7.4.11

Epílogo

Eles sentaram num banquinho
E sentiram os raios de sol em seus rostos.
Os olhos castanho-esverdeados de Ana Beatriz
Contrastaram esse momento...
















- O que falta agora? – ela perguntou.
- Ir em frente. O restante já fizemos.


Deborah voltara, há alguns dias,
Para buscar o Guri e Melinda.
Trilharão o tempo, conhecerão seu passado,
Aprenderão o presente e serão seu próprio futuro.

O Menino veio buscar Adrielle:
Juntos, seguiram na direção do mar,
Onde acompanharão sonhos,
Como se fossem ondas batendo na praia.

O Guardião baixinho rodou seu cajado pela última vez;
Agradeceu o tempo que passaram juntos
E desapareceu, como poeira das estrelas,
Já que as ruínas serão guardadas pelo Dragão e pelos yetis.

Ana Beatriz ficou até o final.
De mãos dadas com o Mago
Conjuraram uma longa teia de era,
Para proteger definitivamente o que fora seu refúgio.

- E pra onde vamos, então?
- Ainda não sei...
- Ah! Impossível!
- Quer um sorvete, Beatriz?
- Só você me chama assim...


Como o por do sol,
Desapareceram no horizonte...
















- E o Narrador? - perguntaria a Fada dos Olhos.

Ele estará por aí, sempre narrando alguma coisa...

"É preciso que um dia se vá,
Pra que outro dia amanheça."

Mago Merlin... por aí... mas continuará por aqui, como sempre!

27.3.11

Firework

- Ei meninas! Pelo visto vocês gostaram das velhas aqui, não é mesmo?

A gargalhada ecoou por todo o museu.
Melinda, mais uma vez, acompanhou Ana,
Numa visita àquelas bruxas, para contar algumas novidades,
Já que alguma coisa elas não souberam.

A casa recebera muitos visitantes,
Pois isso fazia parte da confusão anteriormente instalada.
Eles não ganharam passe livre por conta de cupons dourados,
Encontrados em chocolates Wonka, mas a história ficou parecida.

- Bom, pelo que vocês estão contando, ela voltou pra vidinha sem sentido e ele mandou ver né?

Foram todos reunidos de uma vez, para a tal visita,
E a cada besteira que falavam, um a um era eliminado.
O primeiro foi logo um com luzinhas verdes que resolveu mostrar a língua
E, a seguir, ganhou uma conversinha com o Dragão.

- Jeito de saco plástico ao vento que derruba castelo de cartas ou enterrada sem ninguém escutar o que diz?

O mensageiro amarelo até que foi simpático,
Mas o Guri deu uma olhadinha de canto de olho
E ele preferiu entregar rapidinho o que trazia,
Para evitar maiores prejuízos.

- E vocês vieram aqui pra ver se temos alguma sugestão?

Um barulhento que insistiu na mudez
Foi recebido por este Narrador que vos fala
E logo substituído, já que barulhento sem barulho,
Não possui qualquer serventia por aqui.

- Hum... pode ser que... hum... temos sim.

Um leão apareceu, como todos os anos,
Mas este já está cercado pelos yetis
Que o colocaram no fundo do quintal,
Afim de evitar mordidas desagradáveis.

- Mas será que ela ainda tem uma chance? Isso já é com vocês.

Adrielle riu o tempo todo,
Enquanto o Guardião aplicava o teste em todos eles.
Ana preferiu observar à distância,
Pois combinava com Melinda uma viagem.

- Então, já que é isto que vocês querem...

E uma cantoria simpática cruzou os céus:

“[…]You don't have to feel like a wasted space…
[…]You just gotta ignite the light and let it shine just own the night.”

E o trabalho continuou no monte
Enquanto, lá fora, chove como na montanha,
Mas sem o mesmo brilho,
Pois aqui tudo é muito diferente...

Mago Merlin... aquele que continua por aqui como sempre.

17.3.11

Reverie Sound Revue

Ouvindo o som revisado do devaneio,
Algo totalmente canadense,
O Narrador recebe, de novo,
A visita do amigo Mário.

- Quer um café? – ofereceu o Narrador – Parece aborrecido.
- Que nada... afinal, “todos estes que aí estão
atravancando o meu caminho, eles passarão. Eu passarinho!”

No final da tarde, a lua colocou as mãos na cintura
E pediu ao sol que terminasse logo sua função,
Pois ela, quase cheia, teria muito a fazer,
No que ele enrubesceu e caiu fora.

Por sua vez, ela queria dançar de novo
E, a caminho do encontro com as meninas,
Deu de cara com aquele ursinho, da cor do chocolate,
Que surgira próximo ao Natal e que trazia uma mensagem.

- Para onde vai, ursinho?
- Acho que vamos para o mesmo lugar...

Achando que o visitante precisava mesmo era de chocolate,
O Narrador logo providenciou uns bombons,
No que ele agradeceu com um sorriso
E aproveitou para mandar:

“Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...”

Chegando lá, reuniram-se no jardim.
Ana, Adrielle, Melinda e a lua,
Para um “papo de garotas”,
Sentadas no jardim.

Para quem chegou depois,
Naquele dia que Coralina falou
E as meninas saíram detonando tudo,
Os ursinhos foram salvos, inclusive o “chocolate”.

- Hum... de onde você tirou esses olhos azuis? Vamos consertar isso! – disse a lua.

Invocado um brilho já conhecido de Melinda,
Surgiram suas vestes bem “dark”
E seus cabelos negros bem curtinhos
Emolduraram os olhos prateados, sombreados em preto.

- Ah! Agora sim reconheço você! – disse a lua (Melinda sorriu).

Leram o bilhete. Agradecimentos...
Pelo que? Ah! Pelo trabalho que Adrielle teve
De tomar conta de tudo, já que assim o Mago pedira,
Mas quem deveria agradecer era o ursinho (foi o que restou...).

Nisso... hora de ir embora:
Mario olhou para a lua, e “fez cara de espanto,
Como se fosse a primeira vez”;
Ela sorriu, lhe deu a mão, pegou o ursinho
E desapareceram...

As meninas resolveram dançar,
Para não perder a ocasião,
Enquanto o Guri, que perdera toda a movimentação,
Perguntou ao Narrador:

- O que ele disse antes de ir embora?
- Simples, porém perfeito:
“Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro.”

Mago Merlin... aquele que sempre esteve aqui!

11.3.11

A amiga mais antiga

Há muitos e muitos anos… os Contos de Fada às vezes começam assim também!

Uma menina de nome Mytil
Percorreu passado, presente e futuro,
Junto de seu irmão, sua gata e seu cão,
Guiados pela Fada Luz, à procura do Pássaro Azul.

Chegando ao futuro, encontrou um lugar muito interessante,
Onde conheceu um jovem casal de amigos
Que foram separados pelo destino,
Já que o menino embarcaria numa viagem e ela ficaria a chorar.

Alguns anos depois, talvez uma cena semelhante tenha acontecido.
Felizmente essa separação duraria somente vinte e três dias,
Pois o destino os uniu novamente
E assim permanecem juntos até hoje.

Bom... juntos não é bem a palavra exata.
Digamos que eles cresceram quase juntos,
Compartilharam sonhos, livros de estorinhas,
Trocaram confidências e sempre estiveram aqui.

Com o tempo, ambos criaram fantasias isoladas
E viveram seu conto de fadas, separadamente.
Mesmo ela se dizendo “complicadinha e introspectiva”
Sempre foi sonhadora, mas ele representou melhor o sonho.

Criaturas da lua, “farinha do mesmo saco”,
Conhecem mais um do outro do que qualquer pessoa existente,
Pois suas almas foram unidas muito tempo antes de nascerem
E isso ninguém poderá jamais mudar.

Amiga mais antiga, amiga tão querida,
Hoje ela descobriu o caminho da Fronteira Transparente,
Conheceu o País dos Sonhos Verdes
E não é que ele estava lá à sua espera?

- Entre – sorriu Ana – há tanto ele te esperava.
Ela agradeceu o sorriso com outro, algo tímido.
- Ei! Não foi boa essa aventura? Aguarde que outras ainda virão. – concluiu Adrielle.

De mãos dadas, as três entraram na casa...

Mas isso tudo ainda será história para outro dia...

Mago Merlin... saudando o retorno da amiga mais antiga... aquele que, como ela, sempre esteve aqui!

10.3.11

Que nem maré 2

Ontem...

O Dragão acolheu os yetis em sua caverna,
Assim que eles fizeram aquela carinha de urso panda,
Já que Ana, segurando a mãozinha de Adrielle,
Entrou na sala e olhou à volta.

Hoje...

- O que diz o recado que essa coruja vai levar, Narrador? – perguntou o Guri.
“Jorge, eu to só lhe esperando! Jorge, cadê você?”

E num daqueles encontros imaginários que o Narrador tem às vezes...
“Meu camarada, chega aí! Meu camarada, fala aí”

A visita foi bem rápida,
Mas Dri recebeu um recadinho:

“É, a paciência foi pela vida inteira o meu escudo quando o mundo disse não”

Ela ruboresceu, ao sorrir, no que ele continuou:

“Tente imaginar como pode ser
Quando ao livre-arbítrio, nós fizermos jus
E o que quer de nós, esse tal poder?
Toda escolha traz uma renuncia à luz.”

Ana, ouvindo o movimento,
Aproximou-se bem silenciosa,
Mas ele percebeu e piscou pra ela:

“Ela une todas as coisas
Quantos elementos vão lá …
Sentimento fundo de água
Com toda leveza do ar”

Todos reunidos deram as mãos e ele terminou:

“Chega de fingir, eu não tenho nada a esconder
Agora é pra valer, haja o que houver
Não tô nem aí, eu não tô nem aqui pro que dizem
Eu quero é ser feliz...”

Ainda ontem...

No seu franzir da testa, Adrielle entendeu o recado da irmã
E, juntas, sempre de mãos dadas, começaram a estalar os dedos
Causando tamanho alvoroço,
Que até o bravo Guardião baixinho ficou assustado.

- Pronto! Isso aqui precisava de algumas mudanças! – disseram, em uníssono.

Voou cadeira, explodiram vidros, desfolharam livros,
Desfeitos acordos, feitos embrulhos, uma confusão danada,
E saíram Narrador, Guri e até Melinda, pela janela mesmo,
Antes que a coisa sobrasse em cima de suas cabeças.

E lá, na pequena ilha, que não era a ilha Blu, quem sabe, qualquer dia...

- E foi assim que aconteceu? – perguntou uma daquelas velhas bruxas ao Narrador.
- Sim! Achei que vocês gostariam de saber, por isso dei um pulinho aqui.
- O verão está acabando, não é mesmo? E virá mais uma lua cheia, então.
- Com certeza! – ele respondeu.

“Eu me entreguei demais
Eu imaginei demais
E o silêncio fala mais que a traição
Foi um devaneio meu
Um veraneio seu
E um outono inteiro
Em minhas mãos”

Narrador... o Mago foi arrumar a bagunça... mas logo ele volta, pois continuará sempre por aqui!

9.3.11

Assim falou Coralina

A lua ainda é “casca de queijo”
E o céu estrelado, sem qualquer nuvem,
Recebe o cheiro adocicado da flor da noite
E é apreciado pelo Mago.

Há tempos houve uma ciranda
Que o Mago pedira à Ana
E “o amor que era tão grande,
Que nem vidro se quebrou.”

Vários encantos vieram daí;
Muitas histórias, muitos momentos
E o amor foi contado em prosa e verso,
Em cantos e cantorias, durante muitos meses.

Também foi falado da falsidade,
Da crueldade que eventualmente cerca o amor,
Quando, num simples falar sem tato,
Sem qualquer delicadeza, desfere-se um golpe mortal.

E para não falar do egocentrismo,
Já que isso não faz qualquer diferença,
Ficam os versos de Cora Coralina
Para brilhar nos corações como as estrelas no céu.

“Não sei ... se a vida é curta
ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita.

Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
não seja curta,
nem longa demais
Mas que seja intensa
Verdadeira, pura ...
Enquanto durar.”

E no silêncio que se seguiu,
Todos se reuniram à sua volta,
Observando as estrelas...
Só observando...

Narrador... o Mago está lá fora com as crianças... mas ele logo volta por aqui, como sempre!

8.3.11

A House is not a Home

Hora de voltar… uma última saudação ao céu muito azul
E o caminho pelo campo virou uma pintura,
Alternando tons de verde com um dourado brilhante
Em alguns trechos do percurso.

Ao chegar, encontrou tudo exatamente como deixara.

- Quanto tempo foi necessário para isso, Narrador?
- Bom... eu fui dormir e não estava tão arrumadinho assim!
- Mago! – aquele uníssono que a cada hora aumenta mais o som.
- ‘Tó, Beatriz. Você sabe o que fazer.

Ana pegou a pequena sacola verde, verdinha,
Onde raios de sol da viagem foram colocados,
E os espalhou por todo o lado,
Fazendo brilhar ainda mais um presente dado ao Guri.

- ‘Tó, Guri! Você sabe muito bem falar sobre isso.

O Guri pegou a caixinha de madeira,
Com o símbolo da Rosa Azul entalhado,
Igual àquela conquistada pelo menino, há tempos,
Onde uma almofada em forma de coração estava guardada.

Ele olhou, pensou e lembrou das letras de algumas músicas;
Pediu ajuda a Melinda, que sorriu, e mandou:
- Aqui já há sol e agora um coração...
Para haver um lar, basta seu lugar ser preenchido,
Porque, como disse outra canção,
“… a house is not a home, when there's no one there to hold you tight,
and no one there you can kiss good night.”

Todo aplaudiram!

- ‘Tó pequenina Adrielle. Você deverá tomar conta por enquanto.

Num embrulhinho prateado, com uma bela fita rosa, rosinha,
Adrielle encontrou dois simpáticos ursinhos,
Que foram colocados na bandeja mágica,
E um livro com a tal história que também estava no DVD.

- E aí vou tomar conta até tudo se resolver?
- Precisará de muita paciência...
- Você pode ajudar nisso?
- Hum...

Ele ficou pensativo durante alguns instantes e resolveu:

“- Da forma como está, todos podem te ver;
Ficarás invisível, até tudo acontecer”

Uma nuvem branca a recobriu...

- Mas e se nada acontecer, Mago?
- Tenha calma, Beatriz. Logo chegará outra lua cheia.
- Mas o tempo não fazia parte do acordo...

A noite caiu lentamente,
Como acontece nessa época do ano.
Ana e Adrielle se aproximaram
E preferiram ficar em silêncio.

Mago Merlin... já de volta... observando e continuando por aqui como sempre!

6.3.11

Muito Peixe

Ontem…

Mais uma vez, é hora da festa do tal rei gordinho;
Só que pelas bandas do monte nada acontece,
Vive chovendo, o frio de inverno já se aproxima
E o Mago resolveu procurar as terras quentes do oeste.

Adrielle resolveu voltar e se reunir aos demais,
Porque notou que só com a presença dela é que tudo se conserta,
Já que irritar Ana é uma coisa muito difícil,
Pois paciência ela tem de sobra!

- Meninas. Ajudem a Elfo e cuidem de tudo. Volto em quatro dias.

Desta feita ele foi parar num lugar menor que o monte,
Onde o número de visitantes é maior que o de habitantes.
Alguns podem pensar que lugar assim nem existe
Só que são habitantes de sorte.

De suas terras brotam águas quentes, com poderes mágicos
Que são acumuladas em laguinhos artificiais,
Onde os visitantes podem desfrutar com tranquilidade
Durante o período de sua estada.

Hoje... no monte...

- Ana, você precisa tomar alguma providência.
- Ele ordenou que eu não fizesse nada.
- Mas já passaram mais de quinze dias!
- Adrielle, foi o combinado: não havia tempo e sim o livro.

A chuva e o frio ficaram pra trás.
Dias de descanso, de tranquilidade,
Sem nunca esquecer o que continua existindo,
O que realmente importa e o que os seus olhos sempre disseram...

Mago Merlin... foi lá e logo volta... mas continua por aqui, como sempre!

27.2.11

Scusa ma ti chiamo amore

- ‘Tó Mago. Adrielle pediu para entregar.

“Há algum tempo atrás, o menino se encantou com essa história e pediu que um dia entregasse pra você. Foi assim que o livro mágico começou e creio que agora ela significa muito e muito mais do que antes. Beijo no coração. Dri.”

Junto ao bilhetinho, amarrado com uma fita rosa,
Um DVD (sim... magos também assistem filmes na televisão).
Um velho equipamento foi desempoeirado, plugs foram ajeitados
E o trabalho de uma semana de Adrielle, pode ser visto.

“Não sei dizer nada mais
Digo só que é você que
Redesenha o meu destino
E colore o desejo dentro dos meus olhos”

Dessa feita, a Ilha Blu foi admirada e não imaginada,
Assim como La Luna, “le ONDE” e tudo o mais.
Várias canções, vários momentos,
Tudo junto num sonho que parece realidade.

“Uma vida pra reescrever
No seu coração que tem mil páginas
Folhearei poesias que falam de nós
Um amor que não tem idade
E falarei de um amor que ultrapassa as distâncias”

De um a dez foram contados dias (Alex contou 28),
Divididos em horas, minutos, segundos,
Que passam como séculos,
Lenta e dolorosamente...

“Scusa ma ti chiamo amore
Non so dire nulla più
Scusa se ti ho dato un nome
Ora puoi chiamarmi anche tu”

E no ar uma estranha brisa precede o que irá acontecer...

Mago Merlin... aquele que continua por aqui como sempre!

26.2.11

Acontecerá

Ana chegou logo cedo, acompanhada do Guri e Melinda.
Realmente, como avisaram as bruxas,
Adrielle foi muito importante durante a semana,
Pois, às vezes, ser “nervosinho(a)” é necessário.

Claro que muita chuva veio junto,
Já que é uma coisa que ela adora ver,
E bastou saber da sua presença,
Que o acordo passou a ser seguido com mais precisão.

- Oi Mago! A luz já voltou! – um uníssono para acordar.

Após se despedir, ontem, de Adrielle,
Logo um “ops” ao longe foi ouvido,
Seguido de um tradicional apagão,
Quando o yeti tropeçou numa árvore e aí...

Com toda essa confusão, algo sem sentido,
O dia ficou muito longo e havia de ser preenchido.
Coisas diferentes foram feitas, velhas mágicas surgiram,
Para tudo terminar naquela ideia do farol.

Um silêncio se formou...
Melinda rondou a casa, procurando algum desafio;
O Guri observava de longe;
Ana aproximou-se do Mago que folheava uns escritos de Goethe.

- Algo está prestes a acontecer...
- Por isso viemos...
- Quer um chocolate, Beatriz?
- Só você me chama assim!

Mago Merlin... aquele que sempre esteve aqui.

20.2.11

The Only Exception 2

- Não, Ana! Você já tinha feito quase tudo. Esqueceu que outros dois livros existiram antes?

Mesmo sendo lua cheia, Melinda resolveu arriscar,
Já que a Fada Madrinha garantiu que nunca mais seria vista,
E acompanhou, como fiel protetora, ao lado do yeti,
Ana, até a enseada onde moram aquelas bruxas.

- Porém prepare-se. Mande sua irmã “nervosinha” pra lá o quanto antes.

Enquanto nada acontecia e tudo era visto e sentido,
Mesmo que isso não fosse o acordo,
Outro livro era folheado, pistas eram encontradas
E pensamentos desconexos surgiam por toda parte.

- Ele a sente e a vê, pois a procura sempre por toda parte.

A textura da capa lembra outras mãos,
Como se as mesmas pudessem ser tocadas suavemente.
Algumas páginas foram marcadas, talvez de propósito,
Mas isso será descoberto depois.

- Agora vá menina! E venha nos visitar sempre que quiser!

Um ingresso, uma orelha e até uma pequena mancha
No topo daquela outra página...
Sinais que, talvez, jamais sejam decifrados
E que devem fazer parte do mesmo encanto.

Ele resolveu deixar o coração à mostra...
Tantas vezes ele já foi partido, tantas cicatrizes,
Ele deve ser totalmente indestrutível
E mais um ferimento nem fará diferença.

- Ana! Ele está totalmente enganado! Pode deixar que eu vou mesmo.

O nascer da lua não pode ser visto,
Pois as nuvens a esconderam em diversas ocasiões.
Um clarão, um trovão, algumas estrelas se assustaram,
Uma chuva fina e rápida caiu.

- Oiiiiiiii, Mago!

Ele sorriu. Já sabia que ela viria (pois tudo ele sabe)
E preparara um chocolate quente
Que tomaram juntos, sem mais nada falar,
Até que ela adormecesse ao som da melodia que tocava...

“Maybe I know, somewhere
Deep in my soul
That love never lasts
And we've got to find other ways
To make it alone
Or keep a straight face
But darling,
You are the only exception”

Mago Merlin… aquele que sempre esteve aqui.

19.2.11

O que você acha que as cores fazem por você?

Outro dia a Drika perguntou
O que eu achava que as cores faziam por mim.
Tentei de todo jeito colocar isso num texto
E várias ideias vieram à cabeça.

Uma delas, a escolhida, foi falar de dias.
Pensei em montar um mosaico
Colorido, coloridinho, como pastilhinhas de parede,
Colocado numa caixinha como se fosse um pequeno arquivo.

Meio inspirado pela Emi,
Já que lá eu achei o tal do “Diário Infinito de Frases”, 

Cada pecinha do mosaico seria uma data
Com uma cor específica que a representasse.

De cara fui procurar o tal dia, há quase dois anos,
Onde nem se sabia que uma história começaria,
E escolheria as cores mais bonitas,
Já que uma fada lá estaria presente.

Algumas peças do mosaico seriam sem cor,
Pois são aqueles dias que desejamos deletar das nossas vidas.
E, então, veio a resposta que tanto a Drika queria:
Cor é vida... o que não tem cor é representado pelas trevas.

- Ei, Narrador! Essa história foi boa.
- Também gostei, Guri!

Fica, então, um desafio,
Nos moldes daquele da Tati:
“- O que você acha que as cores fazem por você?”
E isso vai dar mais histórias para outro dia...

Mago Merlin... aquele que sempre esteve aqui!

17.2.11

The Only Exception

Naquele momento em que o sono nos deixa tontos
E nem sabemos bem se estamos dormindo ou sei lá o que,
Vários pensamentos voam na velocidade da luz
Piscando em frente aos olhos como faróis coloridos na estrada.

- Ei... achei que gostaria de me ver!

Ana, mais uma vez, aparecera para velar seus pensamentos.
De uma forma doce, como criança que é,
Sentou ao seu lado, enquanto ela se acomodava ao travesseiro,
E afagou os seus cabelos, da mesma forma que faz com o Mago.

Às vezes fazemos umas promessas tolas a nós mesmos,
Criamos algumas crenças do tipo "o amor nunca dura",
E que o melhor a fazer é seguir em frente sozinhos
Numa distância aparentemente confortável.

Claro! Tudo que parece difícil e impossível nos abafa,
Mas não impede de transmitir a realidade,
Que não conseguimos enxergar,
E a solidão parece ser tão boa, já que nada além vale o risco.

Um belo dia, alguma coisa diferente acontece
E pensamos ser tudo um sonho.
‘Tá certo que você possui um forte controle sobre a realidade,
Mas não é possível deixar o que está à sua frente.

Essa é a única exceção
E estou aqui pra provar isso pra você.
Então acredite, porque para isso falta muito pouco...

Ela dormiu, Ana foi embora
E a lua, quase cheia, dessa vez sorriu...

Mago Merlin... ode ao Paramore... aquele que sempre esteve aqui!

13.2.11

As Três Bruxas

- Ei, Mago! Nós também estamos aqui! – gritaram as bruxas.

A proximidade do inverno e o verão chuvoso,
Aliados à ausência das crianças, que iniciaram as aulas,
Fez o Mago partir para encontrar o mar,
Lá perto de onde mora Alice.

Enquanto isso, lá naquele lugar que nunca aconteceu...

- Adrielle, pode pedir para seu yeti me colocar no chão?

Mais uma vez, molhado e de ponta cabeça,
O Narrador foi levado até o tal lugar,
Para contar as novidades, aproveitar um lanche
E satisfazer a ávida curiosidade de todos.

Um pequena ilha, bem diferente da Ilha Blu,
Onde você pode escolher como quer o mar:
Uma calma enseada, um porto numa baía,
Ou a definição preferida, cheia de ondas batendo na areia clara.

Além do mar, muitas coisas do tempo antigo,
Incluindo um museu, repleto de barcos e jangadas,
Onde histórias marítimas foram contadas
E cantadas também, pelo Dori e pelo Jobim.

- E foi aí que ele encontrou as tais bruxas?
- Exatamente, Ana! E elas gritaram e o saudaram!

Se dizendo regeneradas, depois de tantas maldades
Que aprontaram para aquelas princesas,
Ainda possuem alguns poderes,
Mas preferem ficar quietas num barco do museu mesmo.

Ele foi simpático, riu muito com elas
E registrou o encontro festivo,
Naquela conhecida imagem digital,
Para poder compartilhar com outros amigos.

- E foi só isso, Narrador? – perguntou o Guri
- Bom... ele sentou de frente para o mar, como daquela outra vez...
- E as bruxas viram isso?
- Sim, Melinda! Como ele foi muito simpático, elas também mandaram um feitiço...

“Que agora o tal silêncio termine,
Pois o livro de histórias foi compartilhado...
Fruto adocicado de uma peça do destino,
Que ela saboreie, tão doce é o sentimento que ali se conta,
E a magia dos amores invada todo o seu ser!”

- Nossa! Preciso aprender alguma coisa com elas!
- Mas você também manda muito bem, Ana! – concluiu o Narrador.

Mago Merlin... foi lá, viu o mar, as bruxas, já voltou... mas continuou por aqui como sempre!

9.2.11

Listen

Vários dias se passaram,
Muitas coisas ficaram diferentes,
Novas fórmulas mágicas foram necessárias
E, aos poucos, algumas dores foram controladas.

Como se fosse um farol, numa ilha deserta,
Que guia os barcos através dos estreitos,
Quase todas as luzes foram acesas
E as portas abertas deixaram entrar a brisa mais fresca.

Chove bastante, sem tempestade;
É lua nova, mas nem estrelas são vistas,
Apenas muitas nuvens, sem raios ou trovões,
E sons antigos foram invocados do céu.

Ao silencio, entrecortado pelas baladas,
Foi adicionada uma leitura,
Do livro que foi saboreado, como uma doce maçã,
Durante várias semanas, desde o dia que ele surgiu num encanto.

Somente uma coisa ficou igual:
Ele sempre presente
E ela sempre ausente,
Perdida nos seus pensamentos...

Mago Merlin... aquele que sempre estará aqui!

6.2.11

To Sir With Love

- Oi! Tudo bom?

O final de semana foi de descanso...
Logo cedo, ainda sem a presença do sol,
Eles partirão, prometendo logo voltar,
Para muita confusão e aventuras.

- Vi que você andou sem palavras e com cara triste!

Adrielle pediu que os guerreiros de Terabithia retornassem,
Para ajudar o Guardião na defesa da casa.
Algumas coisas foram guardadas
E a cadeirinha de balanço de corações não está mais lá.

- E agora fala de caminhos difíceis...

Chora o ursinho, de saudades daquele tempo,
Onde tudo era muito mágico,
Onde tudo era fielmente feito,
Onde, agora, nada mais existe...

- Valeu essa experiência? Foi bom você desistir de si mesma?

Terminaram o trabalho e foram jantar:
Claro que foi servida uma pasta tradicional,
Tomaram suco de uva e, de sobremesa,
Sorvete de chocolate.

- Pare de pensar e deixe seu coração agir.

Resolveram se reunir para um último momento,
Onde, enfim, cantaram algo que teria muito significado
E que jamais será esquecido,
Como tudo o que passaram nesses últimos tempos.

- Vou nessa... fique bem... qualquer hora eu volto.

“The time has come
[…] And long last looks must end
And as I leave
I know that I am leaving my best friend
A friend who taught me right from wrong
And weak from strong
That's a lot to learn
What can I give you in return?
If you wanted the moon I'd try to make a start
But I would rather you let me give my heart.”

- Ana, você quase não chegou na hora do jantar.
- Precisei falar com ela mais uma vez, Adrielle!
- Adiantou alguma coisa?
- Sei lá...

Mago Merlin... logo eles voltam... aquele que sempre esteve aqui.

1.2.11

Pedido?

Existe um momento eventual,
Onde o céu se veste de dourado,
Quando nuvens negras de chuva aparecem de um lado
E o por do sol, com o próprio, aparece do outro.

Ana resolveu seguir rumo nordeste,
No meio da chuvarada mesmo,
Para fazer uma visitinha de paz,
Mesmo que a vontade fosse de meter dedo na cara.

Há alguns anos eu comentei que a Garotinha,
Que por sinal andou pelo oriente,
Tinha um amigo (ainda tem), o (K)Clown,
Que nunca lembro como escrevi o nome no primeiro dia que falei dele.

Por sua vez, este, que também virou grande amigo,
Tinha uma amiga (ainda tem), a Tati,
Que chamou muito a atenção do Mago;
Não por ser a filha do Papai Noel e sim por seus escritos.

Às vezes sozinha, às vezes com mais 29 pessoas,
Conta suas histórias e pensamentos
Dizendo sempre: “Tenho memórias que são quase,
Tenho memórias inteiras, tenho memórias que me escapam mente afora.”

Dessa vez, ela definiu o amor,
Dizendo que “O amor é feito de duas pessoas em constante evolução”.
Também mostrou outra de outro, em imagem digital,
E “desafiou” seus leitores, a dar uma definição também.

Quando Ana chegou ao seu destino,
Cumprimentou como de praxe (Oi, tudo bom?)
Disse que o que ela pedira seria impossível
E deixou um recadinho final:

“- Observe como você ficou,
Lembre-se dos momentos lindos que tiveram
E veja o vazio que existe hoje em dia...
O amor é descobrir que se ama alguém.”

Deixou a imagem digital que a Tati mostrara,
Deu um “xau” e um sorrisinho,
E “vazou” pela janela,
Antes que qualquer outra ideia acontecesse.

- Nem vou perguntar onde você esteve, Beatriz.
- Só você me chama assim...

“Liberdade na vida é ter um amor pra se prender”

Mago Merlin... aquele que sempre esteve aqui!

30.1.11

Palavras certas?

Aulas próximas a começar,
Malas e mochilas quase prontas,
A petizada mais ou menos animada...
Enfim... acabaram as férias.

Muito foi dito, muito foi escrito,
Muito foi sentido também:
Músicas, cores, sabores roubados,
Flores, sol e tempestades.

“Palavras... ao vento...”

Das palavras ditas, somente uma parte,
Pode-se dizer, que foram certas.
Aquela mais importante foi trocada
Por outra que não refletiu os sentimentos verdadeiros.

“Que o nosso amor pra sempre viva
Minha dádiva”

Falar de amor é muito difícil,
Pois não tem explicação...
É uma coisa que somente acontece
Independente da nossa vontade.

“Ando por aí querendo te encontrar
Em cada esquina paro em cada olhar”

E ela preferiu a solidão,
Enquanto ele preferiu andar por ai.
De comum, a mesma dor invade os dois,
Pois ambos perderam tudo.

“Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar...”

Foi bonito, lindo mesmo,
Aquilo que os uniu.
Ele foi sincero; ela teve medo
E recuou no momento de decisão.

“Quero poder jurar que essa paixão jamais será
Palavras apenas, palavras pequenas, momentos...”

Injusto? Com quem?
Será que somente um coração ficou partido?
Qual dor agora é maior? A da perda?
Quem perdeu mais?

E agora, mais uma vez, só restou o silêncio...

- Quem cantava ai com vocês, Beatriz?
- Como se você não soubesse...

Mago Merlin... aquele que sempre esteve aqui!

26.1.11

Good Luck

Tudo nessa vida tem alguma razão de ser.
Acredito que não ficou claro que Melinda é um ser único,
Nascida como um ser das trevas, ela ganhou o dom da lua azul
E se tornou única, como nenhuma outra de sua espécie.

Ana pediu sua ajuda, numa missão muito delicada:
Criar uma aura de tranquilidade e muita paz,
Para que algumas decisões pudessem ser tomadas
Durante um curto período de exposição.

O sofrimento que ele passava,
Ao ver e não poder tocar,
Já estava passando dos limites da sanidade
E isso tinha que acabar.

- Ana, só tem um problema, pequenina!
- O que Melinda?
- Isso vai causar uma dor horrível depois.
- Eu sei... ele também sabe...

A doce vampira, então, fechou seus olhos,
Balbuciou algumas palavras ininteligíveis,
Abriu novamente e deixou mostrar seu brilho prateado
E um lindo jardim ensolarado foi o palco de tudo.

Havia uma natural névoa, que poderia criar um arco-iris
E ele foi muito educado e até bem gentil,
Pois não poderia ser de outra forma,
Já que toda essa atmosfera criada por Melinda também tinha muito amor.

Conseguiu manter isso tudo por mais de três horas,
Quando somente restou um adeus,
Uma enorme exaustão
E uma dor indescritível.

Correram até o Mago e o abraçaram.
Lá já estavam Adrielle e o Guri
Que tudo acompanharam à distância
E, agora, compartilhavam o pranto...

E um longo silêncio eternizou o momento...

“That's it
There's no way
It's over, good luck

I've nothing left to say
It's only words
And what l feel
Won’t change”

Mago Merlin… aquele que sempre esteve aqui!

24.1.11

Melodias Aleatórias

- Oi! Tudo bom?

Uma série de músicas foi escolhida,
De forma totalmente aleatória,
Para preencher algumas noites muito frias,
Onde havia muita saudade e solidão.

- Desculpe os trovões, mas foi uma forma de disfarçar minha chegada.

Durante dois anos (e ainda assim continua),
As suaves melodias preencheram vários espaços
E acompanharam os momentos de dúvida,
De paixão e também de desilusão.

- Vim trazer o bilhete, conforme disse que faria.

Às vezes ele as escuta de novo.
Entram por seus ouvidos como se fossem perfumes doces,
Que trazem de volta aquilo que nunca foi esquecido
E que ainda causam inúmeras emoções.

- Preferi não confiar no albatroz, como da outra vez.

Tristes canções de amor, histórias não resolvidas,
Corações despedaçados, lágrimas que correm,
Eventualmente algumas alegrias,
Mas essas são as mais raras.

- Enfim... aqui está! Faça o que desejar com ele.

Hora de dormir... mais um dia se vai.
Momento de sonhar mais um pouco,
Lembrando-se das coisas boas,
Aquelas que ainda não aconteceram.

- Ah! Um último detalhe! Escreva pra ele... ele vai gostar!

Outro trovão... cai a chuva fina...

- Onde você foi, Beatriz?
- Como se você não soubesse...

Mago Merlin...aquele que sempre esteve aqui!

22.1.11

Amei-te por te amar

Dessa vez olhei para o horizonte,
Na beira do mar, como da outra vez,
Mas preferi somente observar
O pouco de céu azul que assim lá apareceu.

O dia chuvoso estava bem quente
E o vento não trouxe o frio;
Nem mesmo quando a água chegou aos meus pés
Trazendo as energias do oceano escurecido.

Já não penso tanto no seu sorriso
E muito menos nos doces caminhos que trilhei,
Para encontrar seu coração e tocá-lo com candura,
Pois acabei descobrindo que ele era totalmente impenetrável.

Oferto, então, aquelas palavras
Do antigo pensador Fernando,
Que um dia amou só por amar,
Quem sabe... assim como eu.

“[...]E hoje pergunto em mim
Quem foi que amei, beijei
Com quem perdi o fim
Aos sonhos que sonhei...
Procuro-te e nem vejo
O meu próprio desejo...

Que foi real em nós?
Que houve em nós de sonho?
De que Nós fomos de que voz
O duplo eco risonho
Que unidade tivemos?
O que foi que perdemos?

[...]Como houve em nós amor
E deixou de o haver?
Sei que hoje é vaga dor
O que era então prazer...
Mas não sei que passou
Por nós e acordou...

Amamo-nos deveras?
Amamo-nos ainda?
Se penso vejo que eras
A mesma que és... E finda
Tudo o que foi o amor;
Assim quase sem dor.

[...]O que mudou e onde?
O que é que em nós se esconde?
Talvez sintas como eu
E não saibas senti-o...
Ser é ser nosso véu
Amar é encobri-o,
Hoje que te deixei
É que sei que te amei...

[...]Que importa? Se o que foi
Entre nós foi amor,
Se por te amar me dói
Já não te amar, e a dor
Tem um íntimo sentido,
Nada será perdido...”

- Veja Mago! Outra garrafa com um bilhete!
Ele sorriu, mais uma vez...
- O que deseja fazer com o bilhete, Adrielle?
- Pode deixar que, dessa vez, eu mesma entrego.
- Faça isso, então, Beatriz!
- Só você me chama assim...

Mago Merlin... ode a Fernando Pessoa... novamente na beira do mar, mas continuando por aqui como sempre!

21.1.11

Bem mais que o tempo

Seria uma festinha de aniversário infantil comum:
Do tema nós já falamos, muitas bolas coloridas,
Bolo de chocolate, brigadeiro e pão de mel (cortesia das abelhinhas),
Brincadeiras e muita música também.

A animação musical ficou por conta de uma turma da pesada:
Burro Falante cantando, Pinóquio na bateria,
Boneco de Biscoito no piano, Gato de Botas na guitarra,
Fazendo cover daquela banda lá das Minas... tudo muito natural!

“Bem mais que o tempo
Que nós perdemos
Ficou prá trás
Também o que nos juntou...”

Dos convidados, inúmeras fadas, princesas e bichinhos,
Para a alegria das aniversariantes, é claro,
As gêmeas de Priti e Sid,Isabela e Carolina,
Que completavam três anos!

“Ainda lembro
Que eu estava lendo
Só prá saber
O que você achou
Dos versos que eu fiz
Ainda espero
Resposta...”

Término de festa, convidados exaustos,
Alguns algo inebriados (mas não estavam dirigindo),
E algumas coisas foram combinadas
Para que, na sequência, tudo fique certinho.

“Você está vendo
O que está acontecendo
Nesse caderno
Sei que ainda estão...
Os versos seus
Tão meus que peço
Nos versos meus
Tão seus que esperem
Que os aceite...

Melinda ajudará Priti com as gêmeas
E o Guri irá ensiná-las a escrever;
Ana e Adrielle irão depois
Quando as aulas recomeçarem.

Deborah também se despediu:
O tempo entre as luas terminou,
Aquário chegou com muita água
E ela deve seguir seu rumo.

“Em paz eu digo que eu sou
O antigo do que vai adiante
Sem mais eu fico onde estou
Prefiro continuar distante...”

- Meninas... aprontem as mochilas! Vamos ver o mar!

Mago Merlin... a caminho do mar... aquele que sempre esteve aqui! !

19.1.11

Sonhos e Despedidas

A primeira a chegar foi a Fada Madrinha…

- Guri! Traga Melinda! – ela determinou.

Muito nervosa, pois o perigo mora na lua cheia,
Aproximou-se da velha fada, ainda carecendo se arrumar,
E perguntou do que se tratava,
Já que nunca tinha falado com uma fada de verdade.

- Menina... em que mundo você mora? Nunca ouviu falar da Cinderela e de tantas outras? Vim resolver seu maior sonho, para que você participe da festa!

Num toque de sua varinha de estrelinha na ponta,
Um belo vestido preto, para manter seu estilo,
Substituiu as roupas de usar em casa,
Complementado com bela presilha prateada no cabelo.

- Obrigada, Fada Madrinha! Nem precisava se incomodar.
- Mas isso não é tudo! De agora em diante, os lobos nunca mais te incomodarão e você seguirá sua vida sem precisar ter medo da lua cheia. Você agora está invisível para eles.

Ela correu para fora da casa...
Procurou pela lua, ainda escondida pela chuva (ela chora),
Agradeceu a grande benção, abraçou o Guri
Que, por sua vez, ficou meio enrubescido.

- Tenho que dar uma saidinha, tá? – piscou para o Guri – Mas eu volto. Fui!

Como chegou, ela sumiu.
Ana e Adrielle, que tudo observaram,
Voltaram a seus afazeres, pois o tempo é curto,
Já que a festa acontecerá em dois dias.

Fui encontrado(Narrador) conversando com Deborah.
O sorriso de Adrielle desmoronou,
Pois o menino fora embora
E preferiu não se despedir (seria maior o sofrimento).

Pulamos isso? É melhor...

Sonhos, despedidas, alegrias, tristezas...
Lua Cheia... a primeira do ano...
Tudo muda, nada será igual
E novas decisões serão tomadas...

Na despedida dessa narrativa, ficam trechos de um soneto,
Com um toque pessoal entre parênteses,
Pois cada um escreve para cada um
E nem sempre as palavras são assim... tão exatas...

“Te peço desculpas por estar indo embora
Assim tão de repente, sem sequer avisar (mas acho que você já sabia).
É que meu coração cansou, e não é de agora
Vem de muito sofrer...

Sei bem querida que te jurei amor eterno
E prometi por nada no mundo te abandonar
Mas de repente o meu céu (quase) tornou-se inferno
Por minha vida te dar e mais nada ganhar

[...] Somente cansei desse seu desprezar

E este é tanto o motivo de meu desalento
E mesmo te amando, aqui neste momento
Estou indo embora pra (talvez) não mais voltar”

Narrador, citando André Moraes... o Mago saiu com o Dragão, na direção da lua... mas ele continuará por aqui, como sempre!

18.1.11

Festa de Ursinho

Com a aproximação do aniversário das gêmeas,
Três anos depois que a lua esteve na sétima casa
E Júpiter ficou alinhado com Marte,
Naquele dia que a paz guiou os planetas e...

- Pera, Narrador! As gêmeas ainda não nasceram e...
- Veja bem, Guri, lá é o lugar que nunca aconteceu... o tempo lá é diferente.

A movimentação ficou intensa
E cada um providenciou uma coisa.
A decoração do Ursinho Pooh, com muitos girassóis também,
Logo mostrou que várias abelhinhas seriam convocadas.

O amarelo e o vermelho viraram regra;
Fitas, potes para mel, colheres fusiformes de madeira,
Desenhos de ursinhos, ursinhos de verdade,
Uma verdadeira confusão!

O gnomo também foi convocado,
Para dar um jeito no jardim,
Pois o mato estava muito alto
E as flores ficavam muito escondidas.

Apesar do clima de festa,
Ana estava muito preocupada.
- O que você tem? – perguntou o Guri.
- Acho que ele vai novamente pedir minha ajuda...

Em silêncio ela se dirigiu ao criado mudo
E pegou um pequeno púcaro, decorado com porcelana fria,
Que ela nunca mostrara pra ninguém
E onde guardava algumas coisas relevadas.

A forma que ela o protegera da desilusão
Fora evitar que ele notasse aquilo que seria indesejado.
Tudo bem guardadinho, na caixinha delicada,
Mas que poderia ser quebrada se assim ele pedisse.

Guardou tudo de novo e voltou ao trabalho,
Quando Deborah a interrompeu:
- Bia... calma!
- O tempo se esgota... e agora?

A poderosa irmã mais velha,
Acariciou os cabelos de Beatriz,
Beijou seu rosto e finalmente concluiu:
- Ele perdeu o medo, só falta ela perder também!

Mago Merlin... aquele que sempre esteve aqui!

16.1.11

O gato, a cantoria e o fato

Na preparação para a lua cheia, o gato trouxera uma mensagem:
“- Vão receber cantoria, alguns virão só poesia,
Outros, nem tanto, só alegria, arrumem os girassóis,
Comecem dando nós, façam a tal da festa!”

- O que ele quer dizer, Mago?
- Que a lua virou poetiza e atriz... espere que tem mais, Beatriz!

“- Preparem arroz com feijão,
Pois essa gente terá muita fome,
Assim como diz aquela canção,
Tudo de grão em grão, pena que logo some!”

- Hum... Guri, acho que, a caminho, estão o Mario, o Fenando e a Clarice!
- Prepare espaço para o André e, quem sabe, o Vinícius, Narrador, mas isso ele não disse!

“- Para Ana o mar manda recado,
Já que não esqueceu daquele dia,
Onde ela estava a seu lado,
Apesar de que isso ninguém via.”

- .... – ela enrubesceu.
- Você cantou na praia e, ele, as estrelinhas te deu.

“- Para os demais, que venha a sorte,
Talvez apareça um realejo, ai no seu vilarejo,
Espantando a tristeza, a dor e os ditos da morte,
Realizando, de uma vez só, todo seu desejo.”

- ... – dessa vez foi Melinda que os olhos arregalou.
- Veja, menina, foi a lua quem falou!

“- Pra encerrar essa apresentação,
Pois é hora de pular fora,
Deixo, do anjo, outra canção,
E agora vou-me embora!”

- E pra quem canta agora, gato?
- Ué? Como você não sabe? Aqui só existe um fato!

“Metade de mim
Agora é assim
De um lado a poesia, o verbo, a saudade
Do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim
E o fim é belo incerto... depende de como você vê
O novo, o credo, a fé que você deposita em você e só
Só enquanto eu respirar
Vou me lembrar de você
Só enquanto eu respirar” (TM)

O gato abriu uma gargalhada,
Uma luz o iluminou, de tamanho ele aumentou,
Ainda deu tempo de dar uma olhada,
Pois num clown se transformou.

E ele saiu por ai...

- Faltam cinco dias, né Mago!
- Sim... e ela sabe disso, Beatriz.
- Só você me chama assim...

Mago Merlin... ouvindo aquele Teatro... mas continuando por aqui, isso é fato! !

14.1.11

Time

A chuva deu uma trégua por essas bandas…
Ninguém sequer sugeriu que Adrielle tivesse alguma coisa a ver
Com as tempestades nas três montanhas,
Pois fazer o mal não faz parte das suas habilidades.

Desde ontem, as estrelas e o gato de Alice,
Já são vistos no céu, assim como, hoje,
O sol brilhou durante todo o dia
Num céu de poucas nuvens.

No fim do dia ela apareceu:
Ficara curiosa, de forma incomum,
E desejou responder perguntas
Descobrindo, depois, que era a respeito de alguns escritos.

“- Achei que você ia perguntar mesmo dos textos que não respondi porque não achei as palavras certas.”

Ganhou então um tempo;
Curto, era uma oferta simpática,
Mas achou necessário alguma preparação
Porque isso “não pode ser já”.

O sol começou a se pôr
E outra ampulheta foi virada:
“Cinco dias para a lua cheia e sete dias para Aquário”
E assim se fez novo acordo.

Enquanto isso...

“You fritter and waste the hours in an off hand way…
…Waiting for someone or something to show you the way”

“Far away across the field
The tolling of the iron bell
Calls the faithful to their knees
To hear the softly spoken magic spells…”

- Beatriz, avise os demais. A pizza está servida.

Mago Merlin... aquele que sempre esteve aqui!

13.1.11

As Três Montanhas - Tempestade

Há quase três anos, a lenda do gigante foi contada.
Era uma época diferente, ele vivia na montanha de Pedro,
Mas admirava Nova e Teresa também,
Pois lá também tivera bons momentos.

Pelo visto, toda a obra do gigante foi novamente destruída;
Os homens não aprenderam nada em três anos,
Insistiram em tirar aquelas belas flores plantadas com tanto carinho
E mantiveram a ideia de plantar obras de alvenaria.

Ah! Esses homens nunca aprendem.
Certo foi que o gigante também chorou,
Pois Teresa desdenhou suas boas obras,
Mas ele foi transformado num sol e assim ficou feliz.

Por que será que o belo não é compreendido
E, quando explicado, não recebe ao menos um sorriso?
Por que será que é preciso uma transformação mágica,
Para o gigante chorar menos e tentar ser feliz?

Só que agora o momento é de preces:
Que aqueles que moram nas três montanhas
Superem a dor, o medo e a destruição
E que o gigante os perdoe, volte e reconstrua seus jardins.

Mago Merlin... em silêncio... aquele que continua sempre aqui.

11.1.11

Tempo

Chuvarada e apagão…
No seu melhor estilo, Adrielle não poderia deixar barato
E pediu até ajuda à lua, aquela da montanha,
Pois, afinal das contas, ele sempre procurou por ela.

Com vassouras e esfregões voando pelos ares
E empurrando tudo na direção do norte,
Surge Sininho, indignada:
- Meu... dá pra parar com isso? Já viram o estrago lá na muralha?

“Invernos, impérios, mistérios,
Lembranças, cobranças, vinganças
Assim como a dor que fere o peito,
Isso vai passar”

Ana assustou-se e Adrielle enrubesceu.
Melinda, de lenço na cabeça, auxiliada pelo Guri,
Quase morreu de rir da cara das meninas.
- Você é Ana Beatriz! Como você cresceu!

Antes que qualquer outro assunto fosse comentado,
Sininho se foi, numa nuvem de pirlimpimpim,
Para voltar a qualquer momento,
Não se sabe bem quando.

“E todo medo, desespero e a alegria
E a tempestade, a falsidade, a calmaria
E os teus espinhos
E o frio que eu sinto,
Isso vai passar, também.”

Em algum momento tudo passa,
Deixa lembranças, doces momentos,
Brilhos, cores, alegrias, tristezas,
Erros e acertos.

“Saudades, vaidades, verdades,
Coragem, miragens e a imagem no espelho,
Como a dor que fere o peito,
Isso vai passar, também.”

Será? Faltam nove dias para a lua cheia
E este é o tempo que resta:
Aquele que foi dado para resistir à dor,
Para suplicar por seu amor...

- Como ela sabia quem eu era?
- Um dia eu te explico, Beatriz...

Mago Merlin... continua seguindo o “Manuscrito”... aquele que sempre esteve aqui!

10.1.11

Momento Girassol

“A verdade prova que o tempo é o senhor
Dos dois destinos, dos dois destinos
Já que pra ser homem tem que ter
A grandeza de um menino, de um menino
No coração de quem faz a guerra
Nascerá uma flor amarela
Como um girassol amarelo”

Como previra o Mago,
A proposta da Bruxa do Norte não era boa:
“- Congele e petrifique seu coração! Assim não sofrerá mais!”
O que certamente não foi aceito pelas irmãs.

Ao chegar das terras de Alice,
O menino já estava de pé.
A beleza das flores, a determinação de Ana,
E o amor de Adrielle, o protegeram mais uma vez.

“Você é meu sol
Um metro e sessenta e cinco
De sol...
...Eu jurei por Deus
Não morrer por amor
E continuar a viver...
Como eu sou um girassol”

Pra que falar mais disso?
Conseguira um intento ao ser indelicado,
Mesmo acreditando que fora verdade,
Mas indelicadeza não faz parte da sua vida.

Pétalas amarelas se abrem ao vento,
Procuram a luz do amor no arco-iris,
Mas nem sempre encontram resposta aos seus apelos,
Recebendo somente o desprezo.

“Se eu morrer não chore não
É só a lua
É seu vestido cor de maravilha nua
Ainda moro nesta mesma rua
Como vai você?”

O prazo está no fim, logo chegará a lua cheia,
Onde outras magias surgirão
E os corações girarão em torno de seu brilho
Como o girassol... procurando, procurando, procurando...

“Você vem?
Ou será que é tarde demais?”

Mago Merlin... saudando as melodias de outros sábios... aquele que sempre esteve aqui!

8.1.11

Insensatez

“Ah, insensatez que você fez
Coração mais sem cuidado”

Várias fadas vieram em socorro de Adrielle:
Fada Madrinha suspendeu o visto provisório;
Fada Syl horrorizou-se e deu seu apoio;
Mas nenhuma magia resolvia o problema.

“Fez chorar de dor o seu amor
Um amor tão delicado”

Deborah, então, sugeriu ao Mago
Que procurasse solução nas terras de Alice;
Lá, além dela, encontraria um amigo aprendiz
Que agora voltaria para casa.

“Ah, por que você foi fraco assim
Assim tão desalmado”

Bem recebido, como nos tempos da montanha,
Lembrou bons momentos, desejou boa sorte,
Enquanto desfrutaram das iguarias servidas,
Além do tradicional fermentado de malte.

“Ah, meu coração, quem nunca amou
Não merece ser amado”

Aproveitou depois para algumas visitas:
Rever histórias antigas, como daquela linda princesa,
De cabelos longos e mágicos que tinham o poder da cura,
Pouco antes de encontrar o Papai Noel (ué?).

- Ho Ho Ho! Isso aqui continua animado!
- Pensei que você já estivesse em casa.
- Irei em breve. Aqui os três reis ainda não passaram. Precisa de alguma coisa?
- Hum...

O Mago pediu pelo menino
E o bom velhinho prometeu interceder:
- Falarei com a Bruxa do Norte.
- Isso pode ser perigoso...

Ele sempre viu o seu amor:
Nos seus atos, nos seus gestos, nas suas palavras;
Apesar dela o desprezar e buscar, na mágoa,
Seu refúgio e sua fuga.

E pra não prolongar essa história...

“Vai meu coração ouve a razão
Usa só sinceridade
Quem semeia vento, diz a razão
Colhe sempre tempestade
Vai, meu coração, pede perdão
Perdão apaixonado
Vai, porque quem não pede perdão
Não é nunca perdoado.”

Mago Merlin... citando Tom e Vinícius... aquele que sempre esteve aqui!

4.1.11

Instinto

- O que ele tem?

Em dado momento ele somente pensou em se defender.
Nem sabia direito do que, mas foi muito rápido;
No afã da agressiva tristeza que ele combatia,
Pouco ou nada seria feito de outra forma.

Seus atos seriam de total impotência,
Frente ao desconhecido fibrilar do coração partido,
Onde faltou a voz, não houve mais ar
E a tranquilidade deu lugar ao instinto de sobrevivência.

Sobreviver à sua ausência, mais uma vez,
Mal sabia ele que doeria muito mais,
Que ele sucumbiria em prantos em pouco tempo,
Pois a dor que sente nem se compara à dor que causou.

- Eu não deveria ter trazido o menino de volta.

A falta que sente da sua companhia,
A tortura de olhar para o presente exposto na bandeja,
A dor do silêncio e da solidão eterna
São unidas ao que foi rejeitado pelas almas cúmplices.

E na pureza de tal cumplicidade,
Onde tanta coisa foi dita, pensada, sentida,
Não existe lugar para orgulho ferido,
Pois a lesão foi tão extensa que a cura deixará cicatrizes.

Ele conhece tudo isso (já aconteceu outra vez);
Luta com todas as suas forças para sobreviver,
Procura abrigo, mas deseja somente um colo;
O seu colo, o seu carinho, o seu amor.

Adrielle, então, segurou suas mãos,
Beijou-lhe a testa molhada de um suor febril,
E nada falou, somente chorou,
Pois toda sobrevivência vai depender de sua partida.

- Ainda vou fazer alguma coisa, mana. – disse Ana.
- Ajudarei você de alguma forma. – concluiu Deborah

“I know nothing stays the same
But if you're willing to play the game
It will be coming around again”

Mago Merlin… aquele que sempre esteve aqui!

2.1.11

Dois Domingos

A segunda manhã do ano
Não poderia ser muito diferente,
Pois é um domingo
E o ano, então, começou com dois.

Manhãs curtas, tardes longas,
Noites que começam tarde
E, quando se nota, logo acabam,
Ao se ouvir aquelas notas musicais típicas.

Adrielle estava feliz:
Seu amigo voltara de longa jornada,
Mas ele parecia algo enfraquecido
E isso a preocupava.

Ela mostrou muita coragem ao procura-lo,
Há pouco mais de um ano,
Lá naquela floresta onde havia o urso
Além de muitas coisas sombrias.

Uma paixão infantil: ele era seu ídolo.
- Cuidei da flor pra você. Mas ela não tinha jeito.
- Eu sei. De qualquer forma ainda procuro a lua.
- Você vai ficar aqui?

Quando Deborah partiu e levou o menino e o Guri,
Havia um bom motivo, já que o Guri precisava de aprendizado
E o ferimento do menino não cicatrizara totalmente,
O que inviabilizava sua presença no monte.

O Guri voltou, antes de conhecer Melinda,
Mas só agora o menino reapareceu.
- Só até a próxima lua. Até lá as gêmeas terão nascido e Deborah poderá seguir caminho.
- Priti e Sid estão felizes né?

Adrielle disfarçara sua frustração
E, engasgada no final da frase,
Saiu correndo até o jardim,
Onde encontrou o Mago.

Escondeu seu rosto no seu peito,
Enquanto o abraçava com força
E chorava e chorava e chorava,
Como se fosse uma grande tempestade.

- Do que vou cuidar agora? Ele vai embora outra vez. – soluçava.
- Cuide do presente que ele te deu.
- Como assim? – ela levantou a cabeça, lentamente, enxugando o rosto.
- Fez você conhecer o amor, a dedicação, a paciência de esperar e a determinação de conseguir o que deseja. O menino representa tudo isso e precisa que você sempre cuide dele.

Dois domingos...
Dois corações...
E como dizia a velha canção:
“Coração: se apronta pra recomeçar e esquece esse medo de amar de novo”!

Mago Merlin... aquele que sempre esteve aqui!

1.1.11

Apenas bons amigos?

- Vim na frente… quer café? Eu que fiz...(rs)

A primeira manhã do ano, como de costume,
Estava bastante preguiçosa
E um frio, comum por aqui,
Dava vontade mesmo de tomar um bom café.

- Obrigado.

Pensava que tudo estava arrumado e terminado:
Papéis, ideias concluídas, tudo encaixotado.
Tomaram o café, mas ficaram em silêncio,
Já que os novos pensamentos ainda não foram arrumados.

Preferiu colocar uma música da mesma região,
Para competir com outra, bem alta,
Que insistiu em entrar pela porta da frente
Num volume, digamos, bem inconveniente.

“Pra ser sincero
Não espero de você
Mais do que educação
Beijo sem paixão
Crime sem castigo
Aperto de mãos
Apenas bons amigos...”

Ele estivera com a Fada Rosa e os seus,
Como assim o faz desde que chegou, há dois anos,
Para, nesse momento especial, distribuir abraços e bons fluidos
Entre aqueles que aprendeu a ter como seus também.

Na volta, várias corujas o esperavam com mensagens
Sendo uma muito especial, pois vinha de Lucy,
Num escrito daquele “poeta de sete faces”
Que tratou logo de multiplicar e distribuir por aí.

“Nós dois temos
Os mesmos defeitos
Sabemos tudo
A nosso respeito
Somos suspeitos
De um crime perfeito
Mas crimes perfeitos
Não deixam suspeitos...”

A visita totalmente inesperada,
Naquela hora onde a “ficha” ainda não tinha caído,
Foi pior que um “sacode” daquele “tequilero” das terras de Alice,
Afinal, “game over”, não é mesmo?

Uma lágrima rolou dos olhos de Ana...
Ele viu, recolheu a lágrima e sorriu.

- Levante o rosto, pequenina. O café estava ótimo.
- Fiquei triste porque não pude evitar o que aconteceu.

Continuaram a ouvir a música,
Enquanto ele acendeu um incenso.
Passarinhos de várias cores entraram pela porta
Trazendo folhinhas e gravetos de tamanho diversos.

Juntos foram criando formas
E um pequeno castelinho foi montado,
Onde os passarinhos se ajeitaram
Entre as aberturas e as janelinhas.

- E o que faremos com este castelo? – ela perguntou.
- Castelos de areia são feitos para a admiração, porém são frágeis como os de gravetos. Precisam ser protegidos, pois uma onda mais forte ou uma ventania podem destruí-los.

Com muito cuidado e auxiliados pelos passarinhos,
Pediram ao joão-de-barro que o levasse até a árvore mais alta
E o colocasse de forma que o vento não poderia destruí-lo,
Mas onde poderia ser admirado à distância.

“Um dia desses
Num desses
Encontros casuais
Talvez eu diga:
- Minha amiga
Pra ser sincero
Prazer em vê-la!
Até mais!...”

- Pronto! Assim ficou bom!
- Vamos terminar de ouvir a música. Os demais logo chegam. Novamente há muito a fazer, Beatriz.
- Só você me chama assim...

Mago Merlin... recomeçando... aquele que sempre esteve aqui!