14.10.05

O Guerreiro e a Menina: hipérboles da vida

Ela acordou numa manhã de sol, olhou pela janela e agradeceu aos céus ao vê-lo ali, ao seu lado. Guerreiro adormecido que voltará de mais uma batalha contra os dragões. Imóvel, inerte, olhos cerrados. O amanhecer seguia lá fora e ela mantinha-se ali, perdida, ainda em estado hipnótico ouvindo a respiração dele próxima ao seu pescoço. Prazer derradeiro, encontrado sempre neste espaço do retorno do Guerreiro que volta para o seu seio. Prazer que sente pelo prazer de sentir que ele volta pra ela, por ela e que nada, além dela, o faz retornar todos os dias para aquele mesmo lugar e dormir despido, só pra ela, sem a fantasia de Guerreiro, nos seus braços... mesmo que tudo isso seja apenas uma hipérbole de um simples retorno ao lar, mas o qual a graça da vida senão as hipérboles?

O dia seguiria seu curso, a vida seguiria seu rumo, e ela poderia passar uma eternidade naquela mesma posição, porque afinal de contas, o Guerreiro havia voltado!

Aos poucos os raios de sol foram entrando pela janela e lá se foi a Menina, matar uns cem dragões (era a sua vez agora). Vestiu a armadura, pegou a lança e saiu a caça sabendo que ao voltar aqueles olhos não estariam mais lá e mais uma vez repetiria-se o curso mítico de suas vidas, onde seu corpo encontra-se com o dele neste breve espaço do retorno-amanhecer, mas suas vidas... ah, estas encontram-se umas cem vezes por segundo...

Sininho - o retorno daquela que não foi!

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