28.9.10

Faithfully 2

Num delirio febril, Ana pedia para voltar.
A seu lado, Priti colocava compressas em sua fronte,
Para auxiliar o medicamento já aplicado,
Enquanto Adrielle olhava sem entender.

- Logo ela estará boa, Adrielle. Crianças ficam doentes às vezes. – consolava Sid.

Num momento imaginário, ela a encontrou.
Sentaram num campo iluminado pela lua,
Como se procurassem o sol da meia noite
E conversaram durante um tempo.

Será que agora finalmente a ficha caiu?
Será que você entendeu que há muito tempo
Só tem sido você e ele?
Já se perguntou o quanto você fica perdida sem ele?


Ela olhou para a menina e sorriu.
Estava feliz, por outro lado assustada,
Pois seria um sentimento muito novo
E, apesar de muito bom, também parecia assustador.

As imagens ficaram distorcidas
E uma velha e conhecida voz
Ecoou em sua mente
Como num outro sonho mais distante ainda.

- Oi Beatriz!

Ela abriu os olhos, olhou nos dele,
Viu seu meigo sorriso na sua direção,
Aproveitou o afago que recebeu,
Enquanto uma lágrima rolou em seu rosto...

- Só você me chama assim...

Aceitou, então, um prato de um bom caldo curativo,
Tomado às colheradas, dadas de bom grado pelo Mago,
Que surgira lá naquele lugar que nunca aconteceu,
Assim que soube do pequeno problema.

- Estive com ela!
- Sim, pequena, eu sei. Você foi ótima. Agora descanse que isso tudo já passa.
- Mas e você?
- Eu sempre estarei aqui!


“Oh girl, you stand by me
I'm forever yours, faithfully”

Mago Merlin... aquele que sempre esteve aqui!

27.9.10

Música de Brinquedo

Alguma interrogação sobrou depois de tudo,
Principalmente pelos eventos subsequentes.
Ana ficara exausta e totalmente sem energia
O que preocupou muito Adrielle.

- Meninas! Vocês precisam voltar. Sid virá buscá-las.

Algumas horas depois, descendo num raio sem trovão,
O jovem valente surgiu, no meio da casa,
Quase derrubando, de susto, o Guri que observava,
Distraido, um pequeno roedor com uma boina na cabeça.

Ana, cabisbaixa, foi até o Mago e o abraçou.
A seguir foi a vez de Adrielle que entregou-lhe um presente:
Uma caixinha com um patinho desenhado na tampa
De onde vários brinquedinhos emitiam diversos sons.

- É pra você se divertir ouvindo! – elas disseram em uníssono.

Tudo pronto, partiram no mesmo raio que trouxe Sid;
O Guri, por sua vez, foi atrás do roedor,
Para saber de seus desejos e sonhos
E, talvez, escrever alguma coisa a respeito num outro dia.

Sozinho, então, ele ficou.
Consultou a penseira, revisitando aqueles momentos,
Procurando erros, talvez mentiras e outros interesses,
Onde, efetivamente, nada disso era para existir.

Evitou concluir e preferiu descansar.
O silêncio na casa foi perfeito para isso
Sem contar que não havia outra opção,
Já que deverá observar e aguardar até eles voltarem.

Abriu, então, a "caixa-patinho",
Deixou seus sons invadirem a casa
E, naquele dia nublado, ele teve o brilho do sol,
Já que, lá fora, até fazia frio.

E assim ele sorriu...

Mago Merlin... aquele que sempre esteve aqui!

25.9.10

Pink

- Não quero um pio sequer dentro da casa e nem do lado de fora!

Determinada, a pequena Ana reuniu os demais
E dividiu as tarefas de cada um;
Narrador e Guri: sorvete, bombons e demais agrados;
Dragão, yetis e Guardião: espantar os lobos.

Cada pedacinho da casa foi cuidadosamente preparado,
Para que tudo saisse perfeito, como assim ela planejara
Desde aquele dia, há pouco mais de um ano,
Quando tudo se quebrara num momento de profunda desilusão.

Todos em suas funções, Ana não desgrudara dele um só instante.
Invisível, sua presença era sentida, mas não percebida,
Desde o momento que ele descansara à tarde
Até a hora de leva-la de volta à sua casa.

Pink com toques suaves em púrpura,
Naquela brilhante sombra do olhar;
Uma trança para enfeitar e uma delicada pantufa
Completaram a suavidade da ocasião.

Palavras não foram medidas, gestos não foram pensados;
Falaram de suas coisas, trocaram alguns pensamentos,
Contaram várias histórias, riram, se divertiram
E se alguem tentasse melhorar provavelmente até atrapalharia.

Hora de ir...
Adrielle e as fadas da primavera ofereceram a lua
Que brilhava no meio das nuvens, iluminando o caminho,
Enquanto todos à volta sorriam...

- Não falei que ela mudou?

Mago Merlin... aquele que sempre esteve aqui.

20.9.10

What It Feels Like for a Girl

Faltando pouco mais de dois dias
Para o início da Primavera,
Sol e chuva foram alternados
Garantindo, assim, as belas flores prometidas.

- Ana, você parece doente!
- Nada, Adrielle. Só cansada.
- Por que não pediu ajuda para enfrentar a bruxa?
- Você estava ocupada deixando a flor no inverno.


Recuperados dos espirros do Dragão,
Os yetis levaram pó de prata até a lua
Que assim se apresentará cheia
Quase no mesmo momento que a nova estação.

- Nossa! Preciso me arrumar mesmo. Estou horrível!
- Nem, Ana! Você está a mesma de sempre!
- Ah, Guri! Você não entende
nada né?
- Como assim não entendo?


Narrador e Guri, também recuperados, voltaram aos seus escritos,
Pois o trabalho aumentará muito nos próximos dias,
Já que outras inspirações surgirão nestes novos tempos,
Onde tudo parece mais bonito e mais iluminado.

- Você tem idéia de como se sente uma menina?
Acha que é fácil arrumar cabelo, roupa e tudo o mais?
Para os meninos é moleza, qualquer coisa tá bom;
Pensa que lá sua amiga é bonita daquele jeito à toa?


O último a se recuperar foi o Mago:
Graças à intervenção de Ana
O objetivo da bruxa limitou-se a uma pequena contusão
Que foi resolvida com algumas poções e repouso.

- Podemos parecer frágeis, mas não mostramos nossa força,
Melhor agir do que ficar falando mais da conta.
- Você me convenceu, Ana.
- Agora você ficou vermelho, Guri! – ela riu.


Ele sentiu a sua falta, mas se virou bem
E resolveu seus problemas como sempre,
Já que isto não foi uma opção,
Mas realmente ele achou que ela não surgiria mais.

- Ei! Vocês vão se arrumar para mais uma daquelas visitinhas?
- Não, Guri! Por enquanto ela está se comportando direito.
- Só uma porque da outra nem se tem notícia.
- Mas pelo menos você nunca mais ficou irritada! – ele concluiu.


E a brisa da Primavera já bate à janela;
Que ela preencha os corações de cores fortes
Como fortes são os sons que vem da alma
Preenchendo o vazio que um dia existiu.

Mago Merlin... aquele que sempre esteve aqui!

13.9.10

Faithfully

Neste ano, ao contrário do anterior,
O movimento das fadinhas está muito mais intenso
E o tempo seco, associado à presença de muitas nuvens,
Deixa uma névoa de pólen, estática, por todo lugar.

"Você a perdeu uma vez porque foi precipitado e ingênuo;
Mesmo assim ela voltou porque não suportou sua ausência."

Os yetis resistem com tranquilidade ao problema,
Mas o Dragão, que também cuida de um jardim e da rosa,
Já não tem a mesma sorte e seus espirros causam,
Digamos, pequenos inconvenientes aos peludos seres.

"Não antes de vários encantos desfeitos e refeitos
Nos jardins da falsidade onde algumas flores são daninhas."

As meninas, assim como os yetis, não são afetadas,
Pois também participam do movimento das fadinhas;
O mesmo não podemos dizer do Guri e do Narrador
Que desfilam pela casa com narizes vermelhos e lenços de papel.

"Quando ela pensara te ter nas mãos, mais uma vez,
Você deu a volta, fez valer sua razão e ela aquietou-se."

Chazinhos de ervas medicinais, com um toque de limão,
Voavam para todo lado e até os chamuscados yetis
Ajudaram na distribuição das xícaras e canecas,
Dependendo do gosto de cada um.

"Então ela assumiu a saudade, deixou o orgulho de lado,
Pediu desculpas e mudou seu modo de agir."

- “Tó” Mago... seu chá!
- Obrigado, Beatriz.
- Só você me chama assim...


“E estar separado não é fácil
Nesse relacionamento de vocês.
Dois estranhos que aprenderam
A se apaixonar de novo,
Tendo a alegria de redescobrir um ao outro...
E se vocês ficarem lado a lado
Serão sempre um do outro
Faithfully...”

Mago Merlin... sem maiores comentários... aquele que sempre esteve aqui!

11.9.10

Arco e Flecha

Apesar de estar em nova há três dias,
O (K)Clown conseguiu iluminar um pequeno feixe de lua,
Como se fora um arco, armado com uma flecha,
E também uma pequena estrelinha, como se fora os dedos de um arqueiro.

- Esta história é sobre Cupido, Narrador? – perguntou o Guri.
- Calma e escute até o fim.


Durante a semana, Adrielle e Ana dividiram o dia:
Nublado, de manhã, e ensolarado, à tarde.
À noite, nessa fase, as estrelas surgem mais brilhantes,
Misturando sua luz à das fadas da primavesa.

A elfo limpou o jardim, onde mudas de rosa ainda existem,
Auxiliando o trabalho das pequeninas elementais
Que lidam diariamente no meio da terra
No preparo da estação das flores.

Um movimento diferente e risonho era observado
Na antiga confeitaria, nos fundos da casa, que virara galpão,
Onde diversos tubos de encanamento foram acumulados
Desde os tempos lá da montanha.

- O que você pensa em fazer com isso, Ana?
- Uma última tentativa, já que todo o restante falhou.
- Mas você desfez aquele encanto e não tem mais jeito.
- Foi necessário, Adrielle, ele precisava e pediu.


Com a ajuda de uma fada confeiteira que passava por ali na hora,
“Fios de ovos” viraram aramida que foi fixada no arco da lua.
O Guardião baixinho utilizou seus conhecimentos de ferreiro
Para transformar os canos numa fina flechinha brilhante.

- Falta a pena. Adrielle, você guardou alguma daqueles quero-queros nervosinhos?
- Quando eles atacaram o Mago, uma voou e eu guardei de lembrança.
- Ótimo! Vai servir com certeza! – concluiu Ana.
- Quem vai atirar? – perguntou o Guardião.
- Como se você não soubesse! – o uníssono fechou o assunto.


Pontaria certeira, faltava ainda que ele descobrisse
Que nesse dia não surgiriam desculpas...
E assim o coelhinho douradinho foi convocado
Para concluir todo o encantamento.

- Viu, Guri. A história não era do Cupido.
- Mas o que aconteceu depois?
- Isso eu conto num outro dia...


Mago Merlin... aquele que sempre esteve aqui!

8.9.10

Over the Rainbow

Na volta pra casa, o assunto era um só:
Como foi bom o passeio!
Elogios aos simpáticos guias, que se tornaram bons amigos,
E às maravilhosas paisagens que foram admiradas por todos.

Algumas coisas só foram vistas pelo Dragão:
Por motivos óbvios, ele dividiu o espaço aéreo com os gaviões
E, juntos, conseguiram ir a lugares, onde nem os guias
Imaginaram estar em algum momento.

O Boneco de Neve compareceu à despedida
E, com ele, o quati, um pica pau, dois enormes cães,
Uma curucaca, que fez um voo rasante com o Dragão,
Vários nervosos quero-queros e até uma gralha azul.

Exaustos, Adrielle, Guri e Narrador
Cochilaram no banco traseiro do coche
E somente Ana permaneceu atenta
Aos movimentos e pensamentos do Mago.

Do lado de fora, o Dragão e os yetis das meninas
Guardaram o caminho, mesmo que isso não fosse necessário,
Já que Ana providenciara uma volta ensolarada
De céu azul sem qualquer nuvem para incomodar.

Em dado momento, a menina interrompeu o silencio:

- Ela mudou, você viu?
- Sou obrigado a concordar com você.
- Ah! Finalmente! – ela riu.
- Mas tem um dedinho seu nisso né? – ele riu também.


“E em algum lugar, além do arco-iris,
Pássaros azuis voam, bem acima do topo das chaminés
E os sonhos que ousamos sonhar,
Realmente se tornarão realidade.”

Mago Merlin... mais uma vez ele foi e voltou... mas continuou por aqui, como sempre!

5.9.10

No Caminho do Boneco de Neve

- Mas vamos pra onde? – eles perguntaram, no uníssono tradicional.
- Como se vocês não soubessem! – ele respondeu.


Roupas de todos os tipos foram separadas:
Casacos, gorros, meias de lã, para o caso de muito frio;
Bermudas, camisetas e sandálias, para o caso de muito calor;
Todos prontos, esperando o itinerário.

Há dois dias, então, veio a novidade:
Lembram-se do boneco de neve?
Ele apareceu e foi aquela festa, pois agora já fazia calor no monte
E suas férias na Bahia já tinham terminado.

Adrielle resolveu ir na frente com o boneco e seu yeti,
Para deixar o clima prontinho para os visitantes.
Ana foi com o Mago, o Dragão levou o Narrador e o Guri,
Só restando na casa, o fiel Guardião da Fronteira Transparente.

Bem que Adrielle tentou: junto com o boneco de neve,
Só conseguiram um frio algo polar,
Mas a neve não caiu, até porque ela estava bem contentinha
E o mau tempo só vem quando ela está bem irritadinha.

De qualquer forma, passeios e mais passeios,
Proporcionados pelos guias locais,
Afastaram qualquer irritação ou descontentamento,
Até porque o céu azul, cortesia de Ana, emoldurou a paisagem.

O boneco de neve apresentou seus irmãos,
Espalhados pela cidade, e até seu tio gordo
Que fica logo na entrada, todo sorridente,
Saudando os novos visitantes.

E mais dois dias os esperam:
Outros lugares, novas aventuras
E a renovação da energia eterna
Do amor em seus corações.

Mago Merlin... encontrando os passos dos ETs... está lá, mas continua por aqui.