17.8.09

As Fadas jamais se casam com os Príncipes Encantados

Depois de dias perto do mar
O retorno foi sereno,
Se bem que demorei para encontrar a fada
De quem tanto senti falta...

Algumas corujas deixaram recados
Inclusive uma que veio do Guri, com uns escritos dele,
Mas preferi ler a mensagem de Sininho
E, hoje, vou colocar aqui a íntegra do seu texto...

“Era uma vez uma criaturinha muito delicada, de uma beleza tão grande, mas tão grande que quase fazia os homens chorarem de emoção quando a viam... seu corpo era poesia escrita por células e céu azul. O sorriso que se desenhava no rostinho dela era estrela brilhante, que aos homens cativava... os fios de cabelos negros, que o mar deu ondas delicadas, dançavam ao sabor dos ventos... E sobre tanta poesia pairavam dois olhos tão escuros e profundos que era possível se perder dentro daquele labirinto de mistério...”.
Filha da Lua, em noite de amor com o planeta Vênus, nasceu esta criatura de amor, luz e encanto a quem todos deram o nome de Fada.
A Lua queria por perto a sua mais nova filha, brilhando lá no infinito, junto de suas outras irmãs estrelas... e por isto, deu-lhe pequeninas asas que a levavam para toda a imensidão. E quando estava em companhia das estrelas, mal dava para distinguir quem tinha mais luz, pois sobre o seu corpo longilíneo repousavam vestes de um branco tão inocente, que perto das estrelas, virava puro brilho.
E para que ela jamais sentisse saudades das irmãs, levava consigo em uma pequena vareta de ouro, uma estrela... estrela que Vênus encheu de magia, e deu a ela o dever de cuidar das paixões humanas, concedendo o maior dom de todos aos homens: o amor.
Era a ela, então, que todos recorriam nos diversos momentos da vida, em busca de colo, de um pouco de amor, de um olhar encantado... e ela atendia à todos. 
Não havia um ser vivo que ela não ajudasse, que não encontrasse conforto em suas palavras amigas, ou poção mágica em seus encantamentos. Ela tinha dentro de si o poder do planeta do Amor, e o brilho da grande mãe Lua. E todos os céus, duendes e deuses encantavam-se com ela e estavam sempre por perto para ajudar.
Mesmo assim, a criaturinha encantada, a quem todos chamavam de fada, possuía um ar de tristeza no rosto e, vez ou outra, viam-na sentada à beira do lago da floresta, contemplando a sua face refletida no espelho d’água com lágrimas nascendo no canto dos olhos, mareados de dor, que desciam por todo o rosto, desaguavam na boca e caiam no infinito... Era uma dor tão profunda e ao mesmo tempo uma cena de uma doçura enorme - até mesmo a sua tristeza se transformava em poesia...”

“E um belo dia, sentada à beira do mesmo lago, ela confessou para a Vitória Régia porque chorava...
- Choro porque conheço os mais belos e nobres príncipes de todo o universo, e eu mesma já os fiz casar com as princesas mais bonitas, promovendo a felicidade eterna. Eu mesma já fiz brotar amor onde apenas a guerra e a tristeza governavam. Foram estas mãos serenas e esta estrela encantada que deram ao homem o dom de Vênus e o brilho da Lua...
- Então por que chora, Fada encantada? Perguntou a Vitória Régia - Se você já fez coisas tão grandiosas e tão belas, se é você quem tem o dom de promover o amor?
- Choro, minha bela Vitória Régia, porque mesmo dando tanto brilho ao mundo com o amor que promovo, eu mesma nunca provei desta poção mágica a quem todos chamam de amor... eu nunca poderei saber que gosto tem este encanto, qual cor é o seu brilho... Porque sou uma Fada, eu ajudo os outros a amar, eu promovo o amor, este é meu dom, mas não sei amar... As Fadas jamais se casam com os Príncipes Encantados... 
E desde aquele dia não se viu mais a Fada, que triste e chorosa, refugiou-se no coração da floresta, longe dos olhos de todos. Os seus encantos ficaram para sempre adormecidos, e o amor perdeu para sempre o seu guardião.
Contam que à noite ainda se pode ouvir seu choro, vindo lá do meio das árvores. E é uma dor tão grande que até sua mãe Lua e as suas irmãs estrelas choravam, compadecidas... Porém, ela não podia fazer nada para aliviar a dor da filha, que teria de encontrar o seu destino sozinha - somente a Fada será capaz de compreender a dimensão do amor para poder se curar da sua tristeza... e traçar o seu caminho...
Enquanto isto não acontece, para que a sua filha Fada não se sinta tão sozinha nos seus momentos de tristeza infinitos, a Lua conversou com as Nuvens que, à noite, mandam a Chuva para lhe fazer companhia em seu pranto; e a Fada continua a chorar a sua dor, na companhia das gotas d’água..."


E Carolina adormeceu, antes mesmo que eu terminasse de contar a história...

Mago Merlin... essa história agora não ficou para outro dia... aquele que sempre estará aqui!

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