27.3.11

Firework

- Ei meninas! Pelo visto vocês gostaram das velhas aqui, não é mesmo?

A gargalhada ecoou por todo o museu.
Melinda, mais uma vez, acompanhou Ana,
Numa visita àquelas bruxas, para contar algumas novidades,
Já que alguma coisa elas não souberam.

A casa recebera muitos visitantes,
Pois isso fazia parte da confusão anteriormente instalada.
Eles não ganharam passe livre por conta de cupons dourados,
Encontrados em chocolates Wonka, mas a história ficou parecida.

- Bom, pelo que vocês estão contando, ela voltou pra vidinha sem sentido e ele mandou ver né?

Foram todos reunidos de uma vez, para a tal visita,
E a cada besteira que falavam, um a um era eliminado.
O primeiro foi logo um com luzinhas verdes que resolveu mostrar a língua
E, a seguir, ganhou uma conversinha com o Dragão.

- Jeito de saco plástico ao vento que derruba castelo de cartas ou enterrada sem ninguém escutar o que diz?

O mensageiro amarelo até que foi simpático,
Mas o Guri deu uma olhadinha de canto de olho
E ele preferiu entregar rapidinho o que trazia,
Para evitar maiores prejuízos.

- E vocês vieram aqui pra ver se temos alguma sugestão?

Um barulhento que insistiu na mudez
Foi recebido por este Narrador que vos fala
E logo substituído, já que barulhento sem barulho,
Não possui qualquer serventia por aqui.

- Hum... pode ser que... hum... temos sim.

Um leão apareceu, como todos os anos,
Mas este já está cercado pelos yetis
Que o colocaram no fundo do quintal,
Afim de evitar mordidas desagradáveis.

- Mas será que ela ainda tem uma chance? Isso já é com vocês.

Adrielle riu o tempo todo,
Enquanto o Guardião aplicava o teste em todos eles.
Ana preferiu observar à distância,
Pois combinava com Melinda uma viagem.

- Então, já que é isto que vocês querem...

E uma cantoria simpática cruzou os céus:

“[…]You don't have to feel like a wasted space…
[…]You just gotta ignite the light and let it shine just own the night.”

E o trabalho continuou no monte
Enquanto, lá fora, chove como na montanha,
Mas sem o mesmo brilho,
Pois aqui tudo é muito diferente...

Mago Merlin... aquele que continua por aqui como sempre.

17.3.11

Reverie Sound Revue

Ouvindo o som revisado do devaneio,
Algo totalmente canadense,
O Narrador recebe, de novo,
A visita do amigo Mário.

- Quer um café? – ofereceu o Narrador – Parece aborrecido.
- Que nada... afinal, “todos estes que aí estão
atravancando o meu caminho, eles passarão. Eu passarinho!”

No final da tarde, a lua colocou as mãos na cintura
E pediu ao sol que terminasse logo sua função,
Pois ela, quase cheia, teria muito a fazer,
No que ele enrubesceu e caiu fora.

Por sua vez, ela queria dançar de novo
E, a caminho do encontro com as meninas,
Deu de cara com aquele ursinho, da cor do chocolate,
Que surgira próximo ao Natal e que trazia uma mensagem.

- Para onde vai, ursinho?
- Acho que vamos para o mesmo lugar...

Achando que o visitante precisava mesmo era de chocolate,
O Narrador logo providenciou uns bombons,
No que ele agradeceu com um sorriso
E aproveitou para mandar:

“Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...”

Chegando lá, reuniram-se no jardim.
Ana, Adrielle, Melinda e a lua,
Para um “papo de garotas”,
Sentadas no jardim.

Para quem chegou depois,
Naquele dia que Coralina falou
E as meninas saíram detonando tudo,
Os ursinhos foram salvos, inclusive o “chocolate”.

- Hum... de onde você tirou esses olhos azuis? Vamos consertar isso! – disse a lua.

Invocado um brilho já conhecido de Melinda,
Surgiram suas vestes bem “dark”
E seus cabelos negros bem curtinhos
Emolduraram os olhos prateados, sombreados em preto.

- Ah! Agora sim reconheço você! – disse a lua (Melinda sorriu).

Leram o bilhete. Agradecimentos...
Pelo que? Ah! Pelo trabalho que Adrielle teve
De tomar conta de tudo, já que assim o Mago pedira,
Mas quem deveria agradecer era o ursinho (foi o que restou...).

Nisso... hora de ir embora:
Mario olhou para a lua, e “fez cara de espanto,
Como se fosse a primeira vez”;
Ela sorriu, lhe deu a mão, pegou o ursinho
E desapareceram...

As meninas resolveram dançar,
Para não perder a ocasião,
Enquanto o Guri, que perdera toda a movimentação,
Perguntou ao Narrador:

- O que ele disse antes de ir embora?
- Simples, porém perfeito:
“Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro.”

Mago Merlin... aquele que sempre esteve aqui!

11.3.11

A amiga mais antiga

Há muitos e muitos anos… os Contos de Fada às vezes começam assim também!

Uma menina de nome Mytil
Percorreu passado, presente e futuro,
Junto de seu irmão, sua gata e seu cão,
Guiados pela Fada Luz, à procura do Pássaro Azul.

Chegando ao futuro, encontrou um lugar muito interessante,
Onde conheceu um jovem casal de amigos
Que foram separados pelo destino,
Já que o menino embarcaria numa viagem e ela ficaria a chorar.

Alguns anos depois, talvez uma cena semelhante tenha acontecido.
Felizmente essa separação duraria somente vinte e três dias,
Pois o destino os uniu novamente
E assim permanecem juntos até hoje.

Bom... juntos não é bem a palavra exata.
Digamos que eles cresceram quase juntos,
Compartilharam sonhos, livros de estorinhas,
Trocaram confidências e sempre estiveram aqui.

Com o tempo, ambos criaram fantasias isoladas
E viveram seu conto de fadas, separadamente.
Mesmo ela se dizendo “complicadinha e introspectiva”
Sempre foi sonhadora, mas ele representou melhor o sonho.

Criaturas da lua, “farinha do mesmo saco”,
Conhecem mais um do outro do que qualquer pessoa existente,
Pois suas almas foram unidas muito tempo antes de nascerem
E isso ninguém poderá jamais mudar.

Amiga mais antiga, amiga tão querida,
Hoje ela descobriu o caminho da Fronteira Transparente,
Conheceu o País dos Sonhos Verdes
E não é que ele estava lá à sua espera?

- Entre – sorriu Ana – há tanto ele te esperava.
Ela agradeceu o sorriso com outro, algo tímido.
- Ei! Não foi boa essa aventura? Aguarde que outras ainda virão. – concluiu Adrielle.

De mãos dadas, as três entraram na casa...

Mas isso tudo ainda será história para outro dia...

Mago Merlin... saudando o retorno da amiga mais antiga... aquele que, como ela, sempre esteve aqui!

10.3.11

Que nem maré 2

Ontem...

O Dragão acolheu os yetis em sua caverna,
Assim que eles fizeram aquela carinha de urso panda,
Já que Ana, segurando a mãozinha de Adrielle,
Entrou na sala e olhou à volta.

Hoje...

- O que diz o recado que essa coruja vai levar, Narrador? – perguntou o Guri.
“Jorge, eu to só lhe esperando! Jorge, cadê você?”

E num daqueles encontros imaginários que o Narrador tem às vezes...
“Meu camarada, chega aí! Meu camarada, fala aí”

A visita foi bem rápida,
Mas Dri recebeu um recadinho:

“É, a paciência foi pela vida inteira o meu escudo quando o mundo disse não”

Ela ruboresceu, ao sorrir, no que ele continuou:

“Tente imaginar como pode ser
Quando ao livre-arbítrio, nós fizermos jus
E o que quer de nós, esse tal poder?
Toda escolha traz uma renuncia à luz.”

Ana, ouvindo o movimento,
Aproximou-se bem silenciosa,
Mas ele percebeu e piscou pra ela:

“Ela une todas as coisas
Quantos elementos vão lá …
Sentimento fundo de água
Com toda leveza do ar”

Todos reunidos deram as mãos e ele terminou:

“Chega de fingir, eu não tenho nada a esconder
Agora é pra valer, haja o que houver
Não tô nem aí, eu não tô nem aqui pro que dizem
Eu quero é ser feliz...”

Ainda ontem...

No seu franzir da testa, Adrielle entendeu o recado da irmã
E, juntas, sempre de mãos dadas, começaram a estalar os dedos
Causando tamanho alvoroço,
Que até o bravo Guardião baixinho ficou assustado.

- Pronto! Isso aqui precisava de algumas mudanças! – disseram, em uníssono.

Voou cadeira, explodiram vidros, desfolharam livros,
Desfeitos acordos, feitos embrulhos, uma confusão danada,
E saíram Narrador, Guri e até Melinda, pela janela mesmo,
Antes que a coisa sobrasse em cima de suas cabeças.

E lá, na pequena ilha, que não era a ilha Blu, quem sabe, qualquer dia...

- E foi assim que aconteceu? – perguntou uma daquelas velhas bruxas ao Narrador.
- Sim! Achei que vocês gostariam de saber, por isso dei um pulinho aqui.
- O verão está acabando, não é mesmo? E virá mais uma lua cheia, então.
- Com certeza! – ele respondeu.

“Eu me entreguei demais
Eu imaginei demais
E o silêncio fala mais que a traição
Foi um devaneio meu
Um veraneio seu
E um outono inteiro
Em minhas mãos”

Narrador... o Mago foi arrumar a bagunça... mas logo ele volta, pois continuará sempre por aqui!

9.3.11

Assim falou Coralina

A lua ainda é “casca de queijo”
E o céu estrelado, sem qualquer nuvem,
Recebe o cheiro adocicado da flor da noite
E é apreciado pelo Mago.

Há tempos houve uma ciranda
Que o Mago pedira à Ana
E “o amor que era tão grande,
Que nem vidro se quebrou.”

Vários encantos vieram daí;
Muitas histórias, muitos momentos
E o amor foi contado em prosa e verso,
Em cantos e cantorias, durante muitos meses.

Também foi falado da falsidade,
Da crueldade que eventualmente cerca o amor,
Quando, num simples falar sem tato,
Sem qualquer delicadeza, desfere-se um golpe mortal.

E para não falar do egocentrismo,
Já que isso não faz qualquer diferença,
Ficam os versos de Cora Coralina
Para brilhar nos corações como as estrelas no céu.

“Não sei ... se a vida é curta
ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita.

Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
não seja curta,
nem longa demais
Mas que seja intensa
Verdadeira, pura ...
Enquanto durar.”

E no silêncio que se seguiu,
Todos se reuniram à sua volta,
Observando as estrelas...
Só observando...

Narrador... o Mago está lá fora com as crianças... mas ele logo volta por aqui, como sempre!

8.3.11

A House is not a Home

Hora de voltar… uma última saudação ao céu muito azul
E o caminho pelo campo virou uma pintura,
Alternando tons de verde com um dourado brilhante
Em alguns trechos do percurso.

Ao chegar, encontrou tudo exatamente como deixara.

- Quanto tempo foi necessário para isso, Narrador?
- Bom... eu fui dormir e não estava tão arrumadinho assim!
- Mago! – aquele uníssono que a cada hora aumenta mais o som.
- ‘Tó, Beatriz. Você sabe o que fazer.

Ana pegou a pequena sacola verde, verdinha,
Onde raios de sol da viagem foram colocados,
E os espalhou por todo o lado,
Fazendo brilhar ainda mais um presente dado ao Guri.

- ‘Tó, Guri! Você sabe muito bem falar sobre isso.

O Guri pegou a caixinha de madeira,
Com o símbolo da Rosa Azul entalhado,
Igual àquela conquistada pelo menino, há tempos,
Onde uma almofada em forma de coração estava guardada.

Ele olhou, pensou e lembrou das letras de algumas músicas;
Pediu ajuda a Melinda, que sorriu, e mandou:
- Aqui já há sol e agora um coração...
Para haver um lar, basta seu lugar ser preenchido,
Porque, como disse outra canção,
“… a house is not a home, when there's no one there to hold you tight,
and no one there you can kiss good night.”

Todo aplaudiram!

- ‘Tó pequenina Adrielle. Você deverá tomar conta por enquanto.

Num embrulhinho prateado, com uma bela fita rosa, rosinha,
Adrielle encontrou dois simpáticos ursinhos,
Que foram colocados na bandeja mágica,
E um livro com a tal história que também estava no DVD.

- E aí vou tomar conta até tudo se resolver?
- Precisará de muita paciência...
- Você pode ajudar nisso?
- Hum...

Ele ficou pensativo durante alguns instantes e resolveu:

“- Da forma como está, todos podem te ver;
Ficarás invisível, até tudo acontecer”

Uma nuvem branca a recobriu...

- Mas e se nada acontecer, Mago?
- Tenha calma, Beatriz. Logo chegará outra lua cheia.
- Mas o tempo não fazia parte do acordo...

A noite caiu lentamente,
Como acontece nessa época do ano.
Ana e Adrielle se aproximaram
E preferiram ficar em silêncio.

Mago Merlin... já de volta... observando e continuando por aqui como sempre!

6.3.11

Muito Peixe

Ontem…

Mais uma vez, é hora da festa do tal rei gordinho;
Só que pelas bandas do monte nada acontece,
Vive chovendo, o frio de inverno já se aproxima
E o Mago resolveu procurar as terras quentes do oeste.

Adrielle resolveu voltar e se reunir aos demais,
Porque notou que só com a presença dela é que tudo se conserta,
Já que irritar Ana é uma coisa muito difícil,
Pois paciência ela tem de sobra!

- Meninas. Ajudem a Elfo e cuidem de tudo. Volto em quatro dias.

Desta feita ele foi parar num lugar menor que o monte,
Onde o número de visitantes é maior que o de habitantes.
Alguns podem pensar que lugar assim nem existe
Só que são habitantes de sorte.

De suas terras brotam águas quentes, com poderes mágicos
Que são acumuladas em laguinhos artificiais,
Onde os visitantes podem desfrutar com tranquilidade
Durante o período de sua estada.

Hoje... no monte...

- Ana, você precisa tomar alguma providência.
- Ele ordenou que eu não fizesse nada.
- Mas já passaram mais de quinze dias!
- Adrielle, foi o combinado: não havia tempo e sim o livro.

A chuva e o frio ficaram pra trás.
Dias de descanso, de tranquilidade,
Sem nunca esquecer o que continua existindo,
O que realmente importa e o que os seus olhos sempre disseram...

Mago Merlin... foi lá e logo volta... mas continua por aqui, como sempre!