1.4.07

A Casa de Guerra

Quando as lendas são contadas por seres do bem, o Mago reverencia...

"Então havia, não muito longe, aquele lugar...

Seu destino era ser uma Casa de Guerra, onde guerreiros seriam treinados para lutar na Maior de Todas as Guerras que, por sinal, acontecia todos os dias.
Eles seriam a elite, aprimorariam sua arte contra quaisquer inimigos e a paz estaria garantida.
O que eles não contavam é que o Mal se tornasse o gerente e o que aconteceu todos viram, inertes, pois era inevitável.
Não é à toa, que o nome do lugar lembrava "prisão", "imobilidade", "castigo"...
A Grande Loba também ronda por lá, bom local de caça para quem tem uma alcatéia a manter. Ela vê os outrora orgulhosos guerreiros serem substituídos, aos poucos, por mercenários inexperientes... E o que restou dos antigos, transformados em gladiadores, combatendo num picadeiro, para deleite de imorais.
Ela os vê lutando com armas obsoletas e escudos de papel... mal nutridos, mal cuidados, sem descanso ou segurança nem em suas celas onde, por vezes, são atacados por alguém da platéia ou por alguma fera do próprio Circo, solta. Ela escuta seus lamentos, sente o cheiro de sangue...e se pergunta:"Por que continuam?"
Ela mesma se perguntava, às vezes, por que continuar...mas o instinto falava mais alto e ela prosseguia a caçada na noite.
Às vezes em volta das fogueiras onde tentavam, em vão, descansar ou se aquecer, os gladiadores contavam uma antiga lenda de antes "Daquele que voltou dos mortos" comandar a Casa.
Era a lenda de um Mago que uma vez tomou conta da Casa. Foi o único que tentou fazer algo que desse dignidade àquele lugar, mas nem ele suportou a Fúria. Foi sábio e retirou-se na hora certa, antes que o mal o consumisse e, assim, tornou-se apto a lutar em outras batalhas e inspirar os que ficaram a lutar por si. Sabedoria, às vezes, consiste em não entrar de mãos nuas num incêndio, mas analisá-lo de longe para ver como apagá-lo de uma vez ou sobreviver na segurança, se nada mais pode ser feito, além de esperar o Tempo revelar a solução...
Sua digna retirada, até hoje, não é interpretada, pelos que ficaram, como "Fraqueza" e sim como "Coerência", e isto a Loba ouviu. E ouviu do "Ressurecto" palavras de conformismo e mentiras caridosas.

A Loba escuta e uiva para a Lua... não à toa, como alguns pensam que é uivar para a Lua.
Uiva para que a Lua conte ao Mago que ele faz falta, que seu ensinamento foi aprendido e que algo se mexe nas brumas, é perigoso...e é muito bom!"

Grande Loba... a que anda no escuro, tudo vê e escuta, nada esquece...

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