Se houvesse um lobo e uma águia,
Enfeitiçados pelas trevas,
Talvez naquele momento surgisse o reencontro,
Das almas unidas e separadas ao mesmo tempo.
A bola em fogo sumia no horizonte,
Enquanto o astro de porcelana prateada,
Surgia do lado oposto,
Naquela tarde seca de inverno.
Ana aproximou-se...
- O que pensas, Mago?
- Somente observando.
- Viste que ela está mudada?
- Somente ilusão; ela nunca vai mudar.
Num arco perfeito, como se um pintor o assim fizesse,
Na rotação da base terrena sob o céu azul sem nuvens,
Nenhum ruido seria notado
E nada impediria a quebra do antigo feitiço.
E então, com o fim do maléfico encantamento,
O jovem guerreiro deixa de vez sua forma de lobo
E entrelaça seus dedos aos da bela donzela, assim transformada,
Para juntos seguirem as trilhas do crepúsculo.
- Essa história não era num eclipse do sol?
- Sim. Só mudei um pouquinho.
- Acho que ficou melhor assim.
- Hum... quer chocolate, Beatriz?
Sorrindo, a menina acenou afirmativamente com o olhar
E ficaram os dois, naquele momento quase único,
Em silêncio, só observando, comendo chocolate,
No doce fim de uma tarde de agosto...
Mago Merlin... aquele que sempre esteve aqui.
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