4.12.09

Valsinha

A valsinha de Debussy não saía da sua cabeça.
Mínimas, semínimas e semifusas,
Na quarta ou quinta oitava do piano,
Estudo desconhecido até então.

Procurara a “Claire de Lune”,
Mas achou essa outra, tão linda,
Que lembrara o sorriso da flor que idolatra,
Assim como seu caminhar distribuindo estrelinhas...

Ele prestou atenção, mas ela não veio.
As meninas, tristonhas por não saber o que fazer,
Desmancharam a mesa de almoço, preparada com carinho,
Para que ele sofresse menos, pois não foi utilizada.

Durante horas ele ficou assim: em silêncio e pensando.
Entregou um bilhetinho à fiel corujinha,
Para que chegasse, pela manhã, à sua dona,
Talvez somente para dizer que ainda estava aqui...

Esperou...
Sabia que ela se materializaria mais tarde,
Mesmo que não fosse para falar com ele,
Pois outro recebe seu sorriso e também as suas juras.

E assim se fez:
Ele ignorou a possível outra presença,
Que lhe traria mais uma dor (do ciúme),
Preferindo somente falar durante um tempo.

Não consegue ter mágoa,
Só consegue sentir dor.
Essa dor dos contos de fada,
Onde nunca se sabe se o final será feliz.

E dessa dor ele não quer se livrar,
Quer sentir até o final,
Mesmo que tenha pedido que ela desse um fim nisso,
Destruindo de vez seu coração.

Seguirá quieto, ouvindo o toque do passarinho na janela,
E as notas suaves do piano...

Mago Merlin... aquele que segue por aqui também, como sempre.

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