31.8.10

Pedra Bonita

Há muitos e muitos anos...

- Já sei! – interrompeu o Guri – os Contos de Fada começam assim...
- Hum... não ia dizer isso. Ia dizer: “Senta que lá vem história”!


O Narrador estava animado;
Afinal, o passeio nas terras do (K)Clown fora bem divertido!

- Então você vai contar uma história daqueles sujeitos de preto com o cachorro!
- Não, Adrielle. Isso será história para outro dia...
- Se vocês não ficarem quietos, ele não vai contar nada, né? – repreendeu Ana.
- Prossiga, Narrador. – encerrou o Mago.


Um lugar de acesso meio difícil,
Onde alguns se aventuravam a trilhar,
Naqueles períodos de férias,
Quando tinha que se inventar o que fazer.

Eram livres, até certo ponto,
Porque tinham hora pra voltar,
Mas inventavam histórias
E viam coisas muito diferentes.

Um dia, outros aventureiros resolveram outra coisa:
Lá seria um bom lugar para alçar voo,
Ver as nuvens de perto, ver aquela praia lá embaixo,
E até passar por perto lá da face do gigante.

E quando isso começou a acontecer,
A velha trilha ficou meio "que" sem graça,
Talvez porque outros interesses surgiram,
E eles nunca mais andaram por lá.

- Que história chatinha, Narrador! – um uníssono tomou conta da sala.
- Hum... mas achei tão interessante! - respondeu algo desolado.


Eles tinham sonhos de aventuras
E seus olhos brilhavam de alegria.
Hoje os sonhos se tornaram realidade
E eles ainda continuam sonhando mais um pouco.

No voo livre do tempo, com o coração aceso,
No brilho “escondidinho” do cristal
Dos olhos daquela que um dia respondeu “sei lá”,
Que se respire liberdade, no despontar do sol!

- Crianças arrumem as malas. Todos nós vamos viajar!

Mago Merlin... subirá a serra... mas continuará por aqui, como sempre!

28.8.10

Dois Mundos

Nos dias de lua cheia, os lobos somente circularam.
Algo muito diferente no ar fazia o Mago observar, cada vez mais,
Os momentos, acontecimentos, brilhos e cores,
Principalmente do sol e da lua.

Num dia a lua surgiu cobreada,
Iluminada pelos raios do sol minguante.
Noutro foi a vez do sol, que teve seus raios isolados
Pela névoa seca que acompanhou os dias de veranico.

- O que está acontecendo, Mago?
- É o encontro de dois mundos. O efeito vem da revoada das fadas, preparando a primavera.
- Já podemos conversar com elas?
- Ainda não, Beatriz.


Há um ano houve muita superação:
Emoções descontroladas, visitas diversas,
Como o tucano, o serelepe, a corujinha e o albatroz,
Surgiram de todas as partes, como presente das fadas.

Este ano veio um silêncio misterioso
E os sinais dos astros em vermelho.
O preparo da Primavera é assim:
Nunca se sabe o que vai acontecer.

No meio da sala aparece um armário:
Aquele... que o Mago usava na época dos aprendizes.
Dele surge o Narrador, rindo sem parar,
Para o espanto de todos.

- Onde você esteve, Narrador? – perguntou o Guri.
-
Numa história do (K)Clown (nunca lembro como escreve).
- Nossa! Pensamos que você tivesse morrido. Foi isso que ele contou!
- Os Narradores vivem para sempre, Adrielle.


Após o lanche, as crianças foram novamente brincar
Naquela cabaninha improvisada de outro dia.
Trocaram ideias, comeram chocolate
E repassaram as histórias.

A corujinha não retornou
E o Guri também não continuou a escrever.
Ana falou da princesa que fora fada
E do que andou conversando com o Mago.

- Então ela acha que eles são de mundos diferentes?
- Sim, Guri, mas isso não faz sentido.
- Falando em mundos diferentes... e aquele seu sonho?
- Ah, Adrielle. Você viu que eu estava dormindo.
- Sim... mas e aqueles sujeitos de terno preto que vieram aqui com aquele pug?


Mas isso será história para outro dia...

Mago Merlin... alguém procura os ETs... enquanto isso, ele continua por aqui... como sempre.

23.8.10

Compasso

Se houvesse um lobo e uma águia,
Enfeitiçados pelas trevas,
Talvez naquele momento surgisse o reencontro,
Das almas unidas e separadas ao mesmo tempo.

A bola em fogo sumia no horizonte,
Enquanto o astro de porcelana prateada,
Surgia do lado oposto,
Naquela tarde seca de inverno.

Ana aproximou-se...

- O que pensas, Mago?
- Somente observando.
- Viste que ela está mudada?
- Somente ilusão; ela nunca vai mudar.


Num arco perfeito, como se um pintor o assim fizesse,
Na rotação da base terrena sob o céu azul sem nuvens,
Nenhum ruido seria notado
E nada impediria a quebra do antigo feitiço.

E então, com o fim do maléfico encantamento,
O jovem guerreiro deixa de vez sua forma de lobo
E entrelaça seus dedos aos da bela donzela, assim transformada,
Para juntos seguirem as trilhas do crepúsculo.

- Essa história não era num eclipse do sol?
- Sim. Só mudei um pouquinho.
- Acho que ficou melhor assim.
- Hum... quer chocolate, Beatriz?


Sorrindo, a menina acenou afirmativamente com o olhar
E ficaram os dois, naquele momento quase único,
Em silêncio, só observando, comendo chocolate,
No doce fim de uma tarde de agosto...

Mago Merlin... aquele que sempre esteve aqui.

22.8.10

Waiting for the sun

Há alguns dias, o frio polar e a chuva
Deixaram de ser uma constante.
O sol voltara a brilhar, mesmo que tímido,
O que deixou a todos aliviados.

O Mago andara misterioso, apesar de contente.
Resolveu sair cedo, ontem, e surgiu de novo, após o almoço,
Com uma estranha ave no ombro:
Pequena, da cor do ônix, com um chifre espiralado em sua fronte.

- Por que você estava a pé? E onde está o coche? – perguntaram.
- Viajaremos de agora em diante com o auxílio desta poderosa avezinha.
- Hum... poderosa? Até a corujinha de olhinhos puxadinhos é mais valente que essa aí. – retrucou Adrielle.
- De onde veio essa coruja?
- Me deixa, Guri.


O Mago, então, piscou para Ana
Que, ao que parece, já sabia de tudo.
A menina pegou a ave, afagou sua cabeça,
Pegou suas asas e as abriu.

O bichinho flutuou no ar, sob as vistas de Ana,
Enquanto o Mago lançou um raio de luz
E um som agudo pode-se ouvir,
Enquanto, no lugar da ave, novo coche foi materializado.

- Como eu ia dizendo... – ele concluiu.

Uma cesta, repleta de bombons
E duas garrafas de saboroso fermentado de uva,
Completou a surpresa que virou comemoração,
Já que essa novidade não era esperada.

De volta a seus afazeres...

- Ana, foi isso que aconteceu?
- Sim... ela reapareceu muito diferente.
- E o que você fez pra isso?
- Nada. Ei, onde está Adrielle?


“Você não precisa ser perdoada
E eu não quero te dar compaixão.
É um mundo louco, muito louco
Mas ele ainda está girando.

Não tente ficar muito complicada,
Mas às vezes fica tão escuro que você não consegue enxergar.
Eu sei que você está esperando pelo sol brilhar
E que está cansada de viver nas sombras.

Não desista de você,
Mesmo que tudo pareça muito triste...
E vê se cuida dessa sua alergia né?

Adrielle”

- Vá corujinha. Só você sabe o caminho.

Mago Merlin... o Bonfim o aguarda mais uma vez... aquele que sempre esteve aqui.

18.8.10

Coisas para levar a sério

Por algum motivo desconhecido,
A imagem daquela mocinha enamorada,
Dos longos cabelos loiros, olhos verdes,
E que agora não usa mais aparelho, veio a sua mente.

Daquela outra história, ele nunca mais soube,
Porque, ao que parece, ela resolveu mudar,
Fazer as coisas que ela queria fazer,
Como um dia já cantou a antiga ovelha negra.

Só que ele acredita, que seu tema ainda seja outro:
Talvez um grande segredo (que seja sagrado),
Mas ela preferiu perder o tom
E foi voar, andar e ver o mundo...

- Ei... você não estava parafraseando a ovelha? – perguntou o Guri.
- Mudei de ideia e parti para outras cantorias. – respondeu o Narrador.


De qualquer forma, o que ela falou foi diferente:

“Estará de pé, mesmo que nada funcione, com o queixo bem erguido,
Porque parou de pensar e começou a sentir;
Disposta a tudo, menos a perder,
Mas no que dela depender, irá até o fim!”

- Hum... tem gente que podia aprender um pouco com ela! – comentou Adrielle.
- Ao invés de sumir ou ignorar a presença, né? – acrescentou Ana.
- O que estão discutindo? – perguntou o Mago.
- Como se você não soubesse...


E, há um ano...

Ele procurou o por do sol e hoje o acompanhou também...
Escreveu, de novo, coisas que pensava,
Mas não colocou dentro de uma garrafa
E nem nada assim jogou no mar...

Somente lembrou que o sol, mais uma vez,
Ofertou-lhe um último raio de luz
Que iluminou novamente seus pensamentos,
Para novos caminhos e realizações.

- Acha que vale a pena fazer novas visitas?
- Não, Ana. Melhor ignorar e esperar o que vai acontecer.
- Nossa! Isso vindo de Adrielle é até de se espantar!
- Me deixa, Guri!


Mago Merlin... aquele que sempre esteve aqui!

16.8.10

B-Day 2

- Enfim... o que querem que eu conte? – perguntou o Mago
- Tudo, né?
- Como se vocês não soubessem...


Há três dias...

Tudo preparado, o Mago partia em direção à cidade.
Passaria direto por aquela estalagem de sempre,
Deixaria o coche num bom abrigo
E iria de avião mesmo.

Primeira etapa, perto do mar,
Como há um ano, quando por lá ficou sentado,
Só que em outras terras, mais ao sul,
Pois, agora, iria ter com o Velho Pai.

Tudo meio “correndinho”, mas valeu muito a pena,
Já que ganha sempre novas forças
Na volta pra velha casa, elogiando o passado
E voltando a sentir o sol batendo no seu rosto.

Ana insistiu em acompanha-lo, ao menos no início,
Providenciando uma bela tarde de céu azul,
Espantando algumas nuvens, deixando o sol brilhar,
O que ele achou muito bom.

- Mas veja: todo mundo falou que eu sonhei. Então o que foi aquilo ontem que todas as comunicações com o mundo exterior sumiram? – ela perguntou, durante a viagem.
- Coisa de Adrielle, não ligue.
- Mas ela garante que não teve nada com isso...
- Hum...


Despedidas... fica o Velho Pai e ele ruma à muralha.
Sem grande atrasos, porém procurou Adrielle:
O frio que fez, o vento que derrubou chapéus,
Tudo isso lembrou o dia que o boneco de neve se mandou pra Bahia!

E ela estava lá.
Tenta não parecer fada, mas isso é impossível.
Seu brilho é notado à distância, assim como seu sorriso
E, no seu andar, flutua como se voasse com pó de pirlimpimpim.

Abraços, beijos, uma noite muito boa.
Cercados de muitos amigos, que compartilharam seus saberes,
Divertiram-se, degustaram bons queijos e tomaram excelentes caldos,
Regados a também muito bom destilado.

Momentos de um único registro de imagem digital,
Antes de aproveitar uma carona (Magos também pegam carona)
Até uma outra estalagem, parecida com a de sempre,
Onde, enfim, pernoitou, para voltar no dia seguinte.

Ao chegar, Ana o aguardava para o último percurso.

- Então, correu tudo bem na minha ausência, Beatriz?
- Só você me chama assim...


Dessa vez o sol ficou dourado
E quando ele chegou na casa, estrelinhas já enfeitavam a noite.
O gato de Alice sorrirá em breve...
Quem sabe ele poderá dizer por onde ela anda?

- Foi isso. Satisfeitos?

Mago Merlin... hoje é aniversário da Fê e ele foi lá... mas já voltou e continua por aqui, como sempre.

9.8.10

Calling Occupants Of Interplanetary Craft

- Por que está aí fora nesse frio?

Olhando para o céu, Ana assim encontrou o Mago.
Não era lua cheia, uma fina neblina cobria todo o monte
E o frio, nem tão intenso como de outras vezes,
Deixava um certo desconforto no ar.

Imediatamente uma esfera de calor foi providenciada pela menina,
Para funcionar como uma fogueirinha,
E sentou a seu lado para conversar,
Uma das coisas que ela mais gostava de fazer.

Ele sorriu. Estava tranquilo e sereno.
Ana, sem entender muito bem sua expressão algo inigmática,
Sorriu também, na esperança que ele falasse alguma coisa,
O que somente aconteceu alguns minutos depois.

- Vim observar as estrelas. – ele respondeu.

Mais intrigada ainda, olhou para o céu nublado,
Na esperança de encontrar alguma coisa pra ser vista,
Mas somente nuvens enfeitavam o céu
E aí ela resolver esperar para ver o que iria acontecer.

Com um gesto na direção das nuvens,
Ele desenhou e recortou um carneirinho, que saiu correndo,
Dando espaço, finalmente, para que as estrelas brilhassem
E ambos pudessem observar o infinito.

- Imagine, Beatriz, se tivéssemos capacidade de saber como enviar mensagens telepáticas através do vasto desconhecido?

Começando a achar que ele andara abusando do chocolate,
Ela puxou pra trás seus cabelos e prendeu com um elástico,
Para poder prestar mais atenção às suas expressões
E outras frases que ainda viriam.

- Tente, Beatriz. Feche seus olhos e concentre-se
Com cada pensamento que você tiver.


Ela fechou os olhos e ele pegou na sua mão.

- Imagine que alguém responda a seus pensamentos. Alguém que observa tudo o que tem acontecido e que também ficou indignado...

Uma luz muito forte brilhou e veio na sua direção.
Mesmo de olhos fechados, o efeito foi muito intenso,
Como nas aparições de Priti e algumas de Deborah,
Mas com cores e sons, dessa vez.

"- Nós temos observado sua terra
E uma noite nós faremos um contato..."


Pouco acreditando no que acontecera,
Sua cabeça girava e seu coração batia rápido e forte,
Como se estivesse numa montanha russa,
Logo naquele momento de descida.

- Hein? Que foi?
- Acorde, Ana. Você dormiu antes do jantar.
- Dormi? Foi sonho?


Mago Merlin... relembrando Carpenters... aquele que observa, mas continua por aqui como sempre.

4.8.10

Um conto de um dia frio

Depois de servidos de muitos sanduiches,
Além de chocolate quente, preparado com uma antiga receita
Da muito e muito velha avó e que a velha mãe também fazia,
Ana, Adrielle e o Guri resolveram montar uma “cabaninha” e contar histórias.

Nem notaram o movimento dos yetis lá fora...
Sim, a neve caiu não muito distante
E eles pediram que o Dragão os guiasse até o local,
Onde juntaram alguns sacos das estrelinhas de gelo.

Embaixo do enorme lençol esticado por sobre cabos de vassoura,
Pijamas de grosso moleton, com desenhos de temas diversos,
Gorros, luvas e meias de dedinhos coloridos
Completaram o visual do acampamento improvisado.

- Nossa, Adrielle, dessa vez você exagerou! – reclamou o Guri.
- É, mas Ana também deu uma ajudinha...
- Eu? Quem ficou magoadinha foi você!
- Ah! Tá! E você nem aproveitou né? – todos riram.


De volta ao quintal, muito bem agasalhados,
Dispensaram o Dragão com medo que ele espirrasse,
E começaram a juntar a neve em bolas grandes,
Para criar uma surpresa para as crianças de manhã.

O assunto estava animado e Ana começou a explicar,
Que talvez com o frio a ficha caísse e ela conseguisse cumprir sua missão:
- Bolas! Ela não encontra o fim do arco-íris, não consegue ter seus sonhos transformados em realidade e não consegue concluir que não dura um dia sem ele por perto!

Uma bola maior na base, outra menor no centro
E outra menor ainda servindo de cabeça.
Começaram a enfeitar com os outros adereços,
Só que o Dragão, muito curioso, resolveu dar uma espiadinha.

O Guri, pelo seu lado, estava bem tranquilo:
Com frio ou com calor nada mudaria,
As coisas estão bonitas e tranquilas
E ele sabe que não adianta ter pressa pra continuar a contar aquela história.

Uma pena perdida de quero-quero foi o suficiente:
De forma certeira, a narina direita do Dragão foi atingida
E saiu yeti voando pra tudo quanto é lado, depois do estrondoso espirro.
- Nãooooooooooooooooooooo!!!!!!

Com tanta reclamação do Guri, Adrielle resolveu facilitar um pouco
E pegou uma caixinha de madeira de onde tirou três esferas metálicas
Que flutuaram, ganharam mais brilho
E aqueceram o iglu onde eles estavam.

- Eles não estavam brincando de “cabaninha”? – perguntaria Olhos Azuis.
- Iglu ficou mais adequado! – responderia o Mago.


Desolados, molhados e chamuscados,
Os yetis olharam para o Dragão
Que, algo envergonhado, só conseguiu dizer uma palavra:
- Ops!

Já mais quentinhos, foi a vez de Adrielle:
- No meu caso, magoadinha foi pouco, mas não vou dizer como fiquei. Ela bem que sabe que um toque dele e seus problemas desaparecem e ela até pode ficar cantando de alegria; se sente bem e indestrutível, mas.... caramba... ela não muda!

Eis que, de repente, um estrondo e um apagão.

- Adrielle, de novo não!
- Ei, sem essa, não tenho nada com isso. Foi algo lá fora!
- Vamos ver então.


Um boneco de neve, procurando terras mais quentes,
Caira que nem a Estrelinha, bem no jardim do Mago.
Se bem que também esbarrou nos fios de energia
E tudo escureceu...

- Que lugar é esse? É a Bahia?

Esclarecido de sua localização,
Agradeceu o convite de hospedagem,
Pediu um chocolate quente e foi servido.
Despediu-se e concluiu:

- Obrigado por tudo. Estou procurando uns pinguins. Aqui é muito frio. Vou é pra Bahia! Fui..................

Mago Merlin... apesar do frio, mantem o bom humor... aquele que sempre esteve aqui!

3.8.10

A História da Coca

“Lá pras bandas de não sei onde,
Um menino foi passear no mato
E encontrou uma abóbora redonda, grande
Que naquele tempo, tinha o nome de coca.”

Na falta de mais o que fazer,
Os yetis, com gorros e jaquetas,
Separaram uns galhos, uma cenoura, alguns botões enormes
E um casaco grande, que encontraram perdido num baú velho.

“De uma coca fiz angu,”

Apesar do humor de Adrielle ter melhorado
E andar até já esquecendo do ocorrido,
O feito não pode ser desfeito
E agora só resta mesmo esperar.

"De angu fiz sabão...”

Novos preparativos:
Apesar de ser final de lua nova,
O Mago verá o velho pai
E depois seguirá para a muralha.

“De sabão fiz uma navalha,”

Aniversário de Sininho...
O tal aniversário que seria mais um convite,
Que talvez deixasse Adrielle feliz,
Mas que, agora, não será mais feito.

“De uma navalha fiz um cesto...”

- Ah! Mas neste mês o Velho Pai tem duas comemorações, né? – Ana interrompeu o Narrador.
- Por isso ele também irá vê-lo, no meio do caminho! – ele respondeu.

“De um cesto fiz um pão,”

Os yetis continuaram firmes fora da casa
Olhando atentamente para o céu.
Material já preparado, só falta a prometida neve,
Porque o frio já é francamente polar.

"De um pão fiz uma viola...”

E enquanto mais nada acontece
O que interessa é que novamente ele cantou com a Karen,
Não sem antes ela contar uma história
De um tal menino que era só indecisão.

Melhor então ficar com o abraço sincero que ele recebeu,
Pois de indecisões e vacilos ele já está saturado,
A menos que seja uma história singela
Contada e cantada no meio das antigas cirandas...

Vamos comer um sanduíche?

Mago Merlin... ode a Bia Bedran... aquele que sempre esteve aqui.

1.8.10

Sempre será inesquecível

A chuva ainda durou a noite inteira
E, pela manhã, trovões dividiram o barulho com os quero-queros.
Ana levantou cedo e desfez a mesa de café
Que Adrielle preparara, com todo esmero, desde a véspera.

- Ei! Ainda não tomei café! – exclamou o Guri que chegara com o Narrador.
- Deixe quieto, Guri, e dá teu jeito. Preciso desmontar a cena!


O Guri, algo atônito, olhou para Narrador
Que também nada entendera,
Fez um sanduiche e foi trocar a roupa
Toda ensopada de chuva.

O dia passou, Ana explicou a situação para o Guri,
O Mago concentrou-se em consertar a bola de cristal antiga,
Adrielle não falou absolutamente nada
E o Narrador reuniu seus escritos, pra ver se continuava alguma história.

Horas mais tarde, aparece Adrielle
Que senta ao lado do Mago e deita sua cabeça em seu colo.
Ele afaga seu cabelo e assim fica durante um tempo,
Quando ela, então, quebra o silêncio.

- O que eu fiz de errado?
- Você só fez coisas bonitas e certas.
- Mas por que não funcionou?
- Claro que funcionou! A casa ficou toda arrumada, a dispensa está repleta de coisas que nunca tivemos e, com isso, o lanche de vários dias está garantido.
- Não foi disso que eu falei.
- Você teve muito carinho, delicadeza e cuidado ao fazer todas essas coisas e isso é o que importa, pequenina.


Um corre corre, almofadas voaram pra perto do fogo,
O Narrador, com seus papéis na mão, pediu a atenção.
Todos sentaram bem juntinho, para ficarem mais aquecidos
E Adrielle preferiu continuar no colo do Mago.

Era uma vez, o tal do conto de fadas que não terminei!

- Senta que lá vem história! – diria aquele amigo Aprendiz;
- Ufa! Hoje alguma coisa continua! Já era hora! – diria a Fada dos Olhos;
- Ahahahahhahahahahhaha! – exclamaria o (K)Clown!


Então...

No momento que os dois lados foram iluminados,
Duas irmãs bruxinhas seguiram com os raios de luz da lua,
Cada uma para cada ser distante...
Cada uma com uma missão!

Do lado do castelo, havia indecisão e medo.
Do lado do jardim, havia incerteza e medo também.
As duas irmãs bem que tentaram e tentaram,
Mas o planetinha se moveu, a luz se apagou e nada mais aconteceu.

- Bom... Foi... Pelo menos terminou a história! Se bem que... Fui! – diria a Fada dos Olhos.

E talvez o (K)Clown e até o Aprendiz, invocariam um daqueles “momentos inesquecíveis”:

“Contam nossa história
De tristezas e glórias
O poema mais bonito
Que eu já li...
É... você tá em todos os momentos que eu vivo
E que eu desejo.
É... você impregnou na minha carne, nos meus sonhos
E agora não tem volta
Eu preciso te viver.”

Adrielle esboçou chorar mais uma vez,
Mas o Mago transformou suas lágrimas em estrelinhas
Que brilharam a volta de seus olhos castanhos
E fizeram brotar, novamente, seu lindo sorriso.

- Vamos lanchar?

Mago Merlin... aquele que sempre esteve aqui!

Bridge Over Troubled Water

- Beatriz! Controle sua irmã ou teremos novo apagão.

Bem recebido, como sempre,
Logo um lugar bem na frente foi cedido para ele,
Enquanto Adrielle brincava, invisível, com alguns querubins
Que voavam de um lado para o outro.

A seguir, num outro local próximo,
Amigos reunidos, num lauto jantar,
Saudaram o jovem casal e seus familiares
Ao som de muito e muito antigas canções...

- Adrielle, abra a porta!

Após algumas horas de bom divertimento,
Na agradável companhia dos novos amigos,
O Mago retirou-se, saudando a todos
E sem usar o armário, como antigamente.

Só que, nesse momento, Adrielle se tocou
De que tudo que se passara fora novamente uma mentira,
Daquelas totalmente desnecessárias e sem propósito
Que fizeram o menino, de quem tanto gostava, ir embora.

Uma ventania levantou poeira e folhas secas
E logo uma tempestade varreu toda a estrada,
Obrigando o Mago a manobras delicadas,
Para manter o coche equilibrado.

- Deixe, Beatriz. Eu mesmo falo com ela.

Ana se afastou, também indignada,
E foi pensar o que fazer do outro lado,
Já que por lá nada acontece,
Independente dos seus esforços.

A porta abriu e ele entrou.
Ainda com seu vestido de festa,
A menina estava sentada na cama, muito emburrada,
Com a discreta maquiagem borrada por algumas lágrimas desperdiçadas.

“Quando você estiver cansada,
Se sentindo pequena, eu estarei perto de você.
Quando houver lágrimas nos teus olhos
Eu irei enxugar todas elas.
Eu ficarei ao teu lado se a escuridão chegar
E serei como uma ponte segura sobre águas turbulentas.”

- Vamos tomar um chá?

Mago Merlin... caramba... aquele que continua por aqui... como sempre.