25.12.08

A última despedida

Antes de partir, uma última noite na montanha...
As meninas já foram, protegidas pelo dragão,
Pois os yetis ajudarão a levar as coisas...


- Preciso ficar ou posso ir também? - perguntou o baixinho que guarda a fronteira transparente.
- Pode ir... sua missão aqui está encerrada – respondeu o Mago - mas proteja o caminho das tempestades que andam por lá. A viagem será longa. Um gnomo terminará o encanto aqui. Hoje eu mesmo defenderei a fronteira.


No silêncio do dia de Natal, o Mago recebe um último presente, vindo da Fada dos Olhos, que conta uma história...

“ E agora sim!
Esta foi a última da grande série de despedidas que a Fada dos Olhos e o Mago Merlin fizeram.
O sábio Mago fez tudo como convinha... guardando as notícias da mudança, apresentando-as lentamente, em seqüência lógica, como quem sobe os degraus de uma grande escada.
Ele sabia que a amizade era forte e que não dava pra dizer adeus e ir embora...
Mas agora ele vai...
Da serra, onde fica a montanha, para um planalto, um tanto mais pra baixo no mapa.
E nesse planalto terá um Castelo inteiro para cuidar.
Muito trabalho, muitos encantos a fazer, muita gente pra conhecer, muita coisa pra mudar...
Essa nova terra parece ser mágica também.
Nela as fadas e magos passaram muito tempo observando a natureza e subverteram a ordem do Mago dos Magos, o maior de todos, que diz que há hora para plantar e hora para colher. Com uma magia poderosa, eles conseguiram fazer com que toda hora fosse hora de plantar e de colher e, por causa dessa magia, as terras do Castelo tem um cheiro permanente de maçãs.
O olhar do Mago Merlin era de expectativa, apostando nessa nova vida.
Como excelente alquimista, sabe que não é só uma questão de apenas fazer as misturas com os ingredientes corretos.
Ele sabe que terá que aguardar um pouco (ou muito) para aprender a mágica deste novo lugar e que, por enquanto, em sua vida, ele estará no momento do plantio; mas sabe também que a colheita ocorrerá no seu tempo e que o tempo agora é um aliado, pois ele está trilhando o caminho escolhido.
Então querido Mago, vai aí um grande desejo e talvez um feitiço, desta humilde fada.
- Que você siga pelos caminhos olorosos do Castelo, que encante as pessoas daquele planalto tal como fez aqui pela serra e que consiga neste novo destino encontrar a felicidade!
Um até breve, sem prazo de validade!
Fada dos Olhos"

Mago Merlin... aquele sempre estará aqui!

20.12.08

Pelo singelo direito de sonhar...

Remexendo coisas guardadas com carinho,
Encontrei uma carta, recebida há muitos anos,
De alguém muito querido,
Que contava uma história mais ou menos assim...

Num momento encantado uma magia aconteceu:
Mãos se tocaram e, num segundo,
Ela tocou o meu coração
E lá encontrou o dela...

Dois corações, duas almas...
Um Mago e uma Fada
Unidos por uma obra do acaso,
Num momento único que jamais será esquecido...

Agora, muito pertinho do Natal, na estação do silêncio,
Quase na hora de mais uma longa jornada,
Transcrevo aqui um dos mais lindos textos que ela escreveu...

"Pelo singelo direito de sonhar...

Um dia me disseram que contos de fadas não existiam. Então, eu que sempre fui turrona não acreditei e disse a todas as minhas amigas que eu mesma era uma fada e, mais do que isto, que todas as noites, ao adormecer, eu ia até a Lua, virava na Rua Regina, lá me abastecia de poderes encantados, encontrava as outras fadas e voltava para Terra, antes do sol nascer.

No meu país encantado existiam também bruxas (mas todas do bem), gnomos, anjos, magos... Havia espaço para todos os seres encantados e, se você quisesse, diria na hora para você qual destes seres você era (todos nós, ao dormirmos, nos transformávamos em seres mágicos). Se fosse uma fada, deveria comer margaridas, porque este era o alimento sagrado das fadas, só eu que não precisava, porque comia lá na Lua.

Até que em uma manhã chuvosa eu acordei e percebi que naquela noite não havia visitado a Lua. Senti-me muito triste: por que será que não fui para a Terra das Fadas esta noite?! Contei os minutos durante todo o dia, ansiosa, esperando a noite cair, para descobrir o que havia acontecido. Qual não foi a minha surpresa quando, no dia seguinte, vi que também não havia ido para a Lua naquela noite. Anos mais tarde fui descobrir que, na noite anterior, havia perdido a minha licença para ser Fada e, com isto, o caminho para a Terra das Fadas havia sido interditado pra mim... Jamais poderia voltar à Lua.

Minha licença foi caçada no momento em que disse para minha amiguinha que Papai Noel não existia. E naquele dia eu não entendi, mas violei a maior lei do Universo... a do encantamento. Não sei se vocês sabem, mas além da lei da gravidade, daquela que dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço, tem também a do encantamento. São poucas as pessoas que conhecem, mas ela existe sim... diz sobre acreditar naquilo que não vemos e é bem semelhante com o que os adultos, letrados, chamam de fé... Mas ela é mais do que isto, é a matéria que compõe os sonhos, que dá cor a vida e que traça o caminho para a Terra das Fadas. Violar esta lei é crime grave, ainda mais neste caso, em que eu estava retirando o direito de fantasiar daquela pessoinha. A punição para isto é a prisão perpétua no País do Ceticismo... o mesmo lugar aonde havia sido acorrentado aquele um que me disse que contos de fadas não eram reais. Ceticismo que, na tentativa de desvendar os mistérios do mundo, não te permite ver/sentir tais mistérios, porque cega os nossos verdadeiros olhos, os do coração. Não te permite imaginar o inimaginável e, assim, tenta varrer a fantasia da sua vida e tudo fica meio cinza e morno... E toda a memória da infância encantada vai sendo esquecida, pois quanto a isto o Universo é cruel, assim que você fecha as portas para o mundo da fantasia ele também vai se fechando para você...

Sorte que, 20 anos mais tarde, consegui encontrar uma brechinha na porta da Terra da Fantasia, porque sempre que você experimenta algo que você só consegue compreender pelas (sem) razões do coração, como o amor genuíno, uma fada sorri lá na Lua e abre uma pequena brecha pra você, que com sorte, pode avistá-la aqui da terra e agarrar-se a ela... Para que isto aconteça só é preciso andar distraído, garanto...

Ainda sonho em visitar a Rua Regina, principalmente nesta época do ano, em que sinto ainda mais saudades dos encantos... mas meus pés continuam acorrentados, impedindo - me de voar mais alto... Talvez seja por isto que hoje carrego uma fada tatuada na minha cintura... Pelo singelo direito de sonhar.

E se hoje, quase véspera de Natal, você me perguntar se acredito em Papai Noel, a minha resposta seria, claro que sim!!"

Mago Merlin... homenageando a amiga que, assim como ele, sempre esteve aqui!

13.12.08

O Último Baile

Ao final de 3 dias de celebração,
Onde, vestindo suas túnicas pretas com galões esverdeados,
Magos realizaram o feitiço final
E os pequenos aprendizes de olhinhos brilhantes partiram para o encontro de seu destino...

No castelo de cristal, montado justo naquele parque,
Enfeitado e iluminado para brilhar na noite chuvosa,
Aprendizes, magos, fadas e convidados
Festejaram o final de mais uma jornada.

O último baile que ele veria todos juntos...


A Bela, que um dia iluminou as trevas,
Esbanjava alegria e beleza,
Assim como Polinésia, o Anjo, a Oradora, a aprendiz que veio das Minas
E aquela Bruxinha favorita de Vênus...

O Mago não poderia deixar de participar,
Assim como a querida Fada dos Olhos e o Mago da Luz...
Dançaram, brincaram, se divertiram
E sentiram saudades, elogiando o passado.

Os antigos estiveram por lá
E o Mago, mais uma vez,
Reviveu o sonho que o fez tão feliz...
É chegado o momento de seguir em frente, pois este sonho acabou...

Em dado momento, ele se viu envolto em lembranças
E tudo passou na sua mente:
- Por que o tempo não parou?
A resposta não veio e ele preferiu sumir pelo armário...

O dia amanheceu frio...
O silêncio começa na montanha,
Pois terminou a terceira estação
E agora é a hora de ir embora...

Mago Merlin... no carinho deixado em um afago nos cabelos de seus queridos, ele deixou o seu adeus... aquele que sempre estará aqui!

12.12.08

O choro da Lua

Chove...
Gotas finas e lentas...
A Lua chora mais uma vez, 
Quando deveria mostrar sua luz, em porcelana e prata.

Seria bonito ver seu brilho
Iluminando aquela construção...
Imaginemos: um belo castelo
Todo feito de cristal (e por que não?).

Aquele antigo palácio, 
Das antigas festas e de outros bons momentos,
Este ano não pode ser usado
E o Anjo e seus amigos criaram, então, o belo lugar!

Mas falarei disto depois, pois para o feitiço final ainda falta um dia...

Agora, só despedidas:
Da terceira estação,
Dos eternos e queridos amigos,
Da velha montanha...

O Mago, aquele que sempre estará aqui, segue em direção ao sul,
Perto do lugar onde um dia foi encontrar Papai Noel,
Seguindo o clamor de seu coração
E o pedido de uma outra fada encantada (dessa falarei depois também).

Alguns elfos virão ajudar...
Assim como os yetis e a Bruxa da Faxina...
Ainda vai encontrar a professora e a amiga da Bahia
Ainda vai encontrar muita gente...

Pena que a Lua só chora...
Dificilmente seria de outra forma...
Mas a lembrança do brilho dos olhinhos dos pequenos aprendizes
Iluminará o caminho...

Mago Merlin... aquele que sempre estará aqui.

6.12.08

A História do Dragão

Houve um tempo, em outra dimensão,
Que os dragões eram poderosos
E dominavam os homens,
Comandados por feiticeiros do mal...


Um desses dragões recebeu uma missão:
Derrotar um cavaleiro errante,
Que procurava sua princesa
No interior de uma caverna, onde ela era cativa.


Antes de encontrar o cavaleiro,
Ele viu a menina que aproximou-se sem medo...
Deu-lhe um “olá” e acariciou sua testa,
Além de oferecer-lhe um chá.


Uma lágrima ameaçou cair dos olhos do dragão
Que foi embora sem cumprir sua missão.
Afinal, como poderia magoar a doce menina,
Depois de tão gentil acolhida?


O cavaleiro, então, encontrou sua princesa
E, juntos, comandaram uma batalha contra os feiticeiros...

De tão irados que ficaram,
Baniram o dragão para outro mundo...


Ele surgiu num parque de diversões (como aquele que falei outro dia)
E antes que causasse muito espanto,
Viu um armário e por ele entrou,
Vindo parar no País dos Sonhos Verdes...


- Então aqui ele virou jardineiro, Mago? - perguntou a Dri.

A cena era bem interessante:
Os yetis jogavam cartas e as meninas brincavam no lago da cachoeira, enquanto observavam o dragão cuidando das rosas...


- Não é bem assim – respondeu o Mago, afagando sua cabeça – Ele cuida da rosa azul e ainda enfrenta cavaleiros errantes (o menino foi um deles); mas ele é dócil e, um dia desses, pode leva-las para voar.
- A mana tá chamando... me leva no colo?

E o Mago, com muito cuidado, coloca a menina nos braços e a leva até as demais.

“- Xau, Mago!”

Um jato d'água transformou-se em nuvem e desapareceu, a seguir, levandos os yetis e as meninas... Qualquer hora elas voltam... afinal, elas nunca aconteceram...

Mago Merlin... a terceira estação terminará em alguns dias... aquele que continuará sempre aqui!