30.1.11

Palavras certas?

Aulas próximas a começar,
Malas e mochilas quase prontas,
A petizada mais ou menos animada...
Enfim... acabaram as férias.

Muito foi dito, muito foi escrito,
Muito foi sentido também:
Músicas, cores, sabores roubados,
Flores, sol e tempestades.

“Palavras... ao vento...”

Das palavras ditas, somente uma parte,
Pode-se dizer, que foram certas.
Aquela mais importante foi trocada
Por outra que não refletiu os sentimentos verdadeiros.

“Que o nosso amor pra sempre viva
Minha dádiva”

Falar de amor é muito difícil,
Pois não tem explicação...
É uma coisa que somente acontece
Independente da nossa vontade.

“Ando por aí querendo te encontrar
Em cada esquina paro em cada olhar”

E ela preferiu a solidão,
Enquanto ele preferiu andar por ai.
De comum, a mesma dor invade os dois,
Pois ambos perderam tudo.

“Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar...”

Foi bonito, lindo mesmo,
Aquilo que os uniu.
Ele foi sincero; ela teve medo
E recuou no momento de decisão.

“Quero poder jurar que essa paixão jamais será
Palavras apenas, palavras pequenas, momentos...”

Injusto? Com quem?
Será que somente um coração ficou partido?
Qual dor agora é maior? A da perda?
Quem perdeu mais?

E agora, mais uma vez, só restou o silêncio...

- Quem cantava ai com vocês, Beatriz?
- Como se você não soubesse...

Mago Merlin... aquele que sempre esteve aqui!

26.1.11

Good Luck

Tudo nessa vida tem alguma razão de ser.
Acredito que não ficou claro que Melinda é um ser único,
Nascida como um ser das trevas, ela ganhou o dom da lua azul
E se tornou única, como nenhuma outra de sua espécie.

Ana pediu sua ajuda, numa missão muito delicada:
Criar uma aura de tranquilidade e muita paz,
Para que algumas decisões pudessem ser tomadas
Durante um curto período de exposição.

O sofrimento que ele passava,
Ao ver e não poder tocar,
Já estava passando dos limites da sanidade
E isso tinha que acabar.

- Ana, só tem um problema, pequenina!
- O que Melinda?
- Isso vai causar uma dor horrível depois.
- Eu sei... ele também sabe...

A doce vampira, então, fechou seus olhos,
Balbuciou algumas palavras ininteligíveis,
Abriu novamente e deixou mostrar seu brilho prateado
E um lindo jardim ensolarado foi o palco de tudo.

Havia uma natural névoa, que poderia criar um arco-iris
E ele foi muito educado e até bem gentil,
Pois não poderia ser de outra forma,
Já que toda essa atmosfera criada por Melinda também tinha muito amor.

Conseguiu manter isso tudo por mais de três horas,
Quando somente restou um adeus,
Uma enorme exaustão
E uma dor indescritível.

Correram até o Mago e o abraçaram.
Lá já estavam Adrielle e o Guri
Que tudo acompanharam à distância
E, agora, compartilhavam o pranto...

E um longo silêncio eternizou o momento...

“That's it
There's no way
It's over, good luck

I've nothing left to say
It's only words
And what l feel
Won’t change”

Mago Merlin… aquele que sempre esteve aqui!

24.1.11

Melodias Aleatórias

- Oi! Tudo bom?

Uma série de músicas foi escolhida,
De forma totalmente aleatória,
Para preencher algumas noites muito frias,
Onde havia muita saudade e solidão.

- Desculpe os trovões, mas foi uma forma de disfarçar minha chegada.

Durante dois anos (e ainda assim continua),
As suaves melodias preencheram vários espaços
E acompanharam os momentos de dúvida,
De paixão e também de desilusão.

- Vim trazer o bilhete, conforme disse que faria.

Às vezes ele as escuta de novo.
Entram por seus ouvidos como se fossem perfumes doces,
Que trazem de volta aquilo que nunca foi esquecido
E que ainda causam inúmeras emoções.

- Preferi não confiar no albatroz, como da outra vez.

Tristes canções de amor, histórias não resolvidas,
Corações despedaçados, lágrimas que correm,
Eventualmente algumas alegrias,
Mas essas são as mais raras.

- Enfim... aqui está! Faça o que desejar com ele.

Hora de dormir... mais um dia se vai.
Momento de sonhar mais um pouco,
Lembrando-se das coisas boas,
Aquelas que ainda não aconteceram.

- Ah! Um último detalhe! Escreva pra ele... ele vai gostar!

Outro trovão... cai a chuva fina...

- Onde você foi, Beatriz?
- Como se você não soubesse...

Mago Merlin...aquele que sempre esteve aqui!

22.1.11

Amei-te por te amar

Dessa vez olhei para o horizonte,
Na beira do mar, como da outra vez,
Mas preferi somente observar
O pouco de céu azul que assim lá apareceu.

O dia chuvoso estava bem quente
E o vento não trouxe o frio;
Nem mesmo quando a água chegou aos meus pés
Trazendo as energias do oceano escurecido.

Já não penso tanto no seu sorriso
E muito menos nos doces caminhos que trilhei,
Para encontrar seu coração e tocá-lo com candura,
Pois acabei descobrindo que ele era totalmente impenetrável.

Oferto, então, aquelas palavras
Do antigo pensador Fernando,
Que um dia amou só por amar,
Quem sabe... assim como eu.

“[...]E hoje pergunto em mim
Quem foi que amei, beijei
Com quem perdi o fim
Aos sonhos que sonhei...
Procuro-te e nem vejo
O meu próprio desejo...

Que foi real em nós?
Que houve em nós de sonho?
De que Nós fomos de que voz
O duplo eco risonho
Que unidade tivemos?
O que foi que perdemos?

[...]Como houve em nós amor
E deixou de o haver?
Sei que hoje é vaga dor
O que era então prazer...
Mas não sei que passou
Por nós e acordou...

Amamo-nos deveras?
Amamo-nos ainda?
Se penso vejo que eras
A mesma que és... E finda
Tudo o que foi o amor;
Assim quase sem dor.

[...]O que mudou e onde?
O que é que em nós se esconde?
Talvez sintas como eu
E não saibas senti-o...
Ser é ser nosso véu
Amar é encobri-o,
Hoje que te deixei
É que sei que te amei...

[...]Que importa? Se o que foi
Entre nós foi amor,
Se por te amar me dói
Já não te amar, e a dor
Tem um íntimo sentido,
Nada será perdido...”

- Veja Mago! Outra garrafa com um bilhete!
Ele sorriu, mais uma vez...
- O que deseja fazer com o bilhete, Adrielle?
- Pode deixar que, dessa vez, eu mesma entrego.
- Faça isso, então, Beatriz!
- Só você me chama assim...

Mago Merlin... ode a Fernando Pessoa... novamente na beira do mar, mas continuando por aqui como sempre!

21.1.11

Bem mais que o tempo

Seria uma festinha de aniversário infantil comum:
Do tema nós já falamos, muitas bolas coloridas,
Bolo de chocolate, brigadeiro e pão de mel (cortesia das abelhinhas),
Brincadeiras e muita música também.

A animação musical ficou por conta de uma turma da pesada:
Burro Falante cantando, Pinóquio na bateria,
Boneco de Biscoito no piano, Gato de Botas na guitarra,
Fazendo cover daquela banda lá das Minas... tudo muito natural!

“Bem mais que o tempo
Que nós perdemos
Ficou prá trás
Também o que nos juntou...”

Dos convidados, inúmeras fadas, princesas e bichinhos,
Para a alegria das aniversariantes, é claro,
As gêmeas de Priti e Sid,Isabela e Carolina,
Que completavam três anos!

“Ainda lembro
Que eu estava lendo
Só prá saber
O que você achou
Dos versos que eu fiz
Ainda espero
Resposta...”

Término de festa, convidados exaustos,
Alguns algo inebriados (mas não estavam dirigindo),
E algumas coisas foram combinadas
Para que, na sequência, tudo fique certinho.

“Você está vendo
O que está acontecendo
Nesse caderno
Sei que ainda estão...
Os versos seus
Tão meus que peço
Nos versos meus
Tão seus que esperem
Que os aceite...

Melinda ajudará Priti com as gêmeas
E o Guri irá ensiná-las a escrever;
Ana e Adrielle irão depois
Quando as aulas recomeçarem.

Deborah também se despediu:
O tempo entre as luas terminou,
Aquário chegou com muita água
E ela deve seguir seu rumo.

“Em paz eu digo que eu sou
O antigo do que vai adiante
Sem mais eu fico onde estou
Prefiro continuar distante...”

- Meninas... aprontem as mochilas! Vamos ver o mar!

Mago Merlin... a caminho do mar... aquele que sempre esteve aqui! !

19.1.11

Sonhos e Despedidas

A primeira a chegar foi a Fada Madrinha…

- Guri! Traga Melinda! – ela determinou.

Muito nervosa, pois o perigo mora na lua cheia,
Aproximou-se da velha fada, ainda carecendo se arrumar,
E perguntou do que se tratava,
Já que nunca tinha falado com uma fada de verdade.

- Menina... em que mundo você mora? Nunca ouviu falar da Cinderela e de tantas outras? Vim resolver seu maior sonho, para que você participe da festa!

Num toque de sua varinha de estrelinha na ponta,
Um belo vestido preto, para manter seu estilo,
Substituiu as roupas de usar em casa,
Complementado com bela presilha prateada no cabelo.

- Obrigada, Fada Madrinha! Nem precisava se incomodar.
- Mas isso não é tudo! De agora em diante, os lobos nunca mais te incomodarão e você seguirá sua vida sem precisar ter medo da lua cheia. Você agora está invisível para eles.

Ela correu para fora da casa...
Procurou pela lua, ainda escondida pela chuva (ela chora),
Agradeceu a grande benção, abraçou o Guri
Que, por sua vez, ficou meio enrubescido.

- Tenho que dar uma saidinha, tá? – piscou para o Guri – Mas eu volto. Fui!

Como chegou, ela sumiu.
Ana e Adrielle, que tudo observaram,
Voltaram a seus afazeres, pois o tempo é curto,
Já que a festa acontecerá em dois dias.

Fui encontrado(Narrador) conversando com Deborah.
O sorriso de Adrielle desmoronou,
Pois o menino fora embora
E preferiu não se despedir (seria maior o sofrimento).

Pulamos isso? É melhor...

Sonhos, despedidas, alegrias, tristezas...
Lua Cheia... a primeira do ano...
Tudo muda, nada será igual
E novas decisões serão tomadas...

Na despedida dessa narrativa, ficam trechos de um soneto,
Com um toque pessoal entre parênteses,
Pois cada um escreve para cada um
E nem sempre as palavras são assim... tão exatas...

“Te peço desculpas por estar indo embora
Assim tão de repente, sem sequer avisar (mas acho que você já sabia).
É que meu coração cansou, e não é de agora
Vem de muito sofrer...

Sei bem querida que te jurei amor eterno
E prometi por nada no mundo te abandonar
Mas de repente o meu céu (quase) tornou-se inferno
Por minha vida te dar e mais nada ganhar

[...] Somente cansei desse seu desprezar

E este é tanto o motivo de meu desalento
E mesmo te amando, aqui neste momento
Estou indo embora pra (talvez) não mais voltar”

Narrador, citando André Moraes... o Mago saiu com o Dragão, na direção da lua... mas ele continuará por aqui, como sempre!

18.1.11

Festa de Ursinho

Com a aproximação do aniversário das gêmeas,
Três anos depois que a lua esteve na sétima casa
E Júpiter ficou alinhado com Marte,
Naquele dia que a paz guiou os planetas e...

- Pera, Narrador! As gêmeas ainda não nasceram e...
- Veja bem, Guri, lá é o lugar que nunca aconteceu... o tempo lá é diferente.

A movimentação ficou intensa
E cada um providenciou uma coisa.
A decoração do Ursinho Pooh, com muitos girassóis também,
Logo mostrou que várias abelhinhas seriam convocadas.

O amarelo e o vermelho viraram regra;
Fitas, potes para mel, colheres fusiformes de madeira,
Desenhos de ursinhos, ursinhos de verdade,
Uma verdadeira confusão!

O gnomo também foi convocado,
Para dar um jeito no jardim,
Pois o mato estava muito alto
E as flores ficavam muito escondidas.

Apesar do clima de festa,
Ana estava muito preocupada.
- O que você tem? – perguntou o Guri.
- Acho que ele vai novamente pedir minha ajuda...

Em silêncio ela se dirigiu ao criado mudo
E pegou um pequeno púcaro, decorado com porcelana fria,
Que ela nunca mostrara pra ninguém
E onde guardava algumas coisas relevadas.

A forma que ela o protegera da desilusão
Fora evitar que ele notasse aquilo que seria indesejado.
Tudo bem guardadinho, na caixinha delicada,
Mas que poderia ser quebrada se assim ele pedisse.

Guardou tudo de novo e voltou ao trabalho,
Quando Deborah a interrompeu:
- Bia... calma!
- O tempo se esgota... e agora?

A poderosa irmã mais velha,
Acariciou os cabelos de Beatriz,
Beijou seu rosto e finalmente concluiu:
- Ele perdeu o medo, só falta ela perder também!

Mago Merlin... aquele que sempre esteve aqui!

16.1.11

O gato, a cantoria e o fato

Na preparação para a lua cheia, o gato trouxera uma mensagem:
“- Vão receber cantoria, alguns virão só poesia,
Outros, nem tanto, só alegria, arrumem os girassóis,
Comecem dando nós, façam a tal da festa!”

- O que ele quer dizer, Mago?
- Que a lua virou poetiza e atriz... espere que tem mais, Beatriz!

“- Preparem arroz com feijão,
Pois essa gente terá muita fome,
Assim como diz aquela canção,
Tudo de grão em grão, pena que logo some!”

- Hum... Guri, acho que, a caminho, estão o Mario, o Fenando e a Clarice!
- Prepare espaço para o André e, quem sabe, o Vinícius, Narrador, mas isso ele não disse!

“- Para Ana o mar manda recado,
Já que não esqueceu daquele dia,
Onde ela estava a seu lado,
Apesar de que isso ninguém via.”

- .... – ela enrubesceu.
- Você cantou na praia e, ele, as estrelinhas te deu.

“- Para os demais, que venha a sorte,
Talvez apareça um realejo, ai no seu vilarejo,
Espantando a tristeza, a dor e os ditos da morte,
Realizando, de uma vez só, todo seu desejo.”

- ... – dessa vez foi Melinda que os olhos arregalou.
- Veja, menina, foi a lua quem falou!

“- Pra encerrar essa apresentação,
Pois é hora de pular fora,
Deixo, do anjo, outra canção,
E agora vou-me embora!”

- E pra quem canta agora, gato?
- Ué? Como você não sabe? Aqui só existe um fato!

“Metade de mim
Agora é assim
De um lado a poesia, o verbo, a saudade
Do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim
E o fim é belo incerto... depende de como você vê
O novo, o credo, a fé que você deposita em você e só
Só enquanto eu respirar
Vou me lembrar de você
Só enquanto eu respirar” (TM)

O gato abriu uma gargalhada,
Uma luz o iluminou, de tamanho ele aumentou,
Ainda deu tempo de dar uma olhada,
Pois num clown se transformou.

E ele saiu por ai...

- Faltam cinco dias, né Mago!
- Sim... e ela sabe disso, Beatriz.
- Só você me chama assim...

Mago Merlin... ouvindo aquele Teatro... mas continuando por aqui, isso é fato! !

14.1.11

Time

A chuva deu uma trégua por essas bandas…
Ninguém sequer sugeriu que Adrielle tivesse alguma coisa a ver
Com as tempestades nas três montanhas,
Pois fazer o mal não faz parte das suas habilidades.

Desde ontem, as estrelas e o gato de Alice,
Já são vistos no céu, assim como, hoje,
O sol brilhou durante todo o dia
Num céu de poucas nuvens.

No fim do dia ela apareceu:
Ficara curiosa, de forma incomum,
E desejou responder perguntas
Descobrindo, depois, que era a respeito de alguns escritos.

“- Achei que você ia perguntar mesmo dos textos que não respondi porque não achei as palavras certas.”

Ganhou então um tempo;
Curto, era uma oferta simpática,
Mas achou necessário alguma preparação
Porque isso “não pode ser já”.

O sol começou a se pôr
E outra ampulheta foi virada:
“Cinco dias para a lua cheia e sete dias para Aquário”
E assim se fez novo acordo.

Enquanto isso...

“You fritter and waste the hours in an off hand way…
…Waiting for someone or something to show you the way”

“Far away across the field
The tolling of the iron bell
Calls the faithful to their knees
To hear the softly spoken magic spells…”

- Beatriz, avise os demais. A pizza está servida.

Mago Merlin... aquele que sempre esteve aqui!

13.1.11

As Três Montanhas - Tempestade

Há quase três anos, a lenda do gigante foi contada.
Era uma época diferente, ele vivia na montanha de Pedro,
Mas admirava Nova e Teresa também,
Pois lá também tivera bons momentos.

Pelo visto, toda a obra do gigante foi novamente destruída;
Os homens não aprenderam nada em três anos,
Insistiram em tirar aquelas belas flores plantadas com tanto carinho
E mantiveram a ideia de plantar obras de alvenaria.

Ah! Esses homens nunca aprendem.
Certo foi que o gigante também chorou,
Pois Teresa desdenhou suas boas obras,
Mas ele foi transformado num sol e assim ficou feliz.

Por que será que o belo não é compreendido
E, quando explicado, não recebe ao menos um sorriso?
Por que será que é preciso uma transformação mágica,
Para o gigante chorar menos e tentar ser feliz?

Só que agora o momento é de preces:
Que aqueles que moram nas três montanhas
Superem a dor, o medo e a destruição
E que o gigante os perdoe, volte e reconstrua seus jardins.

Mago Merlin... em silêncio... aquele que continua sempre aqui.

11.1.11

Tempo

Chuvarada e apagão…
No seu melhor estilo, Adrielle não poderia deixar barato
E pediu até ajuda à lua, aquela da montanha,
Pois, afinal das contas, ele sempre procurou por ela.

Com vassouras e esfregões voando pelos ares
E empurrando tudo na direção do norte,
Surge Sininho, indignada:
- Meu... dá pra parar com isso? Já viram o estrago lá na muralha?

“Invernos, impérios, mistérios,
Lembranças, cobranças, vinganças
Assim como a dor que fere o peito,
Isso vai passar”

Ana assustou-se e Adrielle enrubesceu.
Melinda, de lenço na cabeça, auxiliada pelo Guri,
Quase morreu de rir da cara das meninas.
- Você é Ana Beatriz! Como você cresceu!

Antes que qualquer outro assunto fosse comentado,
Sininho se foi, numa nuvem de pirlimpimpim,
Para voltar a qualquer momento,
Não se sabe bem quando.

“E todo medo, desespero e a alegria
E a tempestade, a falsidade, a calmaria
E os teus espinhos
E o frio que eu sinto,
Isso vai passar, também.”

Em algum momento tudo passa,
Deixa lembranças, doces momentos,
Brilhos, cores, alegrias, tristezas,
Erros e acertos.

“Saudades, vaidades, verdades,
Coragem, miragens e a imagem no espelho,
Como a dor que fere o peito,
Isso vai passar, também.”

Será? Faltam nove dias para a lua cheia
E este é o tempo que resta:
Aquele que foi dado para resistir à dor,
Para suplicar por seu amor...

- Como ela sabia quem eu era?
- Um dia eu te explico, Beatriz...

Mago Merlin... continua seguindo o “Manuscrito”... aquele que sempre esteve aqui!

10.1.11

Momento Girassol

“A verdade prova que o tempo é o senhor
Dos dois destinos, dos dois destinos
Já que pra ser homem tem que ter
A grandeza de um menino, de um menino
No coração de quem faz a guerra
Nascerá uma flor amarela
Como um girassol amarelo”

Como previra o Mago,
A proposta da Bruxa do Norte não era boa:
“- Congele e petrifique seu coração! Assim não sofrerá mais!”
O que certamente não foi aceito pelas irmãs.

Ao chegar das terras de Alice,
O menino já estava de pé.
A beleza das flores, a determinação de Ana,
E o amor de Adrielle, o protegeram mais uma vez.

“Você é meu sol
Um metro e sessenta e cinco
De sol...
...Eu jurei por Deus
Não morrer por amor
E continuar a viver...
Como eu sou um girassol”

Pra que falar mais disso?
Conseguira um intento ao ser indelicado,
Mesmo acreditando que fora verdade,
Mas indelicadeza não faz parte da sua vida.

Pétalas amarelas se abrem ao vento,
Procuram a luz do amor no arco-iris,
Mas nem sempre encontram resposta aos seus apelos,
Recebendo somente o desprezo.

“Se eu morrer não chore não
É só a lua
É seu vestido cor de maravilha nua
Ainda moro nesta mesma rua
Como vai você?”

O prazo está no fim, logo chegará a lua cheia,
Onde outras magias surgirão
E os corações girarão em torno de seu brilho
Como o girassol... procurando, procurando, procurando...

“Você vem?
Ou será que é tarde demais?”

Mago Merlin... saudando as melodias de outros sábios... aquele que sempre esteve aqui!

8.1.11

Insensatez

“Ah, insensatez que você fez
Coração mais sem cuidado”

Várias fadas vieram em socorro de Adrielle:
Fada Madrinha suspendeu o visto provisório;
Fada Syl horrorizou-se e deu seu apoio;
Mas nenhuma magia resolvia o problema.

“Fez chorar de dor o seu amor
Um amor tão delicado”

Deborah, então, sugeriu ao Mago
Que procurasse solução nas terras de Alice;
Lá, além dela, encontraria um amigo aprendiz
Que agora voltaria para casa.

“Ah, por que você foi fraco assim
Assim tão desalmado”

Bem recebido, como nos tempos da montanha,
Lembrou bons momentos, desejou boa sorte,
Enquanto desfrutaram das iguarias servidas,
Além do tradicional fermentado de malte.

“Ah, meu coração, quem nunca amou
Não merece ser amado”

Aproveitou depois para algumas visitas:
Rever histórias antigas, como daquela linda princesa,
De cabelos longos e mágicos que tinham o poder da cura,
Pouco antes de encontrar o Papai Noel (ué?).

- Ho Ho Ho! Isso aqui continua animado!
- Pensei que você já estivesse em casa.
- Irei em breve. Aqui os três reis ainda não passaram. Precisa de alguma coisa?
- Hum...

O Mago pediu pelo menino
E o bom velhinho prometeu interceder:
- Falarei com a Bruxa do Norte.
- Isso pode ser perigoso...

Ele sempre viu o seu amor:
Nos seus atos, nos seus gestos, nas suas palavras;
Apesar dela o desprezar e buscar, na mágoa,
Seu refúgio e sua fuga.

E pra não prolongar essa história...

“Vai meu coração ouve a razão
Usa só sinceridade
Quem semeia vento, diz a razão
Colhe sempre tempestade
Vai, meu coração, pede perdão
Perdão apaixonado
Vai, porque quem não pede perdão
Não é nunca perdoado.”

Mago Merlin... citando Tom e Vinícius... aquele que sempre esteve aqui!

4.1.11

Instinto

- O que ele tem?

Em dado momento ele somente pensou em se defender.
Nem sabia direito do que, mas foi muito rápido;
No afã da agressiva tristeza que ele combatia,
Pouco ou nada seria feito de outra forma.

Seus atos seriam de total impotência,
Frente ao desconhecido fibrilar do coração partido,
Onde faltou a voz, não houve mais ar
E a tranquilidade deu lugar ao instinto de sobrevivência.

Sobreviver à sua ausência, mais uma vez,
Mal sabia ele que doeria muito mais,
Que ele sucumbiria em prantos em pouco tempo,
Pois a dor que sente nem se compara à dor que causou.

- Eu não deveria ter trazido o menino de volta.

A falta que sente da sua companhia,
A tortura de olhar para o presente exposto na bandeja,
A dor do silêncio e da solidão eterna
São unidas ao que foi rejeitado pelas almas cúmplices.

E na pureza de tal cumplicidade,
Onde tanta coisa foi dita, pensada, sentida,
Não existe lugar para orgulho ferido,
Pois a lesão foi tão extensa que a cura deixará cicatrizes.

Ele conhece tudo isso (já aconteceu outra vez);
Luta com todas as suas forças para sobreviver,
Procura abrigo, mas deseja somente um colo;
O seu colo, o seu carinho, o seu amor.

Adrielle, então, segurou suas mãos,
Beijou-lhe a testa molhada de um suor febril,
E nada falou, somente chorou,
Pois toda sobrevivência vai depender de sua partida.

- Ainda vou fazer alguma coisa, mana. – disse Ana.
- Ajudarei você de alguma forma. – concluiu Deborah

“I know nothing stays the same
But if you're willing to play the game
It will be coming around again”

Mago Merlin… aquele que sempre esteve aqui!

2.1.11

Dois Domingos

A segunda manhã do ano
Não poderia ser muito diferente,
Pois é um domingo
E o ano, então, começou com dois.

Manhãs curtas, tardes longas,
Noites que começam tarde
E, quando se nota, logo acabam,
Ao se ouvir aquelas notas musicais típicas.

Adrielle estava feliz:
Seu amigo voltara de longa jornada,
Mas ele parecia algo enfraquecido
E isso a preocupava.

Ela mostrou muita coragem ao procura-lo,
Há pouco mais de um ano,
Lá naquela floresta onde havia o urso
Além de muitas coisas sombrias.

Uma paixão infantil: ele era seu ídolo.
- Cuidei da flor pra você. Mas ela não tinha jeito.
- Eu sei. De qualquer forma ainda procuro a lua.
- Você vai ficar aqui?

Quando Deborah partiu e levou o menino e o Guri,
Havia um bom motivo, já que o Guri precisava de aprendizado
E o ferimento do menino não cicatrizara totalmente,
O que inviabilizava sua presença no monte.

O Guri voltou, antes de conhecer Melinda,
Mas só agora o menino reapareceu.
- Só até a próxima lua. Até lá as gêmeas terão nascido e Deborah poderá seguir caminho.
- Priti e Sid estão felizes né?

Adrielle disfarçara sua frustração
E, engasgada no final da frase,
Saiu correndo até o jardim,
Onde encontrou o Mago.

Escondeu seu rosto no seu peito,
Enquanto o abraçava com força
E chorava e chorava e chorava,
Como se fosse uma grande tempestade.

- Do que vou cuidar agora? Ele vai embora outra vez. – soluçava.
- Cuide do presente que ele te deu.
- Como assim? – ela levantou a cabeça, lentamente, enxugando o rosto.
- Fez você conhecer o amor, a dedicação, a paciência de esperar e a determinação de conseguir o que deseja. O menino representa tudo isso e precisa que você sempre cuide dele.

Dois domingos...
Dois corações...
E como dizia a velha canção:
“Coração: se apronta pra recomeçar e esquece esse medo de amar de novo”!

Mago Merlin... aquele que sempre esteve aqui!

1.1.11

Apenas bons amigos?

- Vim na frente… quer café? Eu que fiz...(rs)

A primeira manhã do ano, como de costume,
Estava bastante preguiçosa
E um frio, comum por aqui,
Dava vontade mesmo de tomar um bom café.

- Obrigado.

Pensava que tudo estava arrumado e terminado:
Papéis, ideias concluídas, tudo encaixotado.
Tomaram o café, mas ficaram em silêncio,
Já que os novos pensamentos ainda não foram arrumados.

Preferiu colocar uma música da mesma região,
Para competir com outra, bem alta,
Que insistiu em entrar pela porta da frente
Num volume, digamos, bem inconveniente.

“Pra ser sincero
Não espero de você
Mais do que educação
Beijo sem paixão
Crime sem castigo
Aperto de mãos
Apenas bons amigos...”

Ele estivera com a Fada Rosa e os seus,
Como assim o faz desde que chegou, há dois anos,
Para, nesse momento especial, distribuir abraços e bons fluidos
Entre aqueles que aprendeu a ter como seus também.

Na volta, várias corujas o esperavam com mensagens
Sendo uma muito especial, pois vinha de Lucy,
Num escrito daquele “poeta de sete faces”
Que tratou logo de multiplicar e distribuir por aí.

“Nós dois temos
Os mesmos defeitos
Sabemos tudo
A nosso respeito
Somos suspeitos
De um crime perfeito
Mas crimes perfeitos
Não deixam suspeitos...”

A visita totalmente inesperada,
Naquela hora onde a “ficha” ainda não tinha caído,
Foi pior que um “sacode” daquele “tequilero” das terras de Alice,
Afinal, “game over”, não é mesmo?

Uma lágrima rolou dos olhos de Ana...
Ele viu, recolheu a lágrima e sorriu.

- Levante o rosto, pequenina. O café estava ótimo.
- Fiquei triste porque não pude evitar o que aconteceu.

Continuaram a ouvir a música,
Enquanto ele acendeu um incenso.
Passarinhos de várias cores entraram pela porta
Trazendo folhinhas e gravetos de tamanho diversos.

Juntos foram criando formas
E um pequeno castelinho foi montado,
Onde os passarinhos se ajeitaram
Entre as aberturas e as janelinhas.

- E o que faremos com este castelo? – ela perguntou.
- Castelos de areia são feitos para a admiração, porém são frágeis como os de gravetos. Precisam ser protegidos, pois uma onda mais forte ou uma ventania podem destruí-los.

Com muito cuidado e auxiliados pelos passarinhos,
Pediram ao joão-de-barro que o levasse até a árvore mais alta
E o colocasse de forma que o vento não poderia destruí-lo,
Mas onde poderia ser admirado à distância.

“Um dia desses
Num desses
Encontros casuais
Talvez eu diga:
- Minha amiga
Pra ser sincero
Prazer em vê-la!
Até mais!...”

- Pronto! Assim ficou bom!
- Vamos terminar de ouvir a música. Os demais logo chegam. Novamente há muito a fazer, Beatriz.
- Só você me chama assim...

Mago Merlin... recomeçando... aquele que sempre esteve aqui!