ia longe, usava cordas para outros mundos,
Onde seres mágicos lutavam por um mundo melhor,
Na pureza da imaginação infantil.

Aqueles sons abriam as mentes (tem que ser deixadas abertas),
Invocavam os sonhos,
Traziam as fadas
E as cores do arco-íris...

Resolvi rever como andava a tal onda...
Procurei seus sons e achei divertido...
Tudo muito diferente,
Mas ainda bem alegre, com certeza.

E como diria aquele que espera setembro
Com seus sons vindos das Minas:
"Nossa programação se encerra agora,
Mas de teimosa, volta amanhã!"

Mago Merlin... cansado do silêncio, passou a ouvir o rádio... aquele que continua sempre aqui!

17.2.08

O Parque

Dessa vez fui a cidade para visitar o passado,
Descartar o que não era mais útil,
Guardar boas lembranças
E entregar as coisas que foram importantes, para que sejam importantes para outros...


Na volta pra montanha, o sol brilhou e a lua, no céu, é só um grande sorriso (o tal do gato da Alice...).
Nem sinal de chuva, mas o parque ainda estava fechado e as pessoas tristes...
Lá, só a baiana que vende água de coco (uma "tia" muito querida)
Do lado de fora, onde poucos pararam pra conversar (ela é muito simpática!).

Disseram que, na chuva, árvores caíram e havia muita lama
Levada pra lá, daqueles outros lugares,
De forma provisória...
"Depois a gente arruma isso", disseram os que ajudaram.

O que sei é que a notícia espalhou muito rápido...
Sim, o parque reabrira de repente e prá lá todos correram,
Para ver o que sobrara,
Para brincar nos espaços já limpos.

Passei por lá no fim da tarde
Para ver os sorrisos, enfim, de volta.
As crianças que brincam
E os casais que namoram.

Falta pouco...
Em poucos dias tudo volta ao normal.
Pois a primeira estação vai acabar em breve
E, junto com ela, o silêncio também.

Mago Merlin... muito animado com as boas realizações... deseja muita luz para a Fada San que faz aniversário... aquele que sempre estará aqui!

10.2.08

Primeira Estação

Observando o movimento dos dias,
O calor, o frio (às vezes a neve), a chuva e os pássaros,
Alguém resolveu dar nome e data às estações
E cada lugar do planeta tem uma forma de identificá-las.


Por aqui, agora, estamos no meio do verão.
Estação que chove (mas na montanha sempre chove porque a Lua chora... já falei disso),
Que eventualmente faz calor (na montanha sempre tem frio em algum momento),
Que neste ano fiquei observando de forma diferente.

É a estação do silêncio na montanha.
Em outros anos, este silêncio era algo abafado por outros barulhos
Vindo de outros que chegavam
Num eventual recomeço.

Neste ano não vi a chegada dos outros mais novos,
Então o que vi (ou ouvi, ou não...?) foi o silêncio mesmo
Que começa em meados de dezembro,
Interrompido pelas festas de Natal e Ano Novo.

No correr de janeiro ele fica mais intenso.
Hoje, então, depois da tempestade (outra é vista se formando ao longe),
As ruas estão vazias porque o parque fechou
E as pessoas voltaram tristes para suas casas.

Claro que não é assim o tempo todo.
Encontrei a Fada dos Olhos com uma bruxinha amiga,
Para jogarmos conversa fora
Naquele lugar que a Lua gostava de ir.

Lá, ainda, encontramos a Fada da Luz e seu curinga-mago consorte
E, durante algumas ótimas horas, matamos a saudade
De outros tempos quando nos víamos mais amiúde
E fazíamos feitiços juntos.

Enfim, assim é o verão aqui.
Estação do silêncio.
Que venha o outono com seus ruídos,
Pois o silêncio já foi o suficiente.

Mago Merlin... recebeu um arco-íris de presente de Alice... encontrou a Lua (mesmo em nova, mas contará isso depois)... aquele que sempre estará aqui.

4.2.08

Tempestade

Confesso que a cena é bonita de se ver...
O céu repleto de nuvens e assim anoiteceu...
Em dado momento, toda a luz mortal desapareceu
Surgindo, no céu, a luz imortal em raios e trovões.


A seguir, a chuva anunciada
Cria lentes pequeninas, por cima do vidro das janelas,
De onde vejo coisas só possíveis à luz do dia
Que nem a luz da Lua consegue iluminar...


Fico assim um tempo até o sono chegar.
Apago as velas que me lembram os tempos de criança,
Mas não há o cheiro do querosene do lampião nem, tampouco, do chocolate da vovó...
Só o silêncio do momento que ficamos no centro da tempestade...

Quando o gigante construiu as três montanhas,
Sua idéia era enchê-las de flores e pequenos animais (para o seu ponto de vista).
Mal sabia ele que surgiriam homens que tirariam as flores
E plantariam casas.

Mal sabiam os homens que as flores deveriam ficar,
Pois elas segurariam as águas
Que hoje buscam de volta
A beleza da criação...

Mago Merlin... meio isolado do mundo exterior... com certeza está aqui, como sempre!