30.4.07

Procura-se minha Esperança

Alguns visitam a casa do Mago e se identificam com os contos... desta vez foi o Mago que fez uma visita e reverencia a história contada pela Menina das Cores de quem tanto ele já falou...

"Começou como um conto de fadas. A brisa leve entrava pela janela, movia o cata-vento em cima da escrivaninha e acabou trazendo consigo um barulho de asas. A princípio achei ser a minha imaginação, mas repetiu-se e repetiu-se...
Foi assim. Ela entrou pela janela numa noite em que eu não estava muito bem. Lá estava eu com minha fé machucada enquanto ela pulava agitadamente pelos espaços do meu quarto.
Talvez quisesse chamar minha atenção. A minha descrença e a solidão já eram tamanhas que resolvi dar a atenção que pedia. Sorri por alguns segundos. Dizem que a esperança traz consigo soluções.
Acreditei por alguns segundos até perceber o quanto ela era pequena, frágil e, de tão inquieta, deduzi que não estava bem. Lamentei comigo mesma. Era isso... Tudo estava tão errado que até a esperança que me havia sido enviada estava machucada. Podia ter tido qualquer reação. Ignorá-la, espantá-la, tentar incorporá-la completamente. E tudo que consegui fazer foi ficar olhando, olhando, até começarmos a conversar. Não que ela fosse de muitas palavras, pra ser sincera, não disse nada. Mas entendi que seu silêncio era diferente de muitos outros silêncios aos quais me habituei. Ela me ouviu atentamente até que eu entendi o que devia ser feito. Eu tinha que ajudá-la, tinha que fazer com que ao menos aquela esperança conseguisse sobreviver. Tarefa grande demais pra mim, talvez. Estudei um pouco sua espécie, sua raça, seu credo. Fui tão longe que até retirei da minha própria lembrança alguns nomes estranhos pra uma esperança tão fraca. Ofereci alimento, ela precisava ficar forte. Não aceitou. Continuamos a conversar até que ela, para o meu espanto, começou a deliciar-se com o banquete de forças. Chorei. Foi bonito, meio sublime. As lágrimas simplesmente despencaram. Não sei se chorava por mim ou pela mágica. Não faz muita diferença. Tive uma companheira pela noite. E no dia seguinte tiramos fotos, nos divertimos, rimos, compartilhamos alguns medos. Certo é que durante a noite tive uma força que não tinha há muito tempo. Depois de fitar o céu por horas a fio, escrevi tudo que vinha a minha cabeça, esvaziei muitos e muitos pensamentos. Deixei alguns guardados, mas sei que, quando fui dormir, lá estava ela do lado da minha cama... Lá estava minha esperança...
Adormeci. Sonhei muitas coisas das quais não me lembro e acordei com um som diferente de tudo que eu já ouvi. Era baixo, triste, melancólico. Por alguns segundos eu pensei comigo que aquele era o som que definia exatamente todo o meu ânimo nos últimos dias. Se existissem Fênix acredito que seu canto seria como aquele. Mas só me dei conta de que tudo aquilo era real alguns segundos depois e, no choque de realidade, levantei-me assustada pensando se minha esperança estava bem, se era ela que estava cantando, se eu não estava machucando-a. Mas o som cessou exatamente na hora em que levantei. Sumiu. Minha esperança havia desaparecido. O quarto estava fechado, sem nenhum espaço pelo qual alguém daquele tamanho poderia fugir. E ela não estava em lugar algum. Não adiantou procurar, não adiantou chamá-la. Ela simplesmente sumiu. Sumiu como seu canto.
Seu nome era Elyan"

Emi... longe demais das capitais...

28.4.07

O Feitiço

Enquanto na cidade, o Mago esteve com o eremita...
Com ele trocou idéias e discutiu alguns mistérios...
Falou com a Grande Loba também
E preparou-se para o caminho da festa.

Sim, aqueles que se diziam reis, fizeram novamente uma festa
E chamaram o Mago...
Desta vez, não para comandar e sim para ajudar...
E ele aceitou, mais uma vez, mas somente por um dia.

Nos demais, seria algum ser comum...
Para observar, se divertir igual aos outros...
Sem, claro, invadir aqueles tais portais dimensionais
De onde a volta nem sempre é fácil.

Mal podia imaginar que, de repente, ja transformado,
Enfrentaria tantas intempéries...
O céu de lindo azul, começou a escurecer...
Nuvens carregadas, trouxeram o vento e a chuva...

Horas parado no caminho agora escuro...
Queria chegar logo, descansar um pouco...
Abrira uma porta, mas por ela o frio cortante
Fez doer seu coração.

Esquecera do feitiço antigo
Que a bruxa (um dia dama) do lago lançara no passado...
O qual já enfrentara diversas vezes
Mesmo sem saber como o fazer.

Conseguiu chegar, todo molhado da chuva...
Até animado, apesar de exausto...
Mas o feitiço continuou e o obrigou a dormir...
Sozinho... Com sua dor...

Acorda no dia seguinte...
Vê a chuva fina que persiste,
Mas vai a festa assim mesmo
Pois hoje não será somente um ser comum...

Mago Merlin... esperando o menino acordar e entregar a Rosa pois a Lua voltou a chorar como previra... mas estará sempre por aqui!

23.4.07

Essência Imortal

Era uma vez uma elfo que tinha o dom da música... e lançava um encanto em todos que a ouviam...

Quando a Bailarina soube que a elfo viria pra cidade
Logo chamou o Mago, aquele que sempre está aqui,

Para acompanhá-la nessa aventura.
Providenciou, para ele, vestes adequadas
E assim partiram na direção da planície, onde ela mostraria suas canções.

Na última hora, convidou também a Bruxa da Estrelinha Azul...
Esta tem o dom da cura através do toque das mãos
E também tem o dom da transformação,
Pois transformou o Mago em um rapaz condutor (para agradar sua avó)
E encheu de brilho a amiga Bailarina...

Várias tribos reunidas na planície...
Novos e antigos seres, esperando o grande momento
Onde o doce sacrifício da espera
Seria recompensado com um sonho final...
Trazendo aqueles que necessitam, de volta a vida...

E assim foi...
As tribos gritaram e saudaram a bela elfo
De olhos azuis e cabelos negros
Que encantou a todos
Com sua imortal essência...

Mago Merlin... agora já novamente transformado em um ser comum... esteve lá com a Bailarina e a Bruxa da Estrelinha Azul... mas continua sempre aqui!

22.4.07

Pequenas Maravilhas

E naqueles contos de fada estão as pequenas maravilhas que iluminam nossas vidas...

Exausto... assim estava ele ao cruzar o portal.
O Mago o vira, assim que recebeu o anel de Alice,
Através de um raio multicolorido
Que iluminou a parede logo à sua frente...

Passou pelo guardião (aquele baixinho de outro dia...)
E procurou abrigo em um castelo mágico de papel (desenhado por aquela menina...)
Nem os brinquedos dos gnomos e duendes o animaram...
Na mão, o troféu da luta com o dragão...

Do armário, então, saiu o Mago.
- Feliz, menino? - perguntou.
- Sim, porém em vão... a Lua ainda está em crescente e logo vai chorar novamente...
- E você não vai estar lá? Afinal, não era pra isso que você queria a rosa?

O menino não respondeu... caíra no sono...

O Mago, então, colocou a rosa em uma bolsa azul de tecido suave...
Junto, a pedra verde que ganhara no longínquo vilarejo
E falou bem baixinho:
-"Que o encanto do sonho dure pra sempre, pois amar sempre será difícil, mas desistir do amor sempre será impossível."

Mago Merlin... hoje escrevendo um conto com personagens conhecidos, mas é só mais um conto de fada. E os novos aprendizes receberão o encanto final, mais uma vez, com a presença do velho mestre que também sempre estará aqui!

17.4.07

Devaneios

Depois de ver os novos e os pequenos aprendizes competirem
E ficar feliz por matar as saudades,
O Mago divide-se em dois e parte para a cidade
Onde também é aprendiz (de certo modo) e observador...

Deixa uma parte na montanha, pois sempre estará aqui
Perto daqueles que pensam nele,
Que brincam com ele,
E que cantam e choram também!

De carona, acredita ter levado Elyan,
Pois a viu no capô de seu carro (ah! Magos às vezes usam essas coisas...)
Ela sumiu também, mas trouxe uma mensagem da menina das cores...
Mas isto é história pra outro dia...

E ele segue pensando na partitura de andorinhas,
Em lá maior...
Mas não entende o que as flores querem dizer...
Uma ignora, outra olha pra esquerda e outra segue em frente...
O que será que a fada de Alice viu nelas?

Muitos mistérios, assim com o tempo (porque será que ainda não faz frio?)
Desta vez, aquele que tem nuvens
Que andam escondendo a Lua,
Que anda chorando também (o choro da dúvida)...

Na luta contra o Dragão, está vencendo o menino (o outro, não aquele da princesinha)
Sumido este, está ocupado... aparecerá na hora certa...
Outra luta é travada na terra do gnomo e da princesa do Mago
Contra as incertezas do dia a dia e contra forças do mal...

Enfim, coisas da cidade
E da montanha também...
Pois o contraste dos mistérios
É o que leva a vida adiante.

Mago Merlin... em devaneios... vendo as lutas daqueles que amam para conquistar seus sonhos... desejando sucesso pra bruxinha de verde que faz aniversário amanhã... e continuando sempre aqui!

14.4.07

O Teste da Fronteira Transparente

Quando o Mago conheceu a menina das cores,
Conheceu também outra menina...
Uma que risca e rabisca
E tem o dom do desenho,
Por onde transmite seus pensamentos.

Outro dia, em sonhos,
Esta menina encontrou um portal...
Uma fronteira transparente... limite entre o acordar e o País dos Sonhos Verdes.
Lá havia uma folha de papel e um lápis mágico multicolorido
Que permitia que os desenhos tomassem forma real.

Logo na entrada, havia um ser baixinho
De barba verde e cabelo roxo...
Um desses seres que não tem definição
Que estava sentado em um banquinho cor de abóbora
Para não perder a esdrúxula combinação de cores...

- "Para passar, tem que resolver o teste". - disse para a menina.
Sem muito entender (afinal, que teste era esse?), a menina pegou o lápis,
Desenhou uma pedra, uma folha de papel e uma tesoura
Entregando a seguir para o baixinho
Que sentado estava, sentado continuou.

Então ela falou: -"Você escolhe um e eu outro".
Escolheu a pedra (acho que ele pensou que era o desenho mais forte)...
Ela escolheu a folha de papel... embrulhou a pedra e a jogou fora!
Sobrou a tesoura... usou-a, recortou a folha do desenho inicial como uma flor
E ofereceu ao baixinho!

Este agradeceu, sorriu e abriu o portal!
- "Seja bem-vinda ao País dos Sonhos Verdes...
Venha sempre que precisar".
E a menina acordou de seu belo sonho
Certa de que tal lugar, sempre estará por lá!

E a outra menina, a das cores,
Que andou usando vermelho,
Já voltou para o azul
E hoje aparece deitada em uma colcha de fuxico
Oferecendo uma flor para alguém de quem tem saudade...

Mago Merlin... contando histórias de sonhos... matando saudades dos novos e dos pequenos aprendizes que hoje competem entre si... contando pra eles, que ele sempre estará aqui!

8.4.07

Algum lugar do passado

E o Mago procura aquela trilha, velha conhecida...
Atravessa o túnel das árvores
E vai ter com os seus
Naquela fazenda do passado...

Tranforma-se em antigo menestrel
Para recordar velhos e bons tempos...
Descobriu onde foi parar o púcaro
E conhece um sabiá!

Pássaro misterioso
Que bate na janela todas as manhãs.
Parece querer entrar...
Abre-se o caminho, mas continua o mistério.

A chuva só apareceu quando voltou para a montanha.
Chora de novo a Lua? Que aguarde o menino...
Pois a rosa ela há de lhe entregar
Para acabar de vez com seu choro.

Enfim, encontrar coisas do passado
Para comemorar a ressurreição
Das coisas que sempre estarão lá
Assim como o velho Mago.

Mago Merlin... ouvindo os mistérios da velha canção de outros menestréis... aquele que sempre estará aqui!

7.4.07

Outono

A noite acaba e amanhece na montanha.
Nuvens impedem o sol de brilhar
E uma chuva fina e uma brisa (aquela que o vento sempre quer se transformar)
Amenizam o calor que andava por aqui...

O Mago reflete, no início do outono...
Onde está a razão, de quem o tempo é o senhor?
Procura os murmúrios e o perfume das flores
Na canção de antigos menestréis.

Ele segue pensativo...
Feliz? Com certeza...
E encontra o menino...
Este feliz também, pensando em enfrentar o dragão...

- "Mas o feitiço foi para o outro" - disse o Mago.
Se bem que não funcionou com aquele da Princesinha
Pois havia um contra-feitiço do medo e da dúvida...
O Mago ainda pensa em transformar a Princesinha em menina da floresta...mas isso é outra história, para outro dia...

- "Mesmo para o outro - disse o menino - vou buscar a rosa!
Quem sabe não chego mais cedo...
Tranco o armário ou vou junto também...
O outro dia há de chegar e a luz da Lua, em prata e porcelana, brilhará para mim!"

Enfim, é outono...
Folhas parecem tristes mas abrem lugar para outras mais novas
E inspiram coragem para não fechar os olhos
E seguir sempre em frente...

Mago Merlin... vai passar pela trilha e guiar o menino por ela... mas continuará sempre aqui!

1.4.07

A Casa de Guerra

Quando as lendas são contadas por seres do bem, o Mago reverencia...

"Então havia, não muito longe, aquele lugar...

Seu destino era ser uma Casa de Guerra, onde guerreiros seriam treinados para lutar na Maior de Todas as Guerras que, por sinal, acontecia todos os dias.
Eles seriam a elite, aprimorariam sua arte contra quaisquer inimigos e a paz estaria garantida.
O que eles não contavam é que o Mal se tornasse o gerente e o que aconteceu todos viram, inertes, pois era inevitável.
Não é à toa, que o nome do lugar lembrava "prisão", "imobilidade", "castigo"...
A Grande Loba também ronda por lá, bom local de caça para quem tem uma alcatéia a manter. Ela vê os outrora orgulhosos guerreiros serem substituídos, aos poucos, por mercenários inexperientes... E o que restou dos antigos, transformados em gladiadores, combatendo num picadeiro, para deleite de imorais.
Ela os vê lutando com armas obsoletas e escudos de papel... mal nutridos, mal cuidados, sem descanso ou segurança nem em suas celas onde, por vezes, são atacados por alguém da platéia ou por alguma fera do próprio Circo, solta. Ela escuta seus lamentos, sente o cheiro de sangue...e se pergunta:"Por que continuam?"
Ela mesma se perguntava, às vezes, por que continuar...mas o instinto falava mais alto e ela prosseguia a caçada na noite.
Às vezes em volta das fogueiras onde tentavam, em vão, descansar ou se aquecer, os gladiadores contavam uma antiga lenda de antes "Daquele que voltou dos mortos" comandar a Casa.
Era a lenda de um Mago que uma vez tomou conta da Casa. Foi o único que tentou fazer algo que desse dignidade àquele lugar, mas nem ele suportou a Fúria. Foi sábio e retirou-se na hora certa, antes que o mal o consumisse e, assim, tornou-se apto a lutar em outras batalhas e inspirar os que ficaram a lutar por si. Sabedoria, às vezes, consiste em não entrar de mãos nuas num incêndio, mas analisá-lo de longe para ver como apagá-lo de uma vez ou sobreviver na segurança, se nada mais pode ser feito, além de esperar o Tempo revelar a solução...
Sua digna retirada, até hoje, não é interpretada, pelos que ficaram, como "Fraqueza" e sim como "Coerência", e isto a Loba ouviu. E ouviu do "Ressurecto" palavras de conformismo e mentiras caridosas.

A Loba escuta e uiva para a Lua... não à toa, como alguns pensam que é uivar para a Lua.
Uiva para que a Lua conte ao Mago que ele faz falta, que seu ensinamento foi aprendido e que algo se mexe nas brumas, é perigoso...e é muito bom!"

Grande Loba... a que anda no escuro, tudo vê e escuta, nada esquece...