31.12.09

Livro dos Sonhos

"E se o mundo caísse aos nossos pés...
E se pudéssemos lutar por todos os dias das nossas vidas...
Apenas para encontrar uma chance
Uma nova chance para o mundo

Penso que sou gente,
Penso que sou natureza,
Penso que sou a página de um livro,
Penso que existo!

Não sou ninguém.
Sou um novo começo,
Nova esperança,
Sou a mãe do seu coração.

Sou o mundo em busca da perfeição
Mas não posso mudar essa realidade,
O final do livro só você poderá escrever
Serei apenas aquilo que você escrever.

Nesse livro não existirá morte
Somente estrelas, cores vivas, mar, alegria...
E quando o mundo não acreditar que poderá mudar esse fim,
Estarei lá para virar a página e recomeçar."

Nini Felix


Pausa... meus personagens esperam um pouco.
Afinal, vou escrever pra eles!

Ganhei este presente da Nini depois que pedi pra ela um texto de final de Ano. Achei que ela seria a melhor escolha, porque a apelidei de Fênix lá numa época de coisas estranhas do ano passado.
E a lenda da Fênix diz que ela renasce das cinzas... assim como o Ano Novo.
Muitas pessoas aparecem na vida da gente meio que do nada e marcam eternamente nossos corações.
Aqui, neste mundo dos sonhos, muita gente apareceu. Viraram personagens, alguns sabem que estão aqui, outros nem imaginam que estão, outros nunca aconteceram mesmo, mas todos tem muita importância pra mim. São um pedacinho da minha vida e a todos dedico o texto da Nini, a quem agradeço de coração.
Um agradecimento especial vai pra Fê (a eterna Fadinha Sininho).
Eu fiz este blog pra ela há um tempo atrás (acho que nem ela sabe disso). Foi uma idéia pra gente escrever junto e até aconteceu. Depois as coisas mudaram, ela "foi morar" na "Casa da Menina" mas ainda coloquei e coloco muita coisa legal dela por aqui.
E hoje, o blog tá aí... muitas aventuras, muitas emoções e espero que 2010 seja muito fascinante para todos.
Feliz Ano Novo
GL

Mago Merlin... hoje aparece a Lua Azul... mas ai a gente conta num outro dia, porque ele sempre estará aqui!

30.12.09

Keep Holding On

Apesar da bagunça já resolvida,
Algumas coisas ainda vão acontecer.
Deborah irá embora e, com ela,
O Guri e o Menino.

No anúncio da decisão,
Ana e Adrielle choraram de soluçar,
Mas chegara a hora da irmã,
Assim como dos outros dois.

- Mago! Elas ficarão com você nas férias. Depois elas voltam e Priti e Sid cuidarão delas.

Ele nada falou. Preferiu o silêncio
O ano terminará, outras aventuras,
Novos destinos...
Tudo mudará.

- Entregue a ela. - pediu o menino entregando um bilhete.
- Iremos ao bater da meia noite do novo ano. - disse Deborah,
- E, como Fênix... nova vida virá das cinzas. - concluiu o Mago.

"Aí você me fez voltar,
Me disse que eu não estava sozinho,
Que estaria sempre do meu lado
E que seguraria minha mão.

Pediu que eu não desistisse,
Mesmo quando parecesse o fim;
Pediu que eu fosse forte e continuasse aguentando,
Mesmo nos dias mais frios.

Eu disse que eu estava aqui,
Que voltara pra você e por você,
Só que não há mais nada a dizer
E muito menos a fazer.

Agora foi tarde demais
Porque tudo desapareceu.
As portas se fecharam
E você não ficou ao meu lado.

Não havia como ter mais forças,
Impossível continuar aguentando,
Mesmo quando você dizia que nada mudara
E que tudo seria resolvido... seria perfeito.

Seguirei meu caminho,
Você seguirá o seu,
E foi assim que você quis
E assim será feito...

Por que a única dúvida que ficou,
Foi qual o bem que te fiz
Para merecer tanto mal e tanta dor..."


Mago Merlin... em silêncio...aquele que continua sempre aqui.

29.12.09

A Chegada 2

Ontem...

Chegaram próximo à hora do almoço
E preferiram um restaurante simples
Porque já imaginavam a confusão
Que reinava na casa... 10 dias fora!

Voavam malas, roupas pra lavar, coisas pra guardar.
As meninas passarão as férias aqui
E quartos foram conjurados para acolhe-las melhor
Durante todo o tempo da estada.

O Guardião montou as defesas,
O Dragão reclamou do gnomo e da elfo
Que não cuidaram do jardim,
E o Narrador e o Guri começaram a dar jeito nos filhos órfãos de Aragogue.

- O menino está lá dentro. - disse Deborah preocupada.

No meio de escritos,
Escutava as músicas que ela cantara nos seus sonhos.
Uma delas estava quebrada no chão,
Pois essa ele não quer mais ouvir (virou tema em outra direção).

Bem acordado dessa vez,
Também viu algumas fotos,
E algumas coisas que ela escrevera,
Para outro que a tem nos braços.

Resolveu juntar-se aos demais`
Porque a bagunça prosseguia divertida,
Para desespero do guardião,
Naquele calor que por aqui é incomum.

- Posso?
- Se for sem trovões ou apagões. Beatriz te ajuda!

Com sua mochila nova, cheia de novidades,
Ana deu sua mão à Adrielle
E juntas criaram chuva e sol
Complementados por Deborah com um lindo arco-íris.

- Amanha sairei cedo. Cuidem de tudo por aqui. Na volta conversaremos.

Mago Merlin... recebera um convite e irá lá... mas continuará por aqui, como sempre!

28.12.09

Entrou por uma porta e saiu pela outra...

O último percurso da viagem era relativamente curto
E resolveram também contar histórias e cantar.
Escolheram aquelas músicas infantis, dos tempos mais antigos,
Que ainda encantam os corações dos mais jovens.

"Se essa rua fosse minha
Eu mandava ladrilhar"


Há alguns dias atrás,
Um sabiá que mora lá no quintal do Velho Pai
E vive bicando sua janela,
Apareceu lá onde a gente mora (naquele lugar que nunca aconteceu).

"Com pedrinhas de brilhante
Só pro meu amor passar."


No seu bico trazia uma frutinha (acerola),
Ainda com “galhinho” e folhinha,
Bem vermelhinha como cereja,
Se bem que maior com algumas faixas amarelinhas.

"Nessa rua tem um bosque
Que se chama solidão"

Ficou a frutinha algum tempo sobre o gramado,
Até que adentrou terra abaixo,
Desaparecendo por um tempo,
Enquanto nada mais acontecia.

"Dentro dele mora um anjo
Que roubou meu coração"


Algum tempo depois,
Não se sabe quanto porque lá o tempo é diferente,
Surgiu uma árvore já cheia de frutinhas
Que caíram espalhando pelo chão.

"Se eu roubei teu coração
Tu roubaste o meu também"


- Aí eu achei e chamei as meninas! Juntamos as frutinhas, fizemos uma rua e transformamos tudo em brilhantinhos!
- Muito lindo isso!
- E depois, fizemos três brilhantes juntando tudo!
- Hum...
- Um rosa, um azul e um branco... e o Papai Noel levou pra você!

"Se eu roubei teu coração
Foi porque
Só porque te quero bem"


- Chegamos. Vamos que todos nos esperam e ainda há muito a fazer.

E quem quiser que conte outra... num outro dia!

Mago Merlin... aquele que foi e voltou... e sempre continuou aqui!

A Dança

Passava um pouco da meia-noite
Quando a lua surgiu por entre as nuvens.

- Trouxe um chá. Ajudará um pouco.
- Obrigado, Emily.

Passara a noite quase em claro,
Vendo o movimento do céu,
O passar das nuvens
E o silêncio da dor.

Procurara palavras, lera livros,
Um grito engasga na sua boca...
Procurara forças, onde não as tem,
Encontrara alento numa voz que viera de longe.

"Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo secretamente, entre a sombra e a alma."


Aos poucos, o dia preguiçoso
Afasta a neblina da noite enluarada.
Encontrara as palavras que buscara,
Nos versos da dança de Neruda.

"Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascender da terra."


Pensa nela, dedica a ela,
Será somente para ela,
Ao contrário do que recebera,
Como adaga empunhada em seu coração.

"Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira..."


- Você não dormiu.
- Preferi a dor ao sonho. Hora de ir embora.
- Esperará o Mago?
- Irei sozinho.

Mago Merlin... hora de seguir viagem... aquele que sempre esteve aqui!

27.12.09

Jantar com Adrielle

Quinze horas depois... chega à estalagem de sempre.

- Que cara horrível!
- Olha... carro nunca mais. Dragão, vassoura, avião, mas carro não vai dar.

Adrielle ria muito.

- Eu esperava você. Depois que o dia virou noite eu pensei: isso é coisa da Dri!

Ela riu mais ainda, daquele jeitinho doce de sempre. 
Estava linda:
Vestido rosa do Natal, meio princesa, meio fada,
Uma teara enfeitava o cabelo, sapatilha combinando.

- Você está bonita, mas o que veio fazer aqui?
- Bobo! Acha que não senti sua falta? Mesmo assim obrigada!
- Então isso merece um jantar especial.
- Desde que você melhore a cara...

O Mago, então, tomou um banho, esqueceu o cansaço
E conjurou um portal, direto pra montanha,
Exatamente de onde saíra há alguns dias,
Mas lugar melhor não existiria.

Estrutura alternada de alvenaria e madeira,
Muitas "luzinhas" natalinas na decoração;
Mesinhas também de madeira finamente decoradas
E cadeiras de palhinha forradas com enormes e confortáveis almofadas.

Todos pararam para observar a cena,
Daquela "pirralhinha" de pouco mais de um metro de altura,
Orgulhosa da sua companhia, de mãos dada que estava,
Desfilando majestosa, enquanto os garçons se revezavam em agrados.

Comeram raviole de maçã,
Tomaram refresco de uva natural,
Conversaram muito sobre tudo
E também falaram do menino e da flor.

- Sobremesa, senhorita? - perguntou o garçom.

Ela enrubesceu. Nunca recebera tal tratamento e ficou muda.

- Sorvete com certeza – disse o Mago – melhor: profiterolis!
- Profi... o que? - ela perguntou.
- Você verá!

Em pouco tempo, vieram as taças
Cheias de bombinhas de massa Choux,
Recheadas com creme de baunilha,
Recobertas por sorvete de creme e calda de chocolate quente.

Adrielle comeu até não aguentar mais.
As taças continham uma mágica
Para o sorvete não acabar nunca
A menos que a pessoa se dissesse satisfeita.

Ao voltar, ela dormiu, ainda no colo do Mago.
Com muito cuidado, deixou-a aos cuidados do fiel yeti
E recolheu-se pensativo,
Pois irá buscar o menino em breve.

Mas essa história, além das outras, ficará para outro dia!

Mago Merlin... exausto e pensativo... aquele que sempre esteve aqui!

26.12.09

Terra dos Ancestrais

Como há um ano, o Mago saiu da montanha
Procurando a terra dos ancestrais,
Onde passou o Natal com o Velho Pai
E todos os seus...

Aqui é seu lugar de descanso:
Recupera suas forças, observa a Natureza
Com seus pássaros, flores, frutos e tudo o mais...
Sem pressa, sem problemas... tudo ficou pra depois.

Sente saudades do passado,
Sente saudades do presente,
Pensa no que o futuro reserva
E programa seus passos.

Da mesma maneira, daqui partirá amanhã,
No mesmo dia e na mesma hora,
Na direção do monte, onde agora fica sua casa
E onde está o seu caminho.

Da mágica, lembrou das meninas que nunca aconteceram,
Dos personagens misteriosos que tantas aventuras criaram,
Que aqui não surgem, pois não há o mesmo encanto
Além do poder deixado por aqueles que já se foram.

De qualquer forma, viu a lua em crescente lá fora...
Seus raios trouxeram um pensamento
Interrompido por mais uma visita inesperada
Vinda de muito e muito longe...

- Saudações! Posso entrar?

Uma jovem, “com uma pele cor de cobre acetinada e cabelos longos, negros como um corvo... o lado direito do seu rosto tinha cicatrizes”, mas isso não diminuía em nada a força de sua presença.

- Entre, Emily. Como ele está?
- Vive em sonhos. Aprendeu muita coisa assim mesmo. Às vezes, quando a dor é muito grande, ele acorda, mas ela o faz sonhar novamente. Ela pede que confie nela e é o que ele faz.
- Ela está lá?
- Não, mas ela domina seu sonho. Nunca vi tamanho poder.
- Pensei que a chegada do verão fosse mudar alguma coisa.
- Não. Só o futuro. O amor que esse menino tem é infinito. Ele fala dela com tanto carinho e tem tanta dedicação que seu sonho tem tudo pra se tornar realidade.
- Terei que tirá-lo de lá em breve, não é mesmo?
- Sim. Já não será tão seguro.

Da mesma forma como surgiu ela se foi. O Mago, então, prepara-se novamente para partir... muito ainda a fazer.

Mago Merlin... novamente nas despedidas... aquele que sempre esteve aqui!

25.12.09

Um presente para o Mago

E após a meia noite...

- Ho Ho Ho!
- Digamos que Papai Noel chegou aqui mais ridículo que você!
- Desejo pra você em dobro tudo que me desejaste, principalmente no que diz respeito à pomba da paz e ao peru natalino!
- Está certo! Mas eu realmente esperava o “Santa” e não o (K)Clown!

Ambos riram das piadinhas
E se fizeram companhia durante um bom tempo,
Relembrando discussões passadas
E, dessa vez, falaram um pouco mais sério.

Horas mais tarde e já era dia alto,
Naquele momento em que a luz se foi
Por conta de uma natural tempestade
(Por aqui também tem disso)...

- Ho Ho Ho!

Vestido como um entregador:
Uniforme, boné, camiseta deixando a barriga aparecer,
Pranchetinha e caneta na mão, além dos óculos escuros, veio de caminhão...

- Você continua ridículo com seus disfarces.
- Você é que me dá muito trabalho! Precisei levar aquele mico de volta pra montanha. Onde já se viu mandar um mico entregar coisas na floresta dos lobos?
- A causa era nobre e não havia outro bichinho mais especializado para isso. Como está o menino?
- Ele está bem. Confirmei que entregamos o cartão pra ela. Aliás, quando passei por lá ela parecia meio braba. Enfim, deixei as coisas e caí fora rapidinho. Agora ainda tenho que ir pro nordeste. Estou atrasado e o presente lá vai demorar um pouco pra chegar. Vê se ano que vem você manda pedidos mais cedo, tá bom?
- Hum... Braba? Bom, fique sossegado que depois tudo se resolveu.

Papai Noel pulou para a boléia do caminhão...

- Fuiiiii.... Ho Ho Ho!

Ele deixara um presente. Ao abrir, o Mago ficou feliz e sorriu...
Mas isso é história para outro dia...

Mago Merlin... agora é esperar pelo presente de Ano Novo, pois o do Natal ele recebeu... aquele que sempre esteve aqui!

Lua de Na(Cris)tal

Reuniram-se como de hábito...
Já não são os mesmos, já existem mais jovens,
Uma quarta geração se faz presente,
Enquanto elogiamos o passado dos ausentes.

"Tudo que eu fizer
Eu vou tentar melhor do que já fiz
Esteja o meu destino onde estiver
Eu vou buscar a sorte e ser feliz."


O antigo doce da mãe que não mais se encontra,
Elogiada e lembrada sempre,
Foi o ponto máximo da ceia bem servida,
Onde todos logo ficaram satisfeitos.

"Tudo que eu quiser
O cara lá de cima vai me dar
Me dar toda coragem que puder
Que não me falte forças pra lutar."


Uma boa idéia surgiu em forma de imagem e som,
Para animar os participantes da comemoração,
Ou talvez amargurar os saudosistas
Daqueles tempos do circo que voava nos anos 80.

"Vamos com você
Nós somos invencíveis, pode crer
Todos somos um
E juntos não existe mal nenhum
O sonho esta no ar
O amor me faz cantar."


À meia-noite quase todos já se tinham ido.
Aos que ficaram veio a saudação
Em forma de canção infantil
Que marcou todos os nosso corações...

"Lua de cristal
Que me faz sonhar
Faz de mim estrela
Que eu já sei brilhar
Lua de cristal
Nova de paixão
Faz da minha vida
Cheia de emoção!"


Senti demais sua falta, pensei demais em você e só quero que você nunca esqueça que eu voltei por você e pra você eu voltei... e vou voltar de novo quantas vezes forem necessárias porque eu não sei mais viver sem você.

Mago Merlin... por que será que “Ploc 80” foi tão significativo? Ficou longe por tempo curto, mas já está de volta e continuando por aqui, como sempre!

23.12.09

Acreditar

Acreditar cegamente no que se vê,
Antonímia do impossível revelado ao sentimento.
Acreditar no que sonhas enquanto acordado,
Aquilo que não consegues tocar.

Acreditar no que não aconteceu,
Naquele plano surpreendente que virá.
Acreditar na confiança que pediste,
Quando a obviedade mostrava outra coisa.

Acreditar que o engano é que era mentira,
Pois a verdade era segredo de estado.
Acreditar que o Natal trará presentes,
Num Ano Novo juntos finalmente.

Acreditar... verbo dos tolos?
Que assim seja, tolo eu que amarei eternamente,
Não me arrependerei disso em dia algum,
Pois acreditarei em ti pra sempre!

Mago Merlin... Feliz Natal pra todos... pode ser que ele desapareça por uns dias... mas continuará por aqui... como sempre!

22.12.09

Foi o que ela disse

Enquanto isso, lá naquele lugar que nunca aconteceu, todos dormiam...

- Sei que você não gosta de mim, mas vim pedir um favor!
- Depois do que você fez e ainda faz? Podia ter sido diferente e menos dolorido, né?
- É... podia, mas não foi. Você pode me ajudar?


A viagem para a montanha correu bem:
Dia de sol, pouco calor, ver os amigos, passear no parque,
Fazer compras dos víveres não encontrados no monte
E se preparar para ver a Fada dos Olhos.

Pousou no antigo castelo,
Onde os anjos moravam,
Que foi seu primeiro cantinho
Nos antigos tempos em que aqui chegou.

Não era tarde e o sol ainda se fazia presente,
Quando alguns trovões anunciaram a chuva
Já habitual por aqui nessa época do ano.
Lembrou de Adrielle e riu...

- Oi, Mago! - Adrielle e seu yeti (dessa vez com óculos escuros emprestados do Papai Noel) entram pela porta.
- O que faz aqui? Se você tivesse existido eu diria que você não morreria mais. Acabei de lembrar de você!
- Vim matar as saudades e te pedir ajuda.
- Então conte o que aconteceu.

Adrielle contou que, num sonho, ela apareceu
Pedindo sua ajuda, para enviar uma mensagem
Ao menino que está inalcançável
E algo descrente de tudo.

- Mas justo pra você?
- Pensei em não trazer, mas você é quem decide.
- Mostre, então.

“Sei que você sabe quase tudo de mim
E sabe onde eu queria estar.
Eu tenho tantos planos e faço coisas que você parece nem notar,
Mas outra vez vou embora, pois nem sei o que falar.

Só quero que saiba que esperei o tempo falar por mim
As coisas que não consigo dizer olhando pra você.
Eu só queria que soubesse
O quanto eu quero você.”


- E o que você disse a ela, Adrielle?
- Pensei em falar montes, mas não perdi meu tempo. Seria inútil. Ela nunca vai aprender e acho que ele também ainda não aprendeu.
- Pode deixar. Mandarei o mico entregar o bilhete.
- Mico?
- Estamos na montanha e os bichinhos são outros.

A menina o abraçou, subiu no colo do yeti e ambos desapareceram deixando pra trás o céu azul, mais uma vez.

A Primavera se foi e, com ela, os poderes da flor. Agora é hora do Sol comandar o nosso destino...

Mago Merlin... na montanha e muito feliz... aquele que continua sempre aqui!

20.12.09

Preparando o Natal 2

Fora sozinho, então.
Saíra na sexta, dormira na estalagem de sempre
E vinte e seis horas de viagem depois, 
Encontrara, finalmente, o Velho Pai!

Após um bom jantar e um bom banho,
Preferiu dormir para repor as energias.
Estava naquele momento onde a realidade e o sonho se misturam,
Quando observou um vulto na janela.

Bem gordo, entrando com alguma dificuldade,
Bermudão estampado, camiseta regata,
Óculos escuros - no melhor estilo “House” -  
E barbas brancas enormes com trancinhas!

- Você está ridículo! - disse o Mago.
- Gostou das trancinhas na barba? Foi idéia de Ana, no ano passado, quando ela deu uma ajuda lá em casa. Vim disfarçado para não chamar a atenção.
- Melhor seria que viesse com sua roupa vermelha normal que ninguém notaria. De qualquer forma, no que posso ajudar?

Apoiou o amigo, para que terminasse de pular a janela, e conversaram.
Ele disse que todos os presentes já estavam separados:
Mochila nova de Ana, azul celeste com estrelinhas de prata;
Vestido rosa de Adrielle, material do Narrador e do Guri...

- Viu! O Dragão precisa é de um colutório, mas vai ganhar o isqueiro!
- E a armadura do menino?
- Que armadura? Ele pediu outra coisa. Por isso vim aqui!
- Como assim?

A carta do menino contava suas aventuras
E seu pedido era pra que ele entregasse um cartão especial
Lá em “além de tão tão distante”.

- Será que ele acha que eu virei carteiro? Onde ele está?
- Com os lobos. A lua está em crescente e ainda não há perigo.
- Posso entregar sem problemas, mas gostaria de deixar um presente pra ele.
- Deixe a armadura. Enviarei o cartão pra você. Aceita um chá?

To be continued... ordem dos texto invertida, portanto tem que ler aí embaixo!

Mago Merlin... verão chegando com amor no coração... aquele que sempre esteve aqui!

All I Want for Christmas Is You

Tomaram o chá e conversaram mais um pouco.

- Bom... onde está a carta do menino?
- Acho que não devemos...
- É seu desejo... faremos como ele pede.

“Papai Noel você não vai me trazer
A única coisa que eu realmente preciso.
Eu não me importo com os brinquedos que estão na árvore de Natal,
Não vou nem querer neve, porque por aqui será verão...

Eu não vou fazer uma lista de presentes
E mandar para o Polo Norte, onde você mora,
Porque você não pode me fazer feliz
Com um brinquedo no dia de Natal.

Eu só vou ficar esperando, em algum lugar por ai.
Então, Papai Noel, entregue um cartão pra ela,
E diga o meu desejo, pois não sei mais o que fazer,
Já que tudo que eu quero é que ela seja minha pra sempre.

Que ela esteja sempre perto de mim, que realize meu desejo,
Que seja feliz comigo e com mais ninguém.”


- Só que, na cartinha que ela escreveu, seu pedido era outro e com outra pessoa. Tem certeza que devemos? Principalmente depois do que ele passou e ainda passa? Eu quase desisti de entregar o presente dela por conta disso! Onde já se viu!
- Fique sossegado e pode entregar todos os presentes. O menino está distante e, agora, eu pessoalmente cuidarei dele. Além disso ele está tão longe que nem a corujinha conseguirá encontrá-lo com facilidade. Somente muito amor o trará de volta...

Mago Merlin... continua preparando o Natal... aquele que sempre esteve aqui!

17.12.09

O Lago do Tempo

Ontem...

Chegaram antes da tempestade,
Mas mesmo que chovesse nada aconteceria,
Pois somente se materializaram do nada
No meio da sala de visitas.

A corujinha já estava lá os esperando.

- Sabia que você voltaria! - disse Adrielle – tome, menino, é pra você.

Ela perguntara se era assim que terminaria...
Ele disse que deixou uma brecha,
Pediu sua ajuda, pois a dor foi imensa,
E fez um último convite antes da viagem de amanhã.

- Voe depressa. - ele disse.

Hoje...

Novo “corre corre” na casa
Em função da arrumação das malas.
Resolveram também antecipar a comemoração,
Pois não estarão juntos no Natal.

Voavam roupas, utensílios, ingredientes
Arranjos natalinos, velas, vassouras,
Enquanto as meninas faziam a ceia (imagina!)
E a elfo providenciava a limpeza.

Jantaram, brindaram e o Mago os reuniu no chão da biblioteca.

- Hoje eu conto uma história
Que ouvi há muitos anos
Da amiga Fadinha, com quem tudo isso começou...

" Era uma vez uma fada que, um dia, viajando pelo mundo, pulou o lago do tempo. Sentiu-se forte e confiante e achou interessante o efeito e pulou de novo o lago do tempo. Infelizmente, cada vez que fazia isso, o que acontecia é que deixava o tempo para trás, assim como as coisas boas e os aprendizados que poderiam surgir. De qualquer maneira ela fez isso uma série de vezes... Um dia, achando que tudo sabia, viu uma bela lamparina, toda de cristal. Pensou: “- Lá eu brilharei mais e poderei espalhar melhor os meus encantos”. Porém a lamparina era uma armadilha de um bruxo malvado – o medo - e, ao entrar, lá ficou presa durante muito tempo. Mas a fadinha um dia pediu ajuda aos magos que mandaram feitiços de confiança e força e ela conseguiu voar – carregando a lamparina - até o lago do tempo, onde conseguiu pular de volta e reconquistar o tempo que havia sido deixado para trás. Desta forma, a lamparina – armadilha - quebrou e ela agora voa livre por aí. E descobriu que, melhor que fada, ela ganhou uma alma de verdade.”

....!

As meninas se despediram e se foram, transformadas em pingos de chuva.

- Xauuuuu, Mago!!

O Guardião irá para a terra do Dragão,
O Narrador levará o Guri
E a elfo cuidará da casa, enquanto o Mago estará distante...

Quanto ao menino... dele não tenho mais nada a contar... pelo menos por enquanto...

Mago Merlin... despedidas de Primavera e que venha o verão trazendo novas esperanças... aquele que sempre esteve aqui!

16.12.09

O Urso

Adrielle chorava!
Com a corujinha no ombro,
Iluminada pelos trovões,
Ele a encontrou no meio da floresta.

- Por que veio me procurar? - ele perguntou.
- Porque gosto de você. É o amor e a paciência que nunca tive.
- Você ainda é muito novinha pra pensar assim.
- Tome... é sua coruja...

O menino pegou a ave e, mais uma, vez a afagou.

- Vamos procurar lugar seguro. Vai chover e muito.
- É... acho que exagerei um pouco!

Encontraram uma caverna e por lá ficaram.
Conversaram um pouco, acenderam uma fogueirinha.
Deram sementes para a corujinha
E comeram algumas maçãs que Adrielle levara.

Eis que um urso apareceu:
Olhou para os dois, sorriu
E sentou a seu lado,
Como se também quisesse conversar.

Todos emudeceram e o urso falou:

“- Pequenina, você ainda tem muito o que aprender
E seu amigo também.
Lá fora tem muitas coisas esperando por vocês,
Mas precisam acreditar e não mais se esconder.

- Pode ser que ainda encontrem muita escuridão,
Mas existe luz que cruzará o seu caminho,
Desde que vocês acreditem nisso
E jamais parem de amar...”

Pasmos, o menino e Adrielle não sabiam o que pensar.
Uma névoa os encobriu e o urso acrescentou:

“- Olhem através dos meus olhos,
Vejam um lugar muito melhor,
Viagem para ele num mundo de fantasias
E seus sonhos se transformarão em realidade!”

No lugar onde estava o urso
Surge o Mago, de repente,
Pede a corujinha ao menino
E determina:

- Vá pequeno ser. Leve o bilhete a sua dona. Ela assim o quis e assim será feito. A Primavera está chegando ao fim e é hora de terminar com o encanto. Você será sempre bem-vinda quando quiser voltar.

A corujinha de olhinhos puxadinhos
Deu uma última olhada para todos
E alçou voo na direção que ela bem conhece,
Sumindo no horizonte.

- Vamos para casa. Todos estão preocupados. Ainda temos que fazer as malas. Em dois dias partiremos.

Mago Merlin... fazendo as malas novamente... mas continuará por aqui, como sempre!

15.12.09

Sorria

- Bom... isso tudo que eu contei aconteceu no domingo!
- Sim, Narrador, foi a boa a descrição. – disse o Mago.
- Mas vocês não sabem o que aconteceu com o Narrador...
- Então conte, Guri!

E enquanto o Narrador escrevia o passeio dos dois...

“Smile, though your heart is aching
Smile, even though it's breaking
When there are clouds in the sky
You'll get by...”


Batidas na porta pareciam de uma bengala.
Aquele sujeito de chapéu coco, terninho e bigodinho
Adentra a sala, num mundo imaginário
Criado somente para tal encontro...

“If you smile
Through your pain and sorrow, smile
And may be tomorrow
You'll see the sun come shining through for you”

O Narrador serviu um chá
E o visitante agradeceu.
Contaram algumas histórias engraçadas,
Além de outras tristes também.

“Light up your face with gladness,
Hide ev'ry trace of sadness,
Altho' a tear may be ever so near…”

Aí, o visitante perguntou
O “por quê” de tantas carinhas, lindas e assustadas,
Correndo de um lado para o outro
Procurando uma certa corujinha.

“That's the time you must keep on trying
Smile, what's the use of crying
You'll find that life is still worthwhile
If you'll just Smile.”


O Narrador explicou tudo:
Da luta contra a criatura em junho,
Até o retorno da montanha
E as juras eternas de um mês atrás.

- E o que mais aconteceu, Guri?
- Ora! O visitante foi embora!
- Perguntei da corujinha, onde ela está?
- Com Adrielle, ela a interceptou!
- Adrielle? Nunca pensei... e o menino?
- Estamos sem notícias há dois dias. Esperávamos você chegar para resolver tudo. – concluiu Deborah.

Mas isso é história para outro dia...

Mago Merlin... sorria... aquele que sempre esteve aqui!

14.12.09

Glee

Das histórias contadas em cantos,
No dia de brincadeira
E durante o percurso da volta,
Algumas foram muito interessantes...

Houve o conto daqueles dois:
Ela morava no interior,
Ele morava na cidade grande
E ambos pegaram o trem da meia noite para nenhum lugar...

Essa eles cantaram na praia mesmo
(ele nunca pensou que ela cantasse tão bem),
Acompanhados por uma banda formada por seres marinhos:
Peixinhos, baleias, tubarões e estrelinhas (claro que ninguém viu isso).

O sorriso de Beatriz valia a pena de se ver,
Sem parar, acreditando sempre
Que a alegria deve vir presente,
Mesmo com aquela que nunca existiu...

Houve também o conto da bruxa boa,
Daquele lugar que tinha uma estrada de tijolos amarelos,
Mas essa lembrou muito uma história mais atual,
Ai eles inventaram e foi meio assim que ficou...

- Era uma vez... é assim que se fala, né? – ela perguntou.
- Sim, Beatriz, você está aprendendo!

Alguém que achou que algo mudou dentro dele,
Que nada era mais tão igual,
Porque ele estava jogando pelas regras de outra pessoa
E ai descobriu que devia confiar mais nos seus instintos.

Então, resolveu voar:
Desafiou a gravidade, pediu um beijo de despedida (não receberá),
Aceitou alguns limites (porque alguém diz o que eles são)
E descobriu algumas coisas que não poderia mudar.

Teve medo durante um tempo,
Este tanto tempo perdido(?),
E concluiu que este amor que sentira
Teve um preço muito alto...

Então que ele voe pra bem longe,
Sentindo o calor do sol de pertinho,
Voando por sobre as ondas do mar,
Na direção do horizonte...

- Chegamos, Beatriz... foi muito bom... obrigado!
- Só você me chama assim!

Mago Merlin... de volta... pronto para ir de novo... a montanha o espera, mas ele continuará sempre aqui!

13.12.09

Conchinhas e Tatuís

Após a missão...

- Oi Beatriz! - olhando pelo espelho do carro, o Mago piscou para a menina (sim... magos também utilizam automóvel).
- Como sabia que eu estava aqui?
- Ontem eu vi seu sinal (o arco-íris) em cima da ilha.
- Gostou? Foi idéia do Dragão que me trouxe...

O amanhecer foi sem nuvens
E o sol brilhava no céu, totalmente azul,
Espelhado nas ondas do mar,
Iluminando o belo dia...

- Viu? Deixei tudo clarinho, mas pedi, para o Papai Noel, uns tufos de barba branca para fazer as nuvens!
- Gostei de tudo! O que deseja fazer?
- Somente te acompanhar na volta, mas posso pedir uma coisa?

Muito próximo da praia, ela pediu para ir até lá;
Ele concordou e assim foi feito.
Logo ao chegar, ela soltou as trancinhas que usava
E saiu do carro, correndo até a água.

Seu vestido branco, rendado, de alças finas,
Já estava com a barra molhada quando ele a alcançou.
De tão contente, ela corria atrás daqueles pássaros marinhos
E jogava água em cima do Mago, deixando-o totalmente molhado.

- Sua irmã vai reclamar. Você não ia usar este vestido no Ano Novo?

Ela respondeu levantando uma onda direto em cima dele
E, por pouco, ele também não fica ensopado de vez.
Então, ele resolveu brincar também, virar criança um pouco,
Lembrando do tempo das conchinhas e dos tatuís.

Algum tempo depois, algo exaustos de tanta correria,
Sentaram na areia e sentiram a brisa marinha,
Enquanto bebiam água de coco,
Observando o horizonte e o bater das ondas.

- Vamos agora?
- Sim... já estou satisfeita.

Deram as mãos, seguiram até o carro,
Não sem antes o Mago conjurar novas vestes para ambos,
E voltaram cantando e contando histórias,
Neste belo dia de sol...

Mago Merlin... de volta... aquele que sempre esteve aqui!

12.12.09

No air

Enquanto isso, lá no monte...

- Era isso que você queria dizer? - perguntou o Guri, com um trabalho pronto nas mãos.

Durante um bom tempo, eu criei tal ilusão
Que realmente o que parecia óbvio era verdade,
O amor que me dizias realmente existia
E me fazia muito feliz.

O tempo passou e te enchi de mimos,
Te levei, te busquei, te dei meu colo enquanto choravas,
Meu carinho e minha dedicação,
Mesmo sabendo que ainda não eras minha.

Me fizeste prometer o que eu cumpriria,
Pois voltei por você e pra você,
Quando o destino me colocou à prova,
Mas, em troca, também me fizeste duvidar de teu amor.

E a dúvida foi a pior dor
Daquelas tantas outras sentidas,
Quando, então, te pedi a morte
E me negaste este último desejo.

Sempre me virei por conta própria
E isso nunca importou até te encontrar.
Noites lentas sem resposta aos meus apelos,
Em que braços estarias quando não me retornavas?

Seguirei então só:
Desdenhaste meu amor e tudo o mais que te dei e daria a vida toda,
Já que assim igual nunca encontrarás,
Mas dessa forma é que se fez.

Obrigado por salvar meu coração,
Pois as partes que tu tens estão bem protegidas
E são tuas pra sempre...
Use com bom senso...

Ele sorriu e afagou a corujinha,
Mas uma lágrima rolou de seus olhinhos pequeninos,
Pois ela sabia que seria sua última viagem,
Para nunca mais voltar.

- Espere, menino! - um uníssono se fez presente – dê a ela mais uma chance.

- " Eu estou aqui sozinho, não quero partir...
Meu coração não se moverá, está incompleto,
Mas não consigo mais respirar
Porque a perdi e no meu mundo não existe mais ar..."

O restante dessa história pode ser que o Narrador conte outro dia...

Mago Merlin... em terras mais distantes... aquele que sempre esteve aqui.

Em missão

Há algum tempo, o Mago já envia algumas corujas
Com mensagens secretas,
Para lugares distantes
Ou destinos incertos...

- Deborah: cuide da casa, acalme Adrielle, pense em alguma solução e eu volto em dois dias. Irei só.

O Mago partiu para o sul próximo ao mar;
Não era seu destino final,
Pois o retorno de uma das corujas
Indicara outro local.

Por sugestão da Fada Syl, pousou naquela praia,
Onde, há tempos, encontraria a Garotinha (que não apareceu).
De qualquer forma, naquele tempo, descobriu o seu presente de Natal,
Pois o sol brilhava, o céu era azul e o silêncio acalmou sua alma...

- Por quanto tempo você achou que conseguiria congelar o coração dele?
- Ana, me deixa!

O menino riu de novo, afagou a cabeça das duas
E mostrou o bilhetinho trazido pela corujinha dos olhinhos puxadinhos.
Adrielle conjurou nuvens negras e a chuva caiu;
Ana as afastou...

- E o que pretende fazer, menino? - Deborah perguntou.
- Como se você não soubesse...

“A vida é mesmo
Coisa muito frágil
Uma bobagem
Uma irrelevância
Diante da eternidade
Do amor de quem se ama...”(NR)


Mago Merlin... em missão... aquele que continua por aqui, como sempre!

7.12.09

Contagem regressiva

- Adrielle! De novo não! – ralhou Ana.
- Ela que pediu!

Apesar dos esforços de ambas,
Chegou-se ao meio termo:
O céu ficou somente nublado
E uma brisa fresca coloriu a noite escura.

O menino ria da “briga” das irmãs.
Parecia satisfeito: fez o que tinha que fazer,
Mesmo esperando aquele chamado,
Que nunca chegou e que provavelmente nunca chegará.

De repente, um brilho diferente iluminou a sala,
Ofuscando a todos, menos a ele.
Distante, ele parou de ouvir todas as vozes a sua volta,
Ela estava lá, a Lua, linda como sempre, em prata e porcelana.

Seus pensamentos se uniram na mesma sintonia de outros tempos:
Parecia que eles sabiam a pergunta que seria feita,
Assim como a resposta que queriam ouvir,
Pois no silêncio ele ouviu a sua voz e conversaram.

O clamor da montanha o chama de volta.
Será bom rever a professora, a amiga baiana, a Fada dos Olhos, 
Os caminhos do parque e os velhos sonhos lá deixados,
Quando ele somente quis que ela soubesse quem ele era...

Mago Merlin... contagem regressiva, pois a montanha o espera de volta... aquele que continua sempre aqui!

5.12.09

Preparando o Natal

Pareciam formiguinhas andando do lado para o outro,
Subindo no armário, atrás da antiga caixa,
Espalhando tudo pelo chão,
Para depois arrumar com precisão.

- Mas estamos quase no verão, precisa este frio todo?
- Narrador, deixe Adrielle dar o clima da coisa. - pediu o Mago.

A pequenina deu um risinho
Igual àquele da menina Jaqueline,
Que saudou o Mago logo cedo, com a mesma alegria das manhãs,
Apesar do olho roxo (deixa quieto... ela está bem e sorridente como sempre).

Frutinhas vermelhas foram unidas num colar
E caixinhas foram enfeitadas com papel brilhante e lacinhos.
Deborah usava a luz dourada das estrelas e o brilho da lua
Ao pintar bolinhas de sabão para serem penduradas depois.

Um pinheirinho foi miniaturizado pelo Mago;
O menino trouxe uns "galhinhos" secos logo rejuvenescidos,
Enquanto o Guri e o Narrador separavam pergaminhos e penas,
Para que todos escrevessem suas cartinhas.

A antiga árvore dos passarinhos,
Presente da amiga artesã lá da montanha,
Foi totalmente enfeitada com tudo que recolheram,
Para saudar o Natal que se aproxima.

- As cartas estão prontas? Aproveitem que Chapeuzinho (Vermelho) vai levar a dela e pode levar a de vocês também.

Ana pediu uma mochila nova;
Adrielle, um vestido cor de rosa;
O Narrador e o Guri dividiram os mesmos desejos
De pergaminhos, penas e canetinhas (para ficarem mais modernos).

O menino nada pediu de especial,
Pois seu maior desejo é outro,
Apenas uma armadura nova
Para enfrentar o dragão mais uma vez.

Aliás, o dragão pediu um isqueiro...
Tá ficando velho e precisa de uma ajudinha às vezes.
Os desejos do Mago e de Deborah não foram revelados,
Talvez porque já não tenham mais o que pedir além de felicidade.

O dia, então, começou frio,
O fogo foi aceso, outros pensamentos surgiram,
Um abraço e um beijo foram trocados,
Enquanto o Mago aguarda para conhecer o futuro.

- Ele fez isso, Narrador? - perguntou Ana.
- Como se você não soubesse!

Mago Merlin... preparando o Natal... aquele que continua por aqui!

4.12.09

Valsinha

A valsinha de Debussy não saía da sua cabeça.
Mínimas, semínimas e semifusas,
Na quarta ou quinta oitava do piano,
Estudo desconhecido até então.

Procurara a “Claire de Lune”,
Mas achou essa outra, tão linda,
Que lembrara o sorriso da flor que idolatra,
Assim como seu caminhar distribuindo estrelinhas...

Ele prestou atenção, mas ela não veio.
As meninas, tristonhas por não saber o que fazer,
Desmancharam a mesa de almoço, preparada com carinho,
Para que ele sofresse menos, pois não foi utilizada.

Durante horas ele ficou assim: em silêncio e pensando.
Entregou um bilhetinho à fiel corujinha,
Para que chegasse, pela manhã, à sua dona,
Talvez somente para dizer que ainda estava aqui...

Esperou...
Sabia que ela se materializaria mais tarde,
Mesmo que não fosse para falar com ele,
Pois outro recebe seu sorriso e também as suas juras.

E assim se fez:
Ele ignorou a possível outra presença,
Que lhe traria mais uma dor (do ciúme),
Preferindo somente falar durante um tempo.

Não consegue ter mágoa,
Só consegue sentir dor.
Essa dor dos contos de fada,
Onde nunca se sabe se o final será feliz.

E dessa dor ele não quer se livrar,
Quer sentir até o final,
Mesmo que tenha pedido que ela desse um fim nisso,
Destruindo de vez seu coração.

Seguirá quieto, ouvindo o toque do passarinho na janela,
E as notas suaves do piano...

Mago Merlin... aquele que segue por aqui também, como sempre.

2.12.09

Os lobos, o menino e a tempestade

Mais uma tempestade e outro apagão...

- Não fui eu! Mania de achar que sempre que chove e falta luz a culpa é minha!
- Adrielle, isso já é rotina! – disse o Narrador.
- Dessa vez a culpa não foi dela...

Ana voltara sem Deborah.

- Onde está sua irmã, Beatriz?

Naquela noite, a matilha se reuniria ao leste.
Defenderiam suas terras de qualquer invasor,
Pois era lua cheia e, nesses dias, ninguém pode ser aproximar,
Já que seria considerado uma afronta à adoração das feras.

- Foi atrás dele com o Dragão. Criamos a tempestade para tentar atrasá-lo. Pediu que te avisasse.

Caminhou durante três dias e três noites
Até encontrar a floresta protegida,
Onde até mesmo os morcegos a evitam,
Pois sabem do perigo que podem correr.

Acampou, durante o dia, em silêncio,
Como já o fazia desde que começara sua jornada.
A tempestade se aproximava, levantou o acampamento
E caminhou depressa.

De longe os avistou sendo também farejado pelo líder.
Deborah também o viu, mas ainda estava distante.
Ele tirou da sua mochila um restinho de encantamento,
Para afastar as nuvens e deixar a luz da lua o revelar.

Num último momento de hesitação
Recebe um recado trazido pela corujinha dos olhinhos puxadinhos:
- Preste bem atenção!

- E o que mais havia no recado? – perguntou o Narrador.
- Só sei que foi o suficiente para que ele recuasse a tempo do dragão criar uma barreira de fogo entre ele e as feras.

Neste momento, Deborah entra na casa, a tempestade cessa e a luz volta.

- Ele está bem. Virá pela manhã.

Mago Merlin... aquele que sempre esteve aqui!

1.12.09

Traição

A lua quase cheia brilha no céu mais uma vez.

Domingo...

- Ele não veio com você? – perguntou o Narrador.
- Ficará distante um tempo. Aproxime-se pequenina.

Adrielle, envergonhada, chegou perto do Mago com um abraço.
- Desculpe. Não sei o que me deu na cabeça.

O Mago afagou seu rosto e deu um sorriso.
- Já passou. O mais difícil você já fez. Sente e escute.

Era uma vez... os contos de fada começam assim.

Um escritor!

Sua vida era a pena e o pergaminho.
Numa casinha perdida no meio da floresta,
Feita de madeira, com lareira e chaminé,
Branca de telhadinho vermelho e tudo o mais.

Seu jardim era repleto de flores das mais variadas,
Onde borboletas e passarinhos brincavam durante o dia.
No quintal havia um pomar, uma horta
E ele vivia lá, sozinho mesmo, recebendo visitas às vezes.

Um belo dia, recebeu a visita de um guerreiro
Que fora traído em seu amor
E que pediu que escrevesse um livro a respeito,
Contando toda sua história triste.

O escritor pensou e respondeu:
- Volte na próxima lua cheia. Terei seu trabalho pronto.

E assim os dias passaram...
Na lua cheia seguinte, o guerreiro voltou.

- Pronto! Eis seu trabalho concluído.- disse o escritor.

Ricamente encadernado,
Um enorme livro de folhas brancas.
Ao abrir, o guerreiro abismou-se:
- Mas não há qualquer linha escrita!

No que o solitário escritor retrucou:
- Assim é a traição. Nada escreve e tudo apaga.

Mago Merlin... aquele que sempre esteve aqui!