4.1.11

Instinto

- O que ele tem?

Em dado momento ele somente pensou em se defender.
Nem sabia direito do que, mas foi muito rápido;
No afã da agressiva tristeza que ele combatia,
Pouco ou nada seria feito de outra forma.

Seus atos seriam de total impotência,
Frente ao desconhecido fibrilar do coração partido,
Onde faltou a voz, não houve mais ar
E a tranquilidade deu lugar ao instinto de sobrevivência.

Sobreviver à sua ausência, mais uma vez,
Mal sabia ele que doeria muito mais,
Que ele sucumbiria em prantos em pouco tempo,
Pois a dor que sente nem se compara à dor que causou.

- Eu não deveria ter trazido o menino de volta.

A falta que sente da sua companhia,
A tortura de olhar para o presente exposto na bandeja,
A dor do silêncio e da solidão eterna
São unidas ao que foi rejeitado pelas almas cúmplices.

E na pureza de tal cumplicidade,
Onde tanta coisa foi dita, pensada, sentida,
Não existe lugar para orgulho ferido,
Pois a lesão foi tão extensa que a cura deixará cicatrizes.

Ele conhece tudo isso (já aconteceu outra vez);
Luta com todas as suas forças para sobreviver,
Procura abrigo, mas deseja somente um colo;
O seu colo, o seu carinho, o seu amor.

Adrielle, então, segurou suas mãos,
Beijou-lhe a testa molhada de um suor febril,
E nada falou, somente chorou,
Pois toda sobrevivência vai depender de sua partida.

- Ainda vou fazer alguma coisa, mana. – disse Ana.
- Ajudarei você de alguma forma. – concluiu Deborah

“I know nothing stays the same
But if you're willing to play the game
It will be coming around again”

Mago Merlin… aquele que sempre esteve aqui!

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