28.12.09

A Dança

Passava um pouco da meia-noite
Quando a lua surgiu por entre as nuvens.

- Trouxe um chá. Ajudará um pouco.
- Obrigado, Emily.

Passara a noite quase em claro,
Vendo o movimento do céu,
O passar das nuvens
E o silêncio da dor.

Procurara palavras, lera livros,
Um grito engasga na sua boca...
Procurara forças, onde não as tem,
Encontrara alento numa voz que viera de longe.

"Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo secretamente, entre a sombra e a alma."


Aos poucos, o dia preguiçoso
Afasta a neblina da noite enluarada.
Encontrara as palavras que buscara,
Nos versos da dança de Neruda.

"Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascender da terra."


Pensa nela, dedica a ela,
Será somente para ela,
Ao contrário do que recebera,
Como adaga empunhada em seu coração.

"Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira..."


- Você não dormiu.
- Preferi a dor ao sonho. Hora de ir embora.
- Esperará o Mago?
- Irei sozinho.

Mago Merlin... hora de seguir viagem... aquele que sempre esteve aqui!

Nenhum comentário: