22.1.11

Amei-te por te amar

Dessa vez olhei para o horizonte,
Na beira do mar, como da outra vez,
Mas preferi somente observar
O pouco de céu azul que assim lá apareceu.

O dia chuvoso estava bem quente
E o vento não trouxe o frio;
Nem mesmo quando a água chegou aos meus pés
Trazendo as energias do oceano escurecido.

Já não penso tanto no seu sorriso
E muito menos nos doces caminhos que trilhei,
Para encontrar seu coração e tocá-lo com candura,
Pois acabei descobrindo que ele era totalmente impenetrável.

Oferto, então, aquelas palavras
Do antigo pensador Fernando,
Que um dia amou só por amar,
Quem sabe... assim como eu.

“[...]E hoje pergunto em mim
Quem foi que amei, beijei
Com quem perdi o fim
Aos sonhos que sonhei...
Procuro-te e nem vejo
O meu próprio desejo...

Que foi real em nós?
Que houve em nós de sonho?
De que Nós fomos de que voz
O duplo eco risonho
Que unidade tivemos?
O que foi que perdemos?

[...]Como houve em nós amor
E deixou de o haver?
Sei que hoje é vaga dor
O que era então prazer...
Mas não sei que passou
Por nós e acordou...

Amamo-nos deveras?
Amamo-nos ainda?
Se penso vejo que eras
A mesma que és... E finda
Tudo o que foi o amor;
Assim quase sem dor.

[...]O que mudou e onde?
O que é que em nós se esconde?
Talvez sintas como eu
E não saibas senti-o...
Ser é ser nosso véu
Amar é encobri-o,
Hoje que te deixei
É que sei que te amei...

[...]Que importa? Se o que foi
Entre nós foi amor,
Se por te amar me dói
Já não te amar, e a dor
Tem um íntimo sentido,
Nada será perdido...”

- Veja Mago! Outra garrafa com um bilhete!
Ele sorriu, mais uma vez...
- O que deseja fazer com o bilhete, Adrielle?
- Pode deixar que, dessa vez, eu mesma entrego.
- Faça isso, então, Beatriz!
- Só você me chama assim...

Mago Merlin... ode a Fernando Pessoa... novamente na beira do mar, mas continuando por aqui como sempre!

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